Resident Evil Brasil 3 Parte 2

14 novembro 2010

Resident Evil
Brasil #3


-... Todas as capitais brasileiras já estão a salvo, segundo o 1º Major de Estado Maior do Exército Brasileiro. Além das capitais, mais trinta e duas cidades que faziam divisa com as capitais foram infectadas, mas já estão a salvo. A cidade que esteve na pior situação foi à cidade maravilhosa, o Rio de Janeiro, onde foram encontrados muitos “monstros”, segundo o nosso correspondente ao vivo Nino Silva, lá no Rio de Janeiro. – Pois é, como podem ver eu estou aqui no Rio de Janeiro, e como podem ver a cidade foi arrasada. Muita destruição, vocês podem ver aqui ao meu lado carros pegando fogo, aqui mesmo no calçadão, e aquilo ali, onde estão aqueles soldados é um “monstro”, foi a única coisa que nos disseram, eu não posso nem chegar mais perto, todos os repórteres aqui estão impedidos de filmarem os tais “monstros”, mas são a prova de que realmente a tal empresa Umbrella existe. Bom, nós não poderemos mostrar muita coisa, mas corpos são encontrados a todo minuto. O exército acredita que alguma equipe bem organizada e armada esteve aqui, porque corpos baleados são a maioria, inclusive os “monstros”, apesar de não ter restado um policial ou oficial vivo. É, é uma triste realidade que teremos que enfrentar daqui pra frente se ninguém der um jeito de encontrar e prender os responsáveis por este vírus que está terminando com a população brasileira. – E Nino o que você sabe sobre a população da cidade, já foram encontrados sobreviventes? – Sim, não será possível relatar a quantidade exata de sobreviventes que foram encontrados, mas realmente foram muito poucos muito poucos mesmo. O exército não divulgará logo o nome dos sobreviventes, somente depois que cada canto da cidade já tenha sido checado. Mas eu vou continuar por aqui, e a qualquer momento podem surgir informações, e eu sou Nino Silva, do Rio de Janeiro, para o Jornal Nacional.
- Rí, ríiiii... – riu-se Daniel olhando para a TV, sentado entre Felipe e Bruno. – e esses sobreviventes somos nós!
- Pois, pois...
Eles estavam em uma delegacia em Porto Alegre, para onde foram levados após serem medicados em um hospital em São Paulo. Eles estavam lá por que iriam ser interrogados sobre tudo o que passaram na cidade.
Era até bom o nome deles não ser divulgado na mídia, por que as pessoas já tinham se esquecido deles depois de Gravataí. Depois de Gravataí Daniel, Felipe e Bruno ficaram muito conhecidos em todo Brasil, e isso não foi bom, como o Capitão André disse. Só serviria para a Umbrella saber cada vez mais sobre eles, tanto que armaram a emboscada para eles no shopping. E logo depois que a Umbrella pegou Endo Oono de volta, após ele ter sido capturado graças a FEAU, após isso a mídia esqueceu-se totalmente dos três, só sabiam falar em Endo Oono, Capcom e Umbrella. E eles não queriam mais aquela “fama”, poderia servir para a Umbrella, o Capitão André tinha razão. Era melhor ficar nas escuras.
Fazia três dias desde que o exército os achou na favela, e por isso a família de todos eles estava a caminho da delegacia. Eles foram avisados que o pai de Alyssa que informou o exército sobre eles estarem na Favela da Graça. Já era noite do dia oito de fevereiro, e eles esperavam ser chamados para o interrogatório na delegacia, quando Felipe e Daniel se depararam com a porta da frente se abrindo e revelando um velho conhecido deles.
Era Alberto, o homem que eles viram ser mordido dentro da própria casa em Gravataí dois anos antes, o homem que disse que conhecia Resident Evil e sabia que o que estava acontecendo era um ataque do T-Vírus, e depois ele foi salvo depois pela FEAU, que ainda não se chamava FEAU.
Felipe e Daniel se olharam confusos, tentando imaginar o que o homem estaria fazendo ali... Será que ele sabia alguma notícia da FEAU para eles?
- Pai! – exclamou Alyssa levantando-se rapidamente com um forte sorriso na cara e correndo pela delegacia até Alberto, o abraçando e mais lágrimas escorrendo em seu rosto.
“Eu não acredito!” Foi o que Felipe e Daniel pensaram ao mesmo tempo. “Não pode ser!”
Bom, ela tinha dito que o pai dela morava em Gravataí, mas eles nunca imaginariam. Era muita coincidência! Estava explicado como que ele conhecia Resident Evil, ele via Alyssa jogar. Ela disse que adorava jogar Resident Evil Outbreak, talvez ele até saiba por que chamam ela de Alyssa. E desde o começo Felipe e Daniel se perguntavam como havia uma garota passando por tudo junto deles. Eles passaram um trabalho para convencer a família deles a deixá-los ir completar aquela missão para a Dados Corp; e ficavam imaginando como seria difícil para uma garota convencer a família a deixá-la ir para uma missão que arriscava a vida da filha da família. Mas quando Felipe e Daniel conversaram com ele antes de ele ser mordido em Gravataí, ele disse que estava velho demais para sair enfrentando o T-Vírus, mas que ele sempre quis, talvez ele desse apoio para Alyssa enfrentar a Umbrella, pois ele também acreditava em Resident Evil existir.
A mãe dela se levantou também, se aproximando e cumprimentando o ex-marido. Felipe e Daniel se levantaram para cumprimentá-lo, enquanto atrás deles Bruno se levantava também e Mauro dormia no banco. Andre estava assistindo as notícias na televisão com uma cara de tédio.
Eles cumprimentaram Alberto, que ainda tinha a mesma aparência e simpatia de quando Felipe e Daniel o conheceram. Depois todos voltaram para o banco, e Alberto, o pai de Alyssa esperava junto com eles chamarem para o interrogatório.
- Bom Vê-los novamente garotos, e você também filha! – ele falava com o braço por cima do ombro de Alyssa. – Legal saber que vocês continuam agindo contra tudo isso.
- Como o senhor sabia que nós estávamos na Favela da Graça? – perguntou Bruno esperando o homem responder que foi avisado por alguém da FEAU e que tinha boas notícias, mas quem respondeu foi Alyssa.
- Quando a gente foi no apartamento da minha mãe, e eu achei aquele bilhete da minha mãe, eu aproveitei e liguei pro meu paizinho querido, e avisei. É que vocês estavam nos outros andares, e depois eu tava chorando, aí esqueci de falar. Na hora só o Capitão André me viu ligar.
- Bom, garotos, prestem atenção. – disse o homem falando mais baixinho. Todos aproximaram os ouvidos para ouvir. – Ontem chegou uma carta na minha casa de um agente dessa equipe FEAU, eu acho que era um nome holandês. Por isso eu tentei chegar ainda antes das famílias de vocês. Na carta ele disse pra eu dizer tudo isso aqui pra vocês. Acho que não é pra vocês revelarem pra ninguém que estavam participando da equipe, eles não querem que ninguém saiba deles. – ele disse, com longas pausas cada vez que algum policial passava perto deles na delegacia.
- Isso nós já sabemos.
- Isso, então é o seguinte: Daniel e Felipe me conheciam de Gravataí, aí conheceram minha filha, ficaram amigos dela, e aí eu paguei passagens pra vocês irem até o Rio de Janeiro com ela e os outros amigos dela, que eram Mauro e Andre, e o outro, o João. Vocês foram lá com ela e a passeio, todos vocês, afinal é férias, não é. Quando perguntarem como conseguiram sobreviver se todo mundo morreu na cidade, respondam que foi sorte, ou que vocês ficaram correndo dos monstros e zumbis o tempo todo até o exército chegar. Se perguntarem sobre armas, digam que vocês acharam armas de traficantes mortos, e usaram para sobreviver. Falem sobre o João ter sido mordido, e que vocês sabem do T-Vírus por jogar Resident Evil. Expliquem tudo que souberem sobre o T-Vírus para eles se eles perguntarem, e digam que sabem tudo por causa dos games. Eles têm que acreditar que a Umbrella realmente existe, apesar de quê depois disso tudo é difícil alguém não acreditar ainda. Contem sobre irem junto com a Márcia para a casa da amiga dela, e que viram a amiga dela ser infectada também. Vocês só não podem falar nada sobre a equipe. Se perguntarem alguma coisa sobre a equipe anti-Umbrella que salvou Gravataí há dois anos, digam que depois de lá nunca mais viram eles. E a tal de Dados Corp, vocês não sabem o que é isso. Vocês se conheceram pela Alyssa, e conheceram Alyssa por me conhecer. Acho que é só isso, ok?
- Por acaso vocês são... Márcia Ferrão, Isabela Ferrão, Felipe Selister, Mauro Zefrer, Bruno Pereira, Andre Diógenes, e Daniel Gomes? – perguntou um homem com camisa social e óculos numa porta a esquerda deles.
Foi esse o homem que interrogou cada um deles. Foi uma beleza, só pediu para cada um individualmente em salas fechadas descrever cada minuto que passaram no Rio de Janeiro, perguntou como se conheceram, perguntou se não sabiam mais nada sobre a tal equipe anti-Umbrella, perguntou algumas coisas sobre o T-Vírus e a Umbrella, mas não perguntou nada sobre armas, não perguntou nada sobre Dados, e pareceu acreditar em tudo que eles disseram, que foi exatamente o que Alberto disse para eles falarem. Não foi usado nenhuma máquina de mentiras nem nada do tipo, parecia que ninguém ficou sabendo nada sobre o que aconteceu com eles no vilarejo São Miguel. Nem a TV não falou nada sobre o que aconteceu lá, foi tudo isolado. Talvez até hoje os corpos das pessoas que morreram lá ainda estivessem apodrecendo a luz do sol, e talvez ninguém nunca mais foi lá, o fato era que ninguém a não ser eles, sabia o que aconteceu naquele vilarejo.
Foi bom, eles foram bem convincentes, deu certo a carta que Wender enviou a casa de Alberto. Aquilo era para a FEAU continuar atrás das cortinas, e eles também. Se o governo descobrisse alguma coisa, eles iriam querer passar dias seguidos, vinte e quatro horas por dia fazendo perguntas até saberem tudo sobre a equipe, e talvez eles recebessem proteção do governo, mas os seis queriam acabar com a Umbrella junto com a FEAU, e a FEAU se terminaria, porque o governo poderia estragar todos planos da FEAU contra a Umbrella. Felizmente, a FEAU ainda era uma clandestina equipe secreta anti-Umbrella que não tinha nada a ver com os seis, pelo menos era isso que o governo e todas as pessoas achavam.
N N N
Por causa dos ataques do T-Vírus as capitais brasileiras, todas as escolas do Brasil só iniciaram as aulas em abril, para o governo ter um tempo até as coisas esfriarem um pouco e lugares serem reformados.
Os seis passaram as férias prolongadas inteiras esperando que o Capitão André ou Van Der Wender baterem na porta de casa de cada um, mas isso não aconteceu. Eles só conseguiam pensar nisso o tempo todo. Será que tinha acontecido alguma coisa com eles? Será que eles conseguiram chegar aos helicópteros sem serem pegos pelo exército? Será que algum monstro deu conta deles depois que entraram naquele bueiro? Será que a Umbrella fez alguma coisa pra eles? Todos esses pensamentos circulavam a cabeça dos seis o tempo inteiro.
Alyssa não contou pra ninguém o motivo de seu pai e sua mãe terem se separado, mas depois do que aconteceu com eles no Rio de Janeiro seus pais voltaram a viver juntos. Talvez tudo aquilo acontecendo com a filha os aproximou novamente, talvez eles sentiam que não podiam sair de perto da filha mais... E Alyssa acabou morando em Gravataí. A sua mãe não quis de jeito nenhum voltar a morar no Rio de Janeiro, e ela começou a morar com seu pai e sua mãe na mesma casa onde Alberto conheceu Felipe e Daniel, a mesma casa que ele sempre morou na frente do Estádio do Cerâmica.
Mauro continuou morando em Florianópolis, que foi pouco devastada pelo vírus. Muitas pessoas que ele conhecia de lá morreram, contando João, mas ele tinha que esquecer os momentos ruins e só pensar no futuro. Mauro até evitava passar perto da casa de João, pois João morava perto da casa dele antes deles entrarem naquela missão pela Dados. Mauro não era mais a mesma pessoa, ele amadureceu por ver João morrer e por depois saber que várias pessoas que ele conhecia da sua cidade morreram infectadas também, ele cresceu, já não era mais aquele Mauro tão brincalhão, que só abria a boca pra falar besteira. Ele aprendeu a dar valor as verdadeiras coisas, e saber à hora de levar as coisas a sério. Ele pensou até em cortar o cabelo, era hora de mudar...
Andre, que morava em São Paulo Capital, se mudou para uma cidade do interior do estado. Depois de tudo o que passou com os amigos, percebeu que eles realmente eram seus amigos, e foi a primeira vez que sentiu isso de coração desde que saíram do vilarejo São Miguel. Desde lá ele não considerava nenhum deles um amigo de verdade. E se decidiu que era hora de esquecer Karla, e voltar a ser o cara que ele era antes dela morrer. Bola pra frente, ele tinha que voltar a ser o “brincalhão que sempre foi, pois sem folgar em ninguém não tinha graça nenhuma pra ele.
Daniel, cada vez que queria sair de casa era uma briga com sua mãe, pois ela não queria que um dia ele chegasse em casa com uma arma na mão e um pé quebrado dizendo que matou mais mortos-vivos. Ele passou as férias inteiras mexendo no PC, ouvindo Rock and Roll, como de costume, e seu cabelo estava cada vez mais volumoso. Se ele o cortasse ninguém o reconheceria de primeira.
Felipe foi passar uns dias na casa de Bruno, e Bruno também foi passar alguns dias na casa de Felipe, passando o tempo inteiro jogando videogame e ouvindo muito Heavy Metal, para tentar tirar os pensamentos sobre a FEAU da cabeça um pouco. Eles não viam à hora de voltar às aulas para se distrair e parar de pensar um pouco em Resident Evil.
Todas as cidades atacadas se restabeleceram, a última foi Brasília, onde um sobrevivente encontrado pelo exército afirmou ter visto o Presidente Lula zumbi vagando pelas ruas da cidade, mas isso não aconteceu, o presidente está vivo, e acabou causando um grande transtorno no país inteiro. E desde que eles saíram do Rio de Janeiro não se ouviu falar mais nada sobre a equipe anti-Umbrella. Eles sumiram.
Era dia três de abril quando as escolas no Brasil inteiro resolveram iniciar as aulas em 2011. E foi além de um retorno, foi uma surpresa e tanto a notícia que os seis receberam no primeiro dia de aula.
Era o primeiro dia de aula, e Felipe estava no intervalo conversando com seus amigos na sua escola em Gravataí, falando sobre várias coisas, sobre as férias, e até sobre o que aconteceu com Felipe, mais uma vez ele sobreviveu ao T-Vírus. Ele estava com seus melhores amigos no recreio, e a rádio da escola, que costumava tocar música para os alunos durante o recreio estava tocando Charlie Brown Jr.
- Finalmente esse abobados botaram uma música que preste aí! – comentou Fighter, um xará de Felipe que era conhecido assim desde que entrou na escola.
- Aham. – concordou Felipe. – e que bom que agora a gente não precisa usar uniforme mais.
Ele estava no último ano do colégio, e aonde ele estudava os alunos do terceiro ano podiam ir a escola sem usar uniforme. Felipe sempre quis isso. Ele estava usando uma camiseta da banda Avenged Sevenfold, uma das suas preferidas.
- Vamos jogar um futebolzinho, cabeça? Tem gente jogando. – perguntou Lucas, o Twopac, o mesmo que estava junto com Felipe e Daniel quando eles mataram o Réjis Lycker, o dono do carro que eles explodiram para matar o bicho.
- Entón tá! – e foi para quadra com seus amigos, Figther, Lucas Twopac, outro xará conhecido como Bem-te-ví, Nickolas e Soneca, que eram os que faziam Taekwondo com Felipe, e Douglas, que era meio gordinho, mas antes mesmo que ele chegasse à quadra de futebol da escola, a coordenadora lhe chamou.
- Seu tio quer falar com você.
- Vê se volta logo cabeça, - Douglas falou – vê se vem e não fica lá de frescura.
Ele foi até o saguão da escola imaginando qual tio dele estava ali e o que ele queria, mas quando chegou lá viu o holandês de cabelo vermelho, Van Der Wender. Ele estava com uma aparência triste e abatida, e estava se passando por tio de Felipe. O “tio” dele falou com a coordenadora que era uma urgência de família e ela deixou Felipe sair com Wender.
- Onde vocês estavam? Como tá o Capitão André? – Felipe estava cheio de perguntas.
- Depois eu explico. Primeiro vamos encontrar Daniel.
Daniel estudava na escola que ficava ao lado da escola de Felipe. Também estava no horário do intervalo dele, e ele estava sentado em umas mesas com seus amigos, Cardoso, Ricardo, Gustavo, Vítor, Gordo, e estava contando pra eles sobre cada zumbi que ele matou no Rio, mas eles prometeram não abrir a boca, é claro.
De longe eles viram o porteiro do colégio se aproximando na direção deles.
- Óh, lá vem! – falou Vítor rindo.
- Finge que não vê! – Ricardo falou e Gustavo caiu na risada.
- Rí, ríiiii...
- Daniel – falou o porteiro. – pegue suas coisas, está liberado, seu tio está aí. Vá rápido. Ele está esperando, e desçam desta mesa garotos! Agora!
- Falou maluco! – disse Cardoso depois de dar tchau para Daniel.
Daniel pegou suas coisas e foi à saída, mas ele se surpreendeu quando chegou ao portão da escola e viu Van Der Wender e Felipe.
Enquanto isso, Bruno também estava no seu intervalo, na sua escola em Porto Alegre, ele também estudava de manhã. Ele estava conversando com seus amigos Eduardo G., Eduardo F. e Mateus, quando foi chamado, disseram que ele estava liberado para ir para casa, que um parente dele estava lhe esperando na rua.
Curioso, ele pegou sua mochila, deu tchau pros amigos e saiu da escola, mas ele não viu nenhum carro conhecido à vista, somente um Honda preto que abriu a porta para Bruno. Ele custou a perceber, mas dentro do carro havia alguns agentes da FEAU.
- Entra aí, rapaz. – falou um agente de óculos escuros no banco do carona.
Ele entrou, mas viu que nenhum dos agentes era conhecido, e nenhum deles estava com o uniforme da equipe, cada um estava com o seu tipo de roupa.
- Aonde nós vamos? – perguntou.
- Eu sou Mateus de Moraes. Sou daqui de Porto Alegre mesmo. – disse o que estava no banco do carona enquanto o motorista arrancava o carro. – Este é Greg Lewis, - falou apontando para o motorista. – ele é americano, ainda não aprendeu a falar português. E este ao seu lado é Harry Sammerfield, ele é australiano, mas está começando a falar português. E este outro do seu lado é de Portugal, se chama Jorge Caneira.
Cada um cumprimentou Bruno, e ele pôde perceber que o carro estava indo na direção sua casa.
- Onde está o Capitão Van Der Wender e o Capitão André? De qual batalhão vocês são?
- Guarde as perguntas para daqui a pouco. – disse o português com um sotaque muito forte e língua enrolada de seu português diferente.
Eles chegaram à casa de Bruno e ficaram tentando convencer os pais de Bruno a ele ir a Gravataí se reunir com Felipe e Daniel e os outros, seria uma reunião da equipe. Os pais de Bruno chegaram a discutir com os agentes e com Bruno também, mas depois de uma hora, eles deixaram Bruno ir, mas Bruno iria com seus pais e não com os agentes. Aí quando chegassem lá eles ficariam na casa de Felipe e Bruno iria para a tal reunião. Mas eles se recusaram a responder as perguntas de Bruno. Ele tinha várias perguntas, mas os agentes disseram que todas seriam respondidas quando estivesse todo mundo junto.
Andre só estudava à tarde, e estava dormindo, quando sua madrasta lhe acordou e disse que aquela mesma equipe de antes estava lhe esperando. Ele esperava ver o Capitão André, talvez Wender, mas só viu agentes que ele não conhecia. Eles explicaram a ele sobre se reunir com os outros e tal, e ele se despediu de sei pai e saiu. Como ele estava no interior de São Paulo e teria que ir até Gravataí, no Rio Grande do Sul, ele iria num helicóptero com eles.
Primeiro eles foram em direção a Florianópolis, buscar Mauro, e depois iriam ao sul. Como ele não conhecia nenhum dos agentes, e nenhum deles parecia estar a fim de conversar, Andre decidiu ficar em silêncio durante a viagem. Pelo menos ele não precisaria ir ao colégio... Mauro estava na escola, já era de tarde, e ao chegarem lá, Mauro estava em aula, e ficou bem ansioso quando viu Andre em um helicóptero da FEAU. Ele pegou suas coisas em casa e entrou no helicóptero junto de Andre e mais três agentes. Pelo menos com Mauro ao lado de Andre, eles poderiam conversar e tentar não ouvir as músicas que um dos outros três agentes no helicóptero cantarolava.
Como Alyssa tinha se mudado para a casa de seu pai em Gravataí, ainda não tinha conseguido vaga em nenhuma escola, e mesmo sabendo que todo o Brasil estava iniciando as aulas, ela ficou em casa com seu pai e sua mãe. Bruno, Felipe e Daniel foram levados por Van Der Wender até a casa de Alyssa. Ele disse que tinha coisas muito importantes para contar a eles, e disse que só responderia as perguntas deles quando Andre e Mauro também chegassem, pois certamente eles tinham as mesmas perguntas a fazer, e Wender disse que um helicóptero estava trazendo eles.
O dia foi um tédio, os quatro fazendo perguntas e mais perguntas para Wender e ele mudava de assunto e dizia que tinham que esperar Andre e Mauro. Wender conversou mais com Alberto, o pai de Alyssa o dia todo, para escapar um pouco das perguntas dos quatro.
Na frente da casa ficava o Estádio do Cerâmica, e ao lado da casa de Alberto ficava o campo de treinamento do time, que era pouco usado. Já era noite quando um helicóptero pousou no campo de treinamento e de dentro dele saíram Mauro, Andre e mais três agentes.
Todos entraram e se sentaram para finalmente ouvir as respostas de Wender. Estavam lá sentados os seis, Márcia e Alberto (os pais de Alyssa), Wender, os quatro agentes que vieram com Bruno e os três agentes que vieram de helicóptero.
Wender tomou um gole do café que estava tomando e começou:
- Bom, prestem muita atenção garotos, pois tudo que eu vou falar aqui é muito importante. Eu não sei como dizer isso facilmente, e vai ser um grande susto para todos vocês, mas a verdade é que a FEAU acabou.
Todos se sobressaltaram, apavorados com o que acabaram de ouvir, menos os agentes. Talvez eles já soubessem, mas soubessem do quê?
- Como assim? – perguntou Daniel sem tirar os olhos do holandês.
Todos os agentes e Wender estavam olhando para eles com olhares de tristeza, todos muito sérios, não parecia ser uma brincadeira de mau gosto, talvez realmente a equipe anti-Umbrella se foi, mas como?
- Acalmem-se. Bom vocês viram eu e o Capitão André pela última vez quando nós entramos em um bueiro, e depois acho que o exército encontrou vocês, e lhes levou para um hospital, e depois para uma delegacia. Eu sabia que levariam vocês a um hospital antes de trazê-los pro sul de volta, e com certeza dessa vez iriam querer respostas. Então o Capitão André me disse pra escrever uma carta falando o quê vocês deveriam dizer a policia, como se a FEAU não existisse, então ele disse que eu poderia enviar essa carta para Alberto, e acho que deu certo não é? Até aí tudo bem, mas aconteceu uma coisa com a equipe. Quando eu e o Capitão André entramos nos esgotos, fugimos por lá até o centro da cidade, e fomos até os helicópteros na beira da praia. Mas quando chegamos lá vimos todos os helicópteros destruídos, pegando fogo, apenas um não estava destruído. Acho que foram os agentes da Umbrella. Eu e o capitão nem paramos pra pensar por que eles deixariam um helicóptero em bom estado para que pudéssemos fugir, mas foi um erro. Foi um erro termos abandonado os helicópteros antes de subir a favela. Nós devíamos ter subido a favela com os helicópteros, tudo estaria melhor. Bom, antes de subir a favela, Marcos, o agente que era o subchefe do Batalhão #1, entrou em contato com todos os batalhões, inclusive os que ainda estavam em alguma cidade infectada, e convocou todos para uma reunião geral na nossa maior sede, na Bahia. Todo ano a gente fazia reuniões como essa, com todos agentes, inclusive os agentes neutros, os que ficavam espalhados pelo mundo investigando. Mas como muita gente morreu lá no Rio de Janeiro, o capitão achou que era hora de fazer a reunião de 2011, para relatar o nome dos agentes que morreram, e rever os planos contra a Umbrella. Mas nós entramos no helicóptero e fomos direto para a base, mas não percebemos que os agentes da Umbrella botaram em baixo do helicóptero um dispositivo que usaram para nos rastrear, e assim eles descobriram a nossa base. Nós estávamos na reunião com todos os agentes, havia mais de mil agentes da FEAU lá, todos estavam lá. E ninguém imaginava que a Umbrella recém tinha descoberto a nossa base. E eles já tinham implantado bombas nos arredores da base. E quando estávamos todos na reunião, o Capitão estava contando a todos por tudo que passamos, e os agentes dos outros batalhões relatavam o que passaram nas capitais atacadas, até que explosões começaram a ocorrer, e todos tentaram fugir, mas havia muitas explosões, e jatos começaram a sobrevoar a base e bombardeá-la. Tudo durou poucos minutos, mas foi o suficiente para matar todos os nossos agentes.
Wender parou de falar e baixou a cabeça. Todos estavam de queixos caídos. Wender tinha mais de quinze anos a menos que o Capitão André, mas podia-se perceber a experiência que ele tinha. Ele tinha apenas vinte e um anos, mas já estava lutando contra a Umbrella ao lado do Capitão André, mas isso também se encaixava a eles. Eles tinham menos que vinte anos, e já estavam lutando contra a Umbrella ao lado do Capitão André, que com certeza era o mais experiente. E será que o Capitão André teria morrido?
Eles tiveram a sorte de não terem ido junto da equipe para a reunião na Bahia, eles poderiam estar todos mortos. Esse pensamento chegou com força na cabeça deles.
- Todos morreram. Os que sobreviveram estão aqui. – Wender voltou a falar.
- E aquele agente Rodrigo? Ele sobreviveu? – perguntou Alyssa séria ajeitando a franja atrás da orelha.
- Quando passamos por onde tínhamos deixado ele, havia vários zumbis devorando o corpo dele, mas pudemos ver que ele tinha levado um tiro na cabeça, com certeza foi dos agentes da Umbrella.
- E vocês passaram muito trabalho para chegar à praia? – perguntou Bruno esfregando os novos óculos na sua camiseta preta listrada.
- Não. Nós dois estávamos com as metralhadoras dos agentes da Umbrella, e a munição que elas tinham foi o bastante para chegar à praia. Só enfrentamos mais alguns Glimers nos esgotos e alguns zumbis no resto do caminho. O mais difícil foi agüentar a dor no meu peito. Eu nem estava respirando direito. Eu tinha levado três disparos no peito. A terceira bala ultrapassou o meu colete e acertou uma costela minha. Ela quebrou e acabou perfurando de leve um dos meus pulmões, mas já estou bem.
- Mas o que aconteceu com o Capitão André? – perguntou Felipe sem se mexer no sofá.
- Depois que as explosões pararam, nós estávamos procurando alguém que tivesse sobrevivido, até que apareceu outra equipe de agentes da Umbrella, e iniciaram um tiroteio com a gente. Assim mais agentes nossos morreram. Havia poucos, porque a base havia desabado depois das explosões, e muitos morreram. Foi uma tragédia! Conseguimos matar algum deles, mas não tinham nenhuma informação da Umbrella. Os agentes da Umbrella estavam em maior quantidade e eram mais organizados. Mas de algum jeito, os que não morreram da Umbrella deram um jeito de capturar o Capitão André. Nós não vimos, eu achei que ele estivesse nos escombros, mas ontem a noite recebemos um e-mail do Capitão André, dizendo que havia sido capturado pelos agentes da Umbrella, e que estavam o interrogando, sobre a FEAU e os planos contra a Umbrella, e disse que só conseguiu enviar a mensagem porque roubou uma arma de um agente e tentou fugir.
- Que bom que ele sabe se virar, né! – exclamou Mauro soltando a xícara de café vazia na mesinha em frente ao sofá e se recostando pra frente.
- Quase tudo foi perdido. – Wender continuou. – Não sobrou nenhuma amostra do antivírus, equipamentos, uniformes, quase todas as armas e munições, os helicópteros e caminhões, quase todos os veículos, e o pior é que só restamos nós aqui. – disse se referindo aos agentes que ali estavam. – Nós saímos de lá logo depois de tudo se acabar, mas talvez só agora que o governo e a mídia estão descobrindo as explosões que houve lá na Bahia. Mas não vão descobrir nada de nós, o fogo acabou com tudo. Pegamos o único helicóptero que sobrou e fomos a algumas das outras bases, mas todas estão destruídas. Eles acabaram com nós. Só sobrou este helicóptero que está aí do lado, algumas armas, muito pouca munição, e estes homens aqui. O carro que buscou o agente Bruno é meu.
- E agora, qualé que é? – perguntou Andre se inclinando pra frente no sofá, sério.
- Nós descobrimos de onde foi enviado o e-mail do Capitão André, e ele veio de uma ilha pequena na América Central, com certeza é lá que fica alguma base da Umbrella. Nós nunca soubemos onde ficavam escondidas, mas agora temos esse e-mail, é uma pista. Se não for alguma emboscada para nós, estamos com sorte. Mas pensem, o Capitão André deve estar fazendo uma revolução lá para ter conseguido invadir algum computador, acessar seu e-mail e nos comunicar sua posição. Só Deus sabe o quê estão fazendo com ele agora, mas não podemos ficar sentados sem fazer nada. O Capitão André foi o responsável pela criação da FEAU, ele foi o primeiro a sobreviver o T-Vírus, e ele já salvou a vida de muitos de nós. Nós aqui contamos com vocês seis para irmos lá e salvar o nosso amigo André Braga.
Não era uma decisão fácil. Eles nunca tinham ido tão longe, apenas Goiás e o Rio de Janeiro, mas agora eles estariam indo até uma base da Umbrella, invadi-la com circunstâncias não muito boas em questão de equipamentos e armamento, sem saber o que teriam que enfrentar, para salvar o Capitão André. Sem dúvida de que ele merecia ser salvo, mas era a coisa mais arriscada que eles fizeram até agora. Não sabiam nada, se enfrentariam BOWs, ou até mesmo tivessem que passar só por agentes da Umbrella, estariam correndo perigo dentro do território inimigo. Eles também não sabiam que tipo de proteção o lugar poderia ter, e não sabiam se a Umbrella os estaria esperando. Será que seria uma missão de resgate secreta ou uma batalha sangrenta e cheia de ação contra soldados da Umbrella...
Os seis pensaram em tudo isso, e hesitaram em responder, pois não podiam esconder que tinham medo. Seria difícil convencer suas famílias a novamente irem contra a Umbrella, desta vez diretamente na base deles e enfrentando mecanismos de proteção, arriscando novamente a suas vidas. E eles achavam que tudo já tinha acabado. Eles foram salvos pelo exército brasileiro na favela; foram medicados e interrogados; e as aulas recomeçaram, depois do Brasil inteiro já estar a salvo, mas não; agora eles estariam se jogando de vez mesmo contra a Umbrella. Mas em pensar em tudo que a FEAU e o Capitão André fez por eles, começaram a responder.
Daniel e Felipe foram os primeiros a responder que sim, o Capitão André era além de tudo um amigo deles. Depois Andre concordou, se pondo de pé, e Bruno ao ver que Felipe aceitou a nova missão, também se decidiu. Mauro até gaguejou para falar que sim, incerto com sua resposta. A mãe de Alyssa estava nervosa, mas o pai de Alyssa lhe disse que poderia ir, e ela aceitou sem hesitar. Ela não podia deixar os amigos e a equipe na mão, porque sabia que todos eles entrariam em uma base da Umbrella para salvá-la.
- Pelo Capitão André. – disse Felipe.
- Pela equipe! – exclamou um dos agentes, aparentemente brasileiro.
- Ótimo então. – Wender abriu um sorriso na cara e recostou as costas no sofá, descansado com a decisão deles. – Então acho que devo apresentar nossos amigos a vocês. Este é Robson de Lima, ele é brasileiro e vai ser o nosso piloto. Foi o único piloto que sobreviveu... Ele era o piloto do Batalhão #12.
Robson era baixinho, tinha o cabelo preto com corte bem baixinho rente à cabeça, igual ao de Bruno. Ele estava usando uma camiseta branca sem nenhum detalhe, tênis e calça jeans. Ele foi o piloto do helicóptero que trouxe Mauro e Andre.
-... Este é Rafael Rodrigues, do México. Ele também era do Batalhão #12, como Robson.
O tal mexicano tinha um cabelo comprido quase que igual ao de Mauro, um pouco mais cacheado e preto. Ele tinha uma grossa barba da mesma cor do cabelo. Ele parecia mantê-la crescida, mexicano... Ele estava com uma camisa amarela com listras vermelhas e verdes e com uma gola mole, calçados de couro e uma calça azul que parecia de seda. Ele tinha braços fortes, era da mesma altura de Wender, mas aparentava uns trinta a quarenta anos. E dava pra ver o pedaço de uma tatuagem no pescoço saindo de baixo da camisa. Durante o vôo de helicóptero desde a casa de Andre ele cantarolou músicas do seu país até chegarem a Gravataí.
-... Este é Greg Lewis, americano.  – Wender continuava mostrando eles, um a um, e eles apenas faziam algum sinal como cumprimento. – Ele ainda não aprendeu a falar português, então acho que ele não vai conversar muito com vocês. Ele fazia parte do Batalhão #7.
O americano tinha cabelo castanho/avermelhado e um topete bagunçado sobre a testa comprida. Seu queixo era comprido, com uma barbicha pequena. Ele tinha um brinco na orelha esquerda e era bem alto. Ele foi o motorista do carro que trouxe Bruno.
-... Este é Jorge Caneira, de Portugal. Ele era o subchefe do Batalhão #18.
- Olá! – disse o sorridente português, demonstrando o enrolado português europeu.
Ele tinha um cabelo meio “lambido para o lado”, cabelo preto, e um bigode fino e comprido, simplesmente um jeca. Ele ainda usava uma calça social marrom, com uma camisa social branca, uma cinta de couro, sapatos de uma marca da Europa, um relógio bem grande no pulso, uma aliança de casamento talvez, e braços cabeludos. Eles esperavam que ele fosse tão experiente do que era “bonito”. Ele foi outro que veio ao lado de Bruno no carro.
- Estes outros dois são Harry Sammerfield da Austrália e Mattias Mellberg da Suíça. Os dois eram agentes neutros, que trabalhavam fora da ação, mantendo contato entre todos agentes da FEAU, investigando sobre a Umbrella no exterior, concedendo informações, se possível, mas como nós somos os últimos, desta vez nós todos juntaremos nossas habilidades para salvar o capitão e acabar com a Umbrella. Eles vão ir para a missão conosco, mas aposto que vão se dar bem com armas.
O australiano era baixo e gordo, com uma redonda cara de tédio, um cabelo preto puxado para trás até um pouco comprido e liso, causando um volume na frente. Ele usava uma camisa cinza com botões e gola; e as mangas puxadas pra cima. Ele veio no carro com Bruno.
Já o outro, o Suíço, que veio de helicóptero, era magro como Felipe, alto como o americano, tinha a pele muito branca, tanto quanto Alyssa, um cabelo loiro muito claro, arrepiado e baixinho parecido com o de Andre; uma barba bem feita, talvez tivesse a mesma idade que Wender, olhos extremamente azul claro, orelhas grandes e finas sobrancelhas. Ele também veio no helicóptero.
-... E este é Mateus de Moraes, o outro brasileiro que sobreviveu. Ele era o capitão do Batalhão #23. Ele já serviu o exército brasileiro e é bem experiente.
O homem era o mesmo que usava óculos enquanto estava sentado no banco do carona quando foram pegar Bruno na sua escola. Ele usava uma camiseta de um time de futebol de Porto Alegre, seus óculos escuros estavam pendurados na gola da camisa, ele usava um relógio digital, caça jeans preta, tênis, e tinha uma barba cerrada e uma cara séria. Seu cabelo era bem preto, como o de Felipe, e seu cabelo era alto, mas sem nenhum detalhe; ele tinha ombros largos, e tinha uma postura de soldado mesmo sentado no sofá.
- Bem – Van Der Wender voltou a falar já de pé no meio da sala da casa de Alyssa – Agora venham até aqui comigo.
Ele saiu da casa, e todos lhe seguiram prontamente, inclusive os pais de Alyssa. Eles foram até onde estava o helicóptero. Lá, Van Der Wender tirou uma pesada caixa de dentro do “pássaro”, e abriu ela revelando o arsenal da missão.
- Estas são as armas que conseguimos salvar. Consegui salvar também alguns silenciadores. Nós não sabemos se será uma missão secreta. Pode ser que seja algum tipo de emboscada e eles podem já estar nos esperando. Caso seja essa a verdade, os silenciadores não serão precisos, pois será uma guerra. Mas de qualquer jeito vamos levá-los. Não conseguimos salvar nenhum outro tipo de equipamento para as armas. Bom...
Ele tirou da caixa duas metralhadoras de porte médio HK-36 descarregadas, e entregou a Daniel e Bruno. Era uma submetralhadora parecida com uma MP5, com um cabo de mão, um cabo extra onde o pente era encaixado dentro (como uma pistola), com ombreiro e um cano de ponta fina. Andre, Felipe e Alyssa receberam submetralhadoras SAF SMG 550 mm, quase idêntica a FAL do exército brasileiro, mas com partes verdes. Mauro recebeu uma MP5.
Depois ele começou a entregar aos outros agentes. O australiano e o suíço, que eram os dois agentes neutros receberam metralhadoras M16. O mexicano do Batalhão #12 ganhou uma HK-7, uma micro-metralhadora cinza e pequena, muito barulhenta, mas com boa potência. O brasileiro Mateus ficou com uma Carabina Colt M4a1. O português e o americano receberam apenas duas pistolas Glock #17. O piloto do helicóptero começou a montar uma metralhadora Glatting, uma estupenda e forte metralhadora giratória, a única arma pesada que conseguiram salvar. Seus vários canos giratórios podem disparar seis mil balas em um minuto, eles não tinham tanta munição assim, mas com certeza ela já seria o suficiente. O piloto também recebeu uma Glock, só para ter como se virar fora do helicóptero, caso preciso. E por último Wender pegou da caixa a sua arma, um rifle de assalto AG-94, com potencia semelhante a uma M16 e a uma AK-47. Toda preta e sem muitos detalhes, e com quase a mesma forma de uma AK-47.
- Bom... – continuou Wender. – as munições estão aí dentro. Peguem tudo de munição para suas armas, e levem-nas para dentro da casa. Nenhum curioso pode ver isso. Não se esqueçam dos silenciadores.
Todos voltaram para dentro da casa, e Wender começou a explicar o “plano”.
- Bom. A ilha de onde foi enviado o e-mail é uma ilha pertencente ao arquipélago de Bahamas. Só pra vocês saberem, Bahamas é um país formado por várias ilhas, e fica na América Central, perto de Cuba. A ilha se chama Ilha Grande Inágua, é a segunda maior ilha de todas que pertencem à Bahamas. Nós iremos neste helicóptero, e vamos parar em alguma cidade na ilha. Pesquisei sobre ela. Metade dela é habitada, a outra metade é completamente mata fechada, a não ser por um aeroporto antigo, que não funciona mais. Tudo que pesquisei dizia que era um lugar abandonado, e que está para ser destruído, mas é a melhor pista que temos. Nós iremos descer com o helicóptero na cidade, e a noite nós iremos pela mata até o tal lugar. A noite vai ser mais segura, mais secreta, se é que me entendem. O nosso piloto Robson vai nos esperar em algum lugar na cidade, e se não aparecermos depois de uma hora, ele vai nos procurar. Seja lá onde for o lugar, nós vamos fazer o possível para entrar secretamente, tentar achar o Capitão André, e tirá-lo de lá. Se não o encontrarmos lá, voltaremos para casa, e esperaremos mais notícias dele. Se o encontrarmos e conseguirmos entrar em contato com ele, poderemos levar dias para fazer isso, mas vamos tirar ele de lá. Como temos pouca munição, vamos tentar fazer o máximo que pudermos para não sermos vistos. Espero que voltemos o mais rápido possível. Bom, eu acho que não tenho muito que dizer. Não consegui salvar uniformes. Botem a roupa que quiserem, só não sejam muito vaidosos, não se arrumem muito para ir lá, o povo de lá é de classe baixa, e nós não queremos se tornar celebridade lá. Amanhã pela manhã sairemos daqui. Agora, entrem em contato com suas famílias e falem sobre isso. Eu entenderei se algum de vocês seis não puder. Áh, também não conseguimos salvar nenhum comunicador, teremos de ser cuidadosos, vamos andar juntos o tempo todo, assim teremos melhores chances. É só isso. Qualquer pergunta, não hesitem em perguntar. Eu responderei.
Alyssa já tinha permissão, Mauro ligou para sua casa e falou para sua mãe que iria demorar mais uns dias por causa desse imprevisto. Andre nem ligou, mas já estava certo que ele iria, mesmo sem avisar sua família.
- Não precisa avisar. – ele disse tranqüilo.
Felipe e Daniel tiveram um trabalho para convencer suas mães a os deixar ir, mas conseguiram. Mas quem teve mais trabalho para convencer a família foi Bruno. Ele brigou com sua família para deixarem-no ir. Ele concordou quando eles disseram que seria a última vez.
N N N
Todos estavam no helicóptero, à caminho da ilha, já estavam sobrevoando o Haiti, e em pelo menos uma hora e meia chegariam à ilha. Todos aprontavam suas armas, e se preparavam psicologicamente para a missão. Principalmente os seis estavam nervosos, pois estavam prestes a talvez entrar em uma base da Umbrella, e não sabiam como estaria o Capitão André.
- Capitão Wender, - perguntou Felipe. – por que você entrou nisso? Tipo assim, como que tu entrou pra FEAU?
- Bom, eu era um amigo do Capitão André antes de tudo isso começar. Como ele viajava bastante, nós nos conhecemos, mas depois que a família dele morreu e ele montou a FEAU, ele começou a juntar seus amigos para a equipe. Eu era um deles. E os amigos dos amigos começaram a entrar, e assim que a FEAU cresceu tanto. Todos começaram a trazer seus amigos para a equipe. Alguns são sobreviventes dos ataques, na América do Sul, e de quase todos os lugares já atacados nós recrutamos sobreviventes para a equipe. Pena que agora a FEAU se foi.  – ele pausou. – Mas não se preocupe, nós vamos acabar com a Umbrella.
- É isso aí, capitão. – disse Daniel apertando o silenciador em sua arma.
Todos estavam com silenciadores.
- Tomara que o Capitão André esteja bem. – disse Bruno olhando pra fora do helicóptero.
Quando chegaram à ilha no caribe, eles pousaram com o helicóptero numa área logo na entrada da mata, na beira de uma estrada que levava a cidade mais próxima. O sol estava caindo, e eles estavam sendo tomados por mosquitos. Estava calor, bem calor. Eles ficaram sentados no helicóptero até o português e o mexicano voltarem da cidade; eles tinham ido caminhando.
- Falaram com alguém? Descobriram alguma coisa? – Wender perguntou enquanto eles ainda se aproximavam, caminhando devagar, cansados pela caminhada.
- Ninguém sabe nada sobre Umbrella ou T-Vírus. – respondeu Jorge, o português, que estava bem sério.
- Acho que a única coisa boa neste lugar são os bares, há, há... – riu-se o mexicano Rafael. – E as chicas!
- Quanto tempo ainda vamos esperar? – perguntou Mauro se coçando todo.
- Podemos ir daqui a pouco.
- Esquecemos o repelente! – falou o engraçado piloto Robson.
Eles esperaram a noite ficar bem escura, e quando faltava pouco mais de uma hora para o sol nascer de manhã, então eles começaram a entrar na mata, já no fim da noite.
- Uma hora Robson, uma hora. Se não voltarmos nesse tempo, vá até lá.
- Ok. Boa sorte, garotas!
Eles adentraram a densa floresta, pisando em galhos, arbustos, sentindo folhas na cara e espinhos de árvores nos braços; eles seguiram na mata escura, com pequenos jatos de luz da lua entravam pra baixo da copa das árvores. Estava muito escuro, e o único barulho em volta deles era o som das pegadas deles, e o zumbido dos mosquitos nos ouvidos deles.
- Falta muito? Eu tô cansada! – exclamou Alyssa parando após algum tempo de caminhada, mas Wender fez sinal para ela continuar.
Somente o brasileiro Mateus tinha uma lanterna, que era única fonte de luz deles.
- Devíamos ter trazido mais lanternas. – falou Bruno enquanto caminhavam em fila indiana, seguindo a luz da lanterna de Mateus, que guiava eles.
Mateus era sério. Ele continuava com seus óculos escuros, calado e só olhava para frente.
- E algum celular. Como vamos chamar o helicóptero? – falou Andre batendo na testa pra matar um mosquito.
- Não precisamos de celulares. Se não voltarmos em uma hora ele virá atrás de nós. E lanternas e celulares podem ser um modo de nos entregar para os agentes. Não sabemos que tipo de dispositivo eles têm lá. Podemos ser rastreados usando um celular, ou alguma coisa parecida. E podem ver a luz de muitas lanternas, por isso trouxemos apenas uma. – Wender explicava.
- Isso se nós acháramos alguma base da Umbrella, pra começar... – disse Felipe.
Realmente era muita convicção deles, procurar uma base da Umbrella, sendo que a única informação que eles tinham era que um e-mail foi enviado de dentro de uma base da Umbrella naquela ilha no caribe, e estavam caminhando no meio do mato à noite, em direção à um aeroporto abandonado., porque achavam que poderia ser lá. Mas eles tinham muitas esperanças que o tal aeroporto realmente fosse a base da Umbrella onde o Capitão André estaria encarcerado.
Wender era o último da fila. Wender mostrava cada vez mais o seu estilo de liderança, sempre sabendo o quê fazer ou o quê não fazer.
- Mas dava pra ter trazido alguns repelentes! – exclamou Jorge.
- Falem baixo! – falou Wender repreendendo.
Eles continuaram caminhando pela mata fechada, fazendo comentários. E aos poucos olhando o mapa que Wender tinha. Não era fácil andar no mato escuro no meio da noite, ainda mais com os mosquitos rodeando. Mateus, o australiano Harry e o americano Greg estavam calados totalmente, nem reclamavam das picadas; já os outros, se coçavam o tempo todo.
- Estamos na direção certa? – perguntava toda hora o suíço Mattias.
Depois de mais alguns minutos de caminhada, eles enxergaram luzes depois das árvores. Era o aeroporto abandonado, mas não estava tão abandonado assim. Realmente era uma base da Umbrella. Finalmente eles conseguiram descobrir uma base da Umbrella! E foi muita sorte e esperança! Se o Capitão André não tivesse sido capturado pela Umbrella, eles nunca teriam encontrado uma base da Umbrella.
Aquele prédio não poderia ser outra coisa, além de uma base da Umbrella. Na frente havia um outdoor todo quebrado com o nome do antigo aeroporto, e vários agentes rondando, com roupas pretas totalmente iguais as dos agentes que enfrentaram eles no Rio de Janeiro. Eles conseguiram ver pelo menos cinco agentes caminhando na frente da entrada principal do aeroporto, como seguranças.
Um aeroporto abandonado não teria seguranças noturnos armados á noite. Uma base da Umbrella sim.
- Vamos ficar abaixados aqui... – cochichou Wender fazendo sinal para Mateus apagar a lanterna.
Todos se abaixaram e ficaram imóveis no chão sujo da floresta, silenciosos e atentos, observando o local e esperando a ordem de Wender para avançar. Foi bom para os seis terem sido treinados por Van Der Wender.
Eles estavam quase na esquina do lugar. Tinham mais algumas árvores a frente deles, uma estradinha de terra, e do outro lado da estradinha de terra, o lugar onde os agentes da Umbrella vigiavam, que era a frente do prédio.
Não havia cercas, nem muros, apenas os cinco agentes caminhando espalhados de um lado pro outro. Havia a porta principal, e mais nenhuma que eles pudessem enxergar dali. Como estavam perto da ponta do prédio, havia uns trezentos metros da esquerda da porta até a outra ponta do prédio. Do lado direito da porta, algumas janelas trancadas com toras de madeira e já era ponta do prédio.
O prédio parecia ser quadrado, tinha um andar só, mas era bem grande. Talvez já tivesse sido o maior aeroporto daquele país. Eles estavam perto de uma das pontas, e desse lado do prédio em diante tinha a pista de decolagem, onde havia os destroços dos aviões quebrados, e muitos aviões gigantescos parados e descuidados. E por estarem deste lado do lugar, não conseguiam ver o que tinha do outro lado, mas sabiam que atrás do “abandonado” aeroporto havia uma praia.
- Acho que o prédio é grande. – Daniel falou baixinho.
- Shh! – fez alguém do lado dele.
Eles observaram até Wender fazer sinal com os dedos para os agentes da FEAU, menos pros seis. Wender correu na ponta dos pés até o agente da Umbrella mais próximo da pista de decolagem, e quando chegou atrás dele lhe deu uma chave de pescoço até o homem cair imóvel. Ao mesmo tempo em que Wender fazia isso, Mateus e o americano neutralizaram dois agentes da Umbrella do mesmo jeito, os dois que estavam indo em direção da porta da frente. Os outros dois estavam separados, um estava parado mijando em uma árvore, e o outro indo até a outra ponta do prédio.
Enquanto isso o australiano Harry e o suíço Mattias miravam para todos os lados, se alguém aparecesse levaria bala. Jorge chegou atrás do agente que estava tirando água dos joelhos e passou uma faca no pescoço do agente da Umbrella por baixo do capacete dele. O mexicano Rafael estava se aproximando do mesmo jeito até o quinto agente da Umbrella, e quando ele foi atacar, o agente virou a cabeça para trás rápido, o vendo atrás dele. Ele aproveitou o embalo do agente se virando e torceu o pescoço do agente. Wender fez sinal para os seis saírem do mato, e foi isso que eles fizeram.
- Continuem todos em silêncio. – cochichou Van Der Wender.
Eles seguiram juntos em silêncio e bem cuidadosos até a porta. Eles se dividiram de cada lado da porta. Mateus fez sinal para dentro e entrou, os outros o seguindo. Mas havia uma agente da Umbrella parado no escuro, e começou a disparar contra eles com uma metralhadora P-90. Todos se jogaram para os lados, o jato de balas iluminando o escuro hall de entrada.
Bruno atirou com a HK-36 três vezes, um dos tiros acertando a perna do agente da Umbrella, que caiu. Andre correu e chutou a metralhadora da mão do agente.
- Droga! – exclamou Wender, e Felipe entendeu por que; os outros agentes da Umbrella deviam ter ouvido os tiros da P-90 sem silenciador, e logo viriam ver o que aconteceu, e isso significava problema para eles.
Eles eram treze, mas poderiam haver muito mais do que essa quantidade de agentes da Umbrella por ali.
- Carajo! Cabrón! – gritava o agente com a mão sobre o ferimento na perna, caído no chão.
Mauro, Daniel e o americano ficaram vigiando a porta, enquanto os outros cuidavam para o agente baleado não tentar nenhuma gracinha e vasculhavam o local. O lugar que era para ser a recepção do aeroporto, com várias cadeiras e painéis, estava completamente vazio, a não ser por poeira e escuridão. Não havia nenhuma porta antiga, o local foi modificado.
- Achei uma coisa. – falou Mateus.
Ele mostrou um computador ao lado da única porta naquele lugar, uma porta aparentemente blindada, e trancada. O computador pedia uma senha, com certeza era a senha para abrir a porta, e aí sim eles estariam dentro da base da Umbrella. Wender viu o computador pedindo senha, e decidiu não tentar, pois se lembrou do computador dentro do camburão dos agentes da Umbrella na favela do Rio. Ele e o Capitão André tentaram várias senhas possíveis, até que o camburão explodiu. Era bom não arriscar.
- Pergunte a ele, Rafael! – exclamou Wender se referindo ao agente da Umbrella.
Rafael, o mexicano era o único que falava espanhol.
Ele começou a falar com o agente ferido da Umbrella em espanhol, mas o agente parecia não querer falar. Rafael jogou longe o capacete do agente da Umbrella e socou sua cara, e perguntou de novo.
Eles tinham que ser rápidos, com certeza mais inimigos estavam vindo checar o que houve.
O agente da Umbrella parou de resmungar um pouco depois do soco, e falou alguma coisa.
- Ele disse que não sabe a senha, que nenhum agente sabe. Ele disse que os agentes só entram ou saem por aquela porta quando algum cientista está junto. Ele disse que só os cientistas têm os códigos de acesso. – traduziu Rafael.
- Pergunte se há outra entrada! – falou Wender, e o mexicano voltar a falar com o agente.
O agente da Umbrella se negou a falar novamente, e tomou outro soco do musculoso mexicano Rafael. O agente continuou se negando, e tomou um terceiro soco, que fez seu nariz começar a sangrar. Rafael gritava com o homem, e chegou a cuspir na cara do agente, que em fim respondeu.
- Ele disse que há uma segunda porta, a porta #2, que fica na outra ponta do aeroporto. Ele disse que tem a chave dessa porta, mas o caminho depois dela é mais perigoso. Ele disse que pra chegar ao centro da base por aquela porta, é preciso passar por dentro das jaulas doas animais da Umbrella. Devem ser BOWs. O que faremos, Wender?
- Pegue a chave dele.
Rafael deu outro soco no homem e pediu a chave, mas o homem se recusou.
Ele então chutou a perna ferida do homem, que gritou de dor, falou um palavrão em espanhol e tirou uma chave do bolso, resmungando. O americano Greg pôs sua pistola na cintura, e pegou a metralhadora do homem.
- Vamos deixá-lo vivo? – perguntou Andre enquanto todos se aproximavam da porta.
- Deixa ele ficar com dor na perna aí. – falou o português rindo.
- Vamos logo! – Wender chamou todos.
Eles saíram na rua de novo e começaram a ir em direção a outra ponta do prédio. Eles estavam na metade do caminho, Wender tinha a chave na mão, até que um tiro foi disparado atrás deles, acertando as costas do grandalhão mexicano.
Havia vários agentes da Umbrella se aproximando pela pista de vôo antiga. O grandalhão agüentou de pé e foi o primeiro a disparar contra os agentes da Umbrella. A FEAU começou a correr em direção a porta, todos correndo e atirando para trás. Wender foi ajudar o americano a carregar Rafael, e jogou a chave. Felipe pegou e embalou sua corrida até a porta.
Seus amigos lhe acompanharam. Ao chegar à porta, enfiou desesperadamente a chave na fechadura e ela se abriu. Um alarme começou a soar em todo o antigo aeroporto. Sem pensar muito ele se jogou pra dentro, seguido por Daniel, depois Alyssa, depois Andre, Bruno entrou correndo, Mauro, e quando o próximo a entrar seria o australiano Harry, a porta se virou automaticamente e fechou-se muito rápido, como se fosse uma armadilha. Harry se bateu de frente na porta e os outros quase se bateram nele imediatamente, pois todos estavam rápidos e a porta fechou de repente, fazendo eles se baterem uns nos outros para parar de correr.
Por coincidência ou não, somente os seis entraram. Andre tentou abrir a porta, mas ela estava trancada.
- Droga! A chave ficou do lado de fora! – exclamou Felipe.
- Foi quando tocou o alarme! Ela fechou logo que tocou o alarme! – disse Daniel.
Os seis estavam assustados.
- Olha isso cara! – exclamou Bruno olhando em volta pela primeira vez.
Eles estavam no meio de um corredor que ia para a direita e para a esquerda, com várias celas, onde dentro havia Cérberos, em outra cela Glimers, em outra cela aranhas, em outra cela haviam outros animais infectados, como gatos e galinhas, e em uma cela tinha até um leão e uma leoa zumbi, e em outra cela haviam escorpiões gigantes.
- Nóooooossa! – fez Daniel com a voz muito fina, mas era muita tensão para os amigos rirem naquele momento.
Todos os “animais” gritavam e atacavam as grades ferozmente, se jogando com o corpo nas grades, rugindo de diversas formas, demonstrando que queriam saborear os seis. Era um lugar bem iluminado, porém muito fedorento, por causa dos animais infectados tudo cheirava podre, muito podre, um cheiro de carniça horrível, e em uma parede estava escrito |NÍVEL #1|. Havia apenas um corredor intermediário em frente a eles, que passava por entre a cela das aranhas e dos gatos, e no final do curto corredor havia uma porta escrita |NÍVEL #2|.
Nenhum deles tirava os olhos das celas, e eles ficaram o mais longe possível das barras de ferro, não seria bom se algum bicho os infectasse agora.
- Que medo! – exclamou Alyssa.
- O que será que tem no nível dois? – perguntou Daniel antes de eles ultrapassarem a porta.
- É bom nem ver! – falou Mauro.
- Mas acho que vamos ter que ver. – falou Felipe. – lembra que o agente da Umbrella disse que a central da base é do outro lado das celas, e não tem nenhuma outra porta além da porta que vai pro nível dois.
- Mas a gente vai deixar eles lá fora assim? Não tá ouvindo os tiros? – exclamou Bruno.
- Cara, já deve ter passado meia hora. Temos que ir logo. O capitão Wender sabe se cuidar. – Felipe tentava acalmar os amigos.
- É isso aí. – disse Andre. – O Selo tá certo. Se essa é a única porta que temos, não vamos ficar tentando abrir aquela que tá rançada. Vamos lá. O Capitão André tá aqui dentro, não lá fora.
- Vamos! Rápido! – falou Daniel tomando a frente no corredor.
- Cuidado com as jaulas! – Bruno lembrou os amigos.
Eles seguiram em fila indiana o mais rápido possível até a porta do nível dois. Durante o corredor, as aranhas e os gatos se jogavam nas grades, tentando sair para comer os seis humanos que eles ainda eram. Para impedir os animais de saírem, por exemplo, os gatos; a cela deles tinha uma grade quadriculada, daquelas que só dá pra botar os dedos, todas as celas tinham grades do tamanho certo para cada “animal”.
A porta do nível dois estava aberta, de modo que Daniel só encostou fracamente nela e ela abriu para trás como se alguém estivesse a abrindo pelo outro lado.
“Os garotos entraram”, Wender conseguiu ver só isso. Ele e Greg seguravam Rafael, o mexicano. Wender conseguiu ver também Harry quase entrar, mas a porta se fechou e ele chegou a se bater nela.  Pelo menos quatro agentes da Umbrella estavam vindo disparando da pista de vôo lá do outro lado do prédio, até que mais um agente da Umbrella apareceu do lado do prédio onde eles estavam.
Mateus o acertou reflexivamente, e ele caiu.
- Corram! – Wender gritou.
Wender e Greg estavam carregando o baleado Rafael para a floresta, e Mattias e Jorge estavam atrás deles lhes dando cobertura.
Harry acertou um dos agentes da Umbrella. Agora eram três. Wender e Greg entraram mato adentro, tiros rápidos de P-90 estourando nas árvores em volta deles.
- Cuide dele. – Wender disse em português mesmo, torceu pra que o americano tivesse entendido e voltou para frente do lugar, onde estava havendo o tiroteio, e as suas costas o americano Greg ficou acudindo o mexicano Rafael no chão sujo da floresta.
Jorge e Mattias tinham acertado os agentes da Umbrella, mas Harry, o australiano tinha levado um tiro na perna.
- O quê nós vamos fazer, Wender? – perguntou Jorge rasgando a camiseta para amarrar na perna do australiano.
- Temos que achar outra maneira de entrar. Alguém tem que cuidar do Rafael.
Rafael já estava deitado aos pés de Greg na floresta, uns vinte metros pra dentro desde onde estavam os outros na frente do lugar. Suas costas sangravam, mas ele queria se levantar e voltar à batalha. Todos se aproximaram quando acabaram os agentes da Umbrella mais próximos e começaram a impedir Rafael de se levantar.
Depois de passar a porta para o nível dois, os seis estavam em outro lugar igual ao anterior, porém maior, bem maior. As celas eram todas de vidro, vidros bem reforçados com certeza. As celas eram mais cumpridas, com vidros de quase todos os lados. Ali haviam monstros maiores.
Numa havia os horrorosos Lyckers, totalmente em carne viva, com o cérebro para fora, e botando a língua para fora mostrando seus dentes afiados, a maioria deles grudados no teto ou nas paredes. Em outra cela havia Hunters, Hunters de todos os tipos, os Hunters que eram sapos, Hunters lagartos, Hunters camaleões, todos com pele verde e corpo corcunda, pulando de um lado para o outro da cela, soltando gritos agudos e altos. Em outra cela havia monstros que eles nunca tinham enfrentado, porém eles reconheceram rapidamente por causa dos games. Eram Chimeras. Eles eram praticamente mosquitos gigantes, defeituosos, com patas horríveis, uma cara indescritível, todo o corpo de pele escura e gosmento, e voavam pela grande cela. Na outra cela havia macacos, eles nunca tinham enfrentado-os na vida real, somente nos games também, por isso o reconheceram. Eles tinham a pele parecida com a dos Lyckers, tinham habilidades de macacos também parecidas com a dos Lyckers, mas as mãos deles eram sua grande arma. As mãos deles eram grandes foices afiadas, e eles batiam com elas no vidro, tentando quebrá-lo e sair para atacar os seis.
- Vamos sair daqui logo antes que eles escapem! – Alyssa não parava de falar, ela estava apavorada.
Eles passaram o corredor que chegava a porta do nível três. Depois da porta do nível três se abrir como a anterior, eles estavam num lugar novo, e um lugar que parecia ter sido reformado a pouco tempo, pois estava em melhor estado que o resto do aeroporto. Não havia grades ou vidros reforçados, apenas grandes portas a frente deles, eram três. As portas eram todas vermelhas, portas duplas e grandes, sem nenhum detalhe além de uma plaqueta colada bem no meio de cada uma.
A porta da esquerda estava escrito RÉJIS LYCKER, o da direita estava escrito YVES, mas o do meio a placa estava velha, como se eles não entrassem a li há muito tempo, só se podia ler a primeira letra: B...
Como não haviam vidros reforçados, ou barras de ferro, nem janelinhas para que pudessem ver dentro, eles teriam que descobrir vendo. Não havia nenhum outro caminho para eles seguirem. Eles teriam que acreditar na sorte e na “experiência” de cada um. Pelo menos dava pra imaginar que a sala depois de cada porta seria bem grande, porque lugares pequenos não têm portas grandes e altas. Não havia corredor para o próximo nível nem janelas no lugar. Não tinha como passar dali.
Não tinha jeito!
- Droga! A gente não vai ter que passar por esses bichos, né!? – Mauro exclamou olhando com cara de assustado para os amigos, tremendo antes mesmo da resposta.
- Acho que vamos sim, cara. – disse Bruno olhando para sua arma sério.
- Seu bichinha! – Andre disse rindo para Mauro.
- Vamos se dividir. Dá pra ir dois por cada um. – falou Felipe esperando a confirmação dos amigos.
- Se a gente for passar por Réjis Lyckers vamos morrer, cara. – Daniel especulou. – não temos tanta munição. Eles são fortes demais!
- Então agente se divide trios e passa pelos outros dois. – Bruno falou.
- Os Yves são perigosos. – Alyssa disse. – são plantas infectadas. Eles caminham como nós, eles tem vários tentáculos, mas podem nos infectar com um ácido que liberam.
- O que mais tem que comece com B? – perguntou Andre.
- Não sei, mas temos que tentar passar por algum desses. – Felipe disse encorajando a si próprio.
- Por quê não vamos todos juntos? – perguntou Alyssa demonstrando medo novamente, mas eles tinham que entender ela, pois ela era uma garota.
E na verdade cada um deles podia ver no rosto do outro o medo que estavam sentindo. Todos estavam tensos, principalmente Mauro que não parava de se balançar.
- Se formos juntos podemos morrer um tentando salvar o outro. – Andre falou sério e frio, e Alyssa olhou braba pra ele.
- Eu vou por aqui. – disse Daniel se parando em frente à porta com a letra B.
- Então eu vou pelo outro. – Andre disse indo à porta dos Yves.
Mauro decidiu ir com Andre, e Felipe e Bruno decidiram ir com Daniel. Alyssa parecia querer mais ir com os três do que com os dois abobados do Andre e do Mauro. Mas ela sobrou e teve de ir com eles.
Os dois grupos de três abriram as várias trincas das duas portas gigantescas e apertaram todos os botões que haviam para abrir as grandes portas. Havia muita segurança nas portas, e era óbvio o porquê. Se a Umbrella tinha BOWs encarceradas ali dentro, eles não poderiam deixá-los escapar por descuido de algum qualquer.
Eles entraram, fecharam as portas novamente e se prepararam para seguir.
O lugar onde Felipe, Daniel e Bruno estavam era bem grande mesmo, a altura do teto era o equivalente a um segundo andar, mas sem piso entre o primeiro e o segundo andar. Isso explicava o motivo de aquela parte do prédio ser reformada. Ela não foi reformada, ela foi modificada. Eles retiraram o piso entre os dois andares para aumentar o tamanho do lugar para pôr ali as BOWs de nível três. Certamente eles também haviam retirado as escadas, pois sem piso no segundo andar, não havia como ter escadas.
Tinha pelo menos cem metros até o outro lado, onde todos torciam para que houvesse uma porta lá também, e aberta. Mas eles podiam ver por todo o caminho até o outro lado, destroços de aviões, carros, tudo que era tipo de ferro velho, e eles estavam se sentindo em um ferro velho mesmo. Era até meio confuso para a visão, todos os lados que eles olhavam, enxergavam sempre a mesma coisa: ferro velho.
Eram destroços, muita sujeira, carros empilhados aos montes, e algumas partes do lugar era até impossível caminhar sem ter que pular por cima de algum carro velho ou destroço de qualquer coisa.
- Vamo lá cara! – disse Felipe olhando para Daniel e Bruno, e os três começaram a andar, mirando rapidamente para todos os lados e tentando fazer o máximo de silêncio.
- Que lugar é esse? – Alyssa perguntou olhando em volta, esperando uma resposta de Mauro ou Andre.
- Parece um ferro velho! – exclamou Mauro girando a cabeça para todos os lados, procurando algum movimento dos Yves.
- Eles devem ter tirado o piso do segundo andar pro lugar ficar maior pra esses bichinhos. – disse Andre segurando firme a sua arma enquanto os três caminhavam lentamente e cuidadosamente pelo meio dos destroços de carros e aviões acidentados.
Wender estava no mato com Greg, os dois segurando o pobre Rafael Rodrigues, o mexicano da FEAU. Ele estava caído no meio dos dois, e falava baixinho, ficando sem ar pra falar e respirar.
- O tiro deve ter acertado os pulmões dele! – Wender exclamou, mas o americano não entendeu nada.
Wender já estava mais acostumado a falar português do que holandês.
Wender havia dito pros outros irem até a pista de vôo e ver aquele lado do prédio, à procura de alguma possível terceira porta.
- Diga... Diga... Minha mulher... Diga que eu a amo... Wender salve os garotos... – ele falava pausadamente em português, a voz fraca difícil de ouvir, além dos tiros que vinham da pista de vôo, onde estavam os outros.
-... Salve... Salve todos... Acabe com a... Com a Umbr...
E parou de falar com os olhos direcionados para Wender, aquelas foram as últimas palavras dele, ele morreu dizendo para acabarem com a Umbrella. O americano fechou os olhos do barbudo Rafael com os dedos, e Wender já estava de pé, com raiva e determinação nos olhos, fazendo sinal para o americano ir com ele até onde os outros estavam.
Os dois correram perto do lugar, fora da floresta, passaram de novo pela Porta #1, e parando na curva da parede, na ponta do prédio, a pista de vôo bem na frente deles. Havia vários aviões velhos parados, e carros espalhados pela pista, além de muitos destroços e caixas. No lado contrário da pista de vôo, a direita deles tinha uma estrada que vinha da cidade, mas havia uma barricada de destroços, certamente feita pela Umbrella, para que ninguém que viesse da cidade entrasse ali.
Todos aqueles carros e aviões abandonados ali, a barricada, a sujeira do lugar e as madeiras nas janelas eram apenas um cenário, para que ninguém suspeitasse que o lugar ainda estava ativo, e como sede da Umbrella. Os dois só conseguiram ver Mateus, o brasileiro de óculos escuros, parado atrás de um carro, de tempo em tempo se levantava e disparava com sua Carabina em direção ao lado oposto da pista de vôo, certamente onde estavam os agentes da Umbrella.
Wender e Greg voaram para trás do carro junto de Mateus, e enquanto Greg dava cobertura, Wender falou com o brasileiro.
- Onde estão os outros Mateus?
- Apareceram muitos agentes do outro lado da pista de vôo quando a gente tava procurando alguma entrada! Aí os outros se espalharam durante o combate! Eles estão espalhados pelo meio desses carros velhos!
- Ninguém está ferido?
- Só o Harry, que tá com o tiro na perna.
- Onde ele tá? – Wender estava perguntando rápido, as palavras saindo rapidamente da sua boca, sua voz demonstrando preocupação e raiva.
- Ele tá lá. – Mateus falou apontando para a outra ponta da pista de vôo, no estacionamento, a parte da pista onde havia muito mais carros, e atrás de um deles estava Harry abaixado, atirando por baixo de um carro com sua M16, sua perna sangrando, e os tiros da Umbrella estourando violentamente do outro lado do carro.
Enquanto isso, Greg disparava quase sem parar nos agentes da Umbrella com a P-90 que pegou do agente da Umbrella que ele pegaram informações antes. Wender estava preocupado com os garotos, e com raiva da Umbrella. Só Deus sabia como os garotos e o Capitão André estavam, e os agentes da FEAU estavam morrendo! Rafael Rodrigues se foi, e o australiano gordinho estava ferido! E aqueles ali eram literalmente os últimos agentes FEAU, a Umbrella estava acabando de vez com a FEAU. E Wender era a pessoa com mais autoridade e experiência ali para tentar impedir que mais pessoas morressem pela Umbrella. Era hora de acabar com a festa deles.
Wender viu Greg jogar longe a P-90, que devia estar vazia. O americano puxou sua pistola Glock e começou a disparar contra os agentes, que também estavam se defendendo atrás dos carros velhos e destroços de aviões, fora os aviões gigantescos que estavam inteiros, ali perto deles. Os agentes da Umbrella disparavam com as metralhadoras P-90, e com pistolas SIGPRO SP-2009, pistolas rápidas e fortes, e muito barulhentas. Já os agentes FEAU estavam quase todos com silenciadores.
Andre era o que estava mais a frente. Alyssa estava demonstrando medo, medo mais forte do que ela sentiu na missão no vilarejo São Miguel ou na missão no Rio de Janeiro. As coisas agora estavam bem piores, principalmente pelo fato deles saberem que estavam numa cela de Yves. Mauro andava ao lado de Alyssa, e ele estava sério, mais concentrado do que o normal, mirando rapidamente para todos os lados e para trás.
O lugar cheirava um forte cheiro químico nojento, que estava enjoando os três. Talvez fossem os Yves se aproximando. Era tudo muito confuso, haviam centenas de carcaças de carros, aquele cheiro de ferrugem e velharia misturado ao forte cheiro químico de plantas, e eles se confundiam, pois não sabiam se já haviam passado ali ou não, pois os corredores entre os carros eram iguais, porque eram tantos carros, que tudo parecia igual, parecia que eles caminhavam e não saiam do lugar.
- Silêncio! – Andre falou baixinho parando e levantando uma mão como sinal para Mauro e Alyssa também pararem.
- O quê foi, cara? – Mauro perguntou sem baixar a voz.
- Shh! – Alyssa fez Mauro calar a boca botando a mão sobre a boca do amigo, e aí no momento em que os três estavam em completo silêncio, ouviram um barulho gosmento se arrastando pelo chão, em algum lugar em volta deles, se aproximando lentamente.
Os três começaram a girar a cabeça para os lados, mas os carros confundiam demais a visão deles, e o barulho aumentava, estava se aproximando, já dava pra ouvir uma respiração ressoante, com certeza eram Yves.
De repente um ácido respingou por cima de um carro, pegando somente na camisa de Mauro, que começou a abrir buracos, estava se derretendo.
- Quê isso!? – Mauro exclamou deixando sua MP5 cair no chão, e já tentando tirar a camisa. – Me ajuda! Tá queimando!
Nisso um Yve surgiu perto deles, com uns carros impedindo ele de se aproximar mais. Ele era verde, e não tinha uma forma muito descritível, apenas um corpo alto e corcunda, verde, completamente gosmento e nojento, formado por plantas, com pernas e braços formados por tentáculos compridos, e sua cabeça era gorda e desproporcional, ele não tinha olhos, apenas uma cabeça com uma boca em forma de planta, dentes afiados em uma boca roxa por dentro, baba pingando de sua boca, que estava se fechando após ter cuspido o ácido em Mauro.
Andre não pensou duas vezes e segurou o gatilho de sua metralhadora SAF SMG, os tiros atravessando a pele de planta do monstro, muita gosma verde saltando para todos os lados. Andre não viu que enquanto isso, outro se aproximou por outro lado, esticando um dos braços tentáculos na direção de Alyssa.
Mauro estava desesperado tirando a camisa, e nem pôde fazer nada para ajudar Alyssa. O tentáculo enrolou no braço de Alyssa e voltou, puxando ela bruscamente. Alyssa caiu com um grito de dor, o tentáculo apertando seu antebraço.
Mauro ainda não tinha conseguido tirar a camisa de tanto desespero, e Andre, ouvindo o grito fino de Alyssa e o bater dela no chão, Andre parou de metralhar o primeiro Yve, e virou a arma apontada para o que puxava Alyssa. As balas estouraram na boca do bicho, que estava aberta, e parecia uma planta cheia de dentes famintos e fortes. O bicho soltou um grito tremendamente agudo, e se afastou soltando o braço de Alyssa, que estava no chão.
Andre ouviu o click do pente vazio de sua metralhadora, e ele sabia que não teria tempo para recarregar, se abaixou e pegou a metralhadora de Alyssa, que era igual à dele, e estava caída aos pés de Andre. Andre começou a metralhar o Yve, enquanto atrás dele Mauro já estava sem camisa atirando com a MP5 no Yve que havia cuspido nele antes.
E num grito mais fino do que o anterior, os dois Yves soltaram o gritinho em uníssono e caíram em volta deles, tudo melecado.
- Alyssa! Você tá bem? – perguntou Andre levantando a loirinha do chão.
- Aham. – disse ela passando a mão sobre o braço que havia sido puxado.
Seu braço estava muito vermelho, havia sido muito pressionado pelo tentáculo do monstro.
- Raios! Me queimei todo! – Mauro falou mostrando pros dois as manchas vermelhas na barriga e no peito.
Eram queimaduras sérias. Alyssa sabia disso, pois ela tinha sido a médica na falsa missão no vilarejo São Miguel.
- A gente precisa cuidar dessas queimaduras Mauro! – disse ela se aproximando do amigo, com sua arma já na mão de novo.
- Então vamos sair logo daqui! – Andre falou, um ar de liderança em sua voz.
- Boa idéia! – Mauro falou, recarregando a MP5, e Andre fez o mesmo.
- Tenho pouca munição, e vocês? – Andre perguntou.
- Eu também. – Mauro respondeu, e viu que Alyssa manteve uma mão sobre a mancha vermelha no braço.
- Alyssa, tá doendo?
- Um pouco, mas passa, vamos lá.
- Acho que devemos achar uma das paredes do lado desse lugar, e ai não vamos mais andar em círculos. A porta deve tá do outro lado desse lugar. E espero que esteja aberta. – Andre falou, e já começaram a andar, e Mauro sem camisa, mostrando uma sutil barriguinha de tanto comer batatas fritas, a barriga com queimaduras fortes.
- Tá muito quieto, cara. – Bruno disse, olhando para Felipe e Daniel.
Os dois, como ele, apresentavam caras de medo, eles estavam pálidos e sérios.
- O estranho é que não dá pra ouvir nada que tá acontecendo lá fora. – observou Daniel, os três caminhando lentamente, com as armas preparadas em mãos.
- As paredes devem ser reforçadas. – Felipe falou olhando para frente sem parar de caminhar. – Eles não podem deixar que essas coisas escapem daqui, né...
- Tá muito quieto, cara. O que será que começa com B? – Bruno não parava de falar.
Era muita sucata de carros em volta deles, e aquilo confundia a visão dos três, pelo menos eles ainda não tinham se perdido.
Eles estavam caminhando cuidadosamente olhando em volta, caso aparecesse alguma coisa, quando de repente o chassi de um fusca saltou por cima deles, os três se abaixaram assustados, e o chassi do fusca estourou no chão ao lado deles.
Eles olharam direto para o chassi estourando no chão do lado esquerdo dos três, e então olharam para a direita, e se depararam com um humanóide alto, com o corpo de um humano, só que sem sexo, nu, corpo amarelado, uma cara horrível, com uma boca babando, olhando nervoso pra eles, com olhos arregalados, um peito estufado, um corpo de mais de dois metros de altura, careca, parecia ser feito por músculos secos, porém fortes, e um de seus braços era normal, mas o outro era deformado e comprido, sua mão tocava o chão. Não era um Tyrant, mas era quase um: era um Bandersnatch.
Eles eram da série Tyrant, eram na verdade experiências de Tyrants que deram errado, e eram chamados de Bandersnatches, porque significava ossos de borracha, ou corpo de borracha. A explicação disso era que eles podiam esticar os braços, e a força do braço deformado deles era incomparável. Os três conheciam aquele monstro por causa dos jogos Resident Evil, e quando o viram, fora o medo que estavam sentindo, sentiram também raiva de si mesmos, por não terem se lembrado do nome Bandersnatches, teria sido melhor se eles tivessem seguido pelo caminho dos Réjis Lyckers.
Mas esses pensamentos passaram pela cabeça dos três numa fração de segundo, e logo que a imagem do monstro “quase Tyrant” estava a dois metros deles, os três já estavam de pé, prontos para correr.
Os três correram na direção contrária do monstro, obviamente voltando para a porta de onde eles vieram.
Os três corriam lado a lado, pulando os pedaços dos carros no chão, o monstro desengonçado correndo atrás deles balançando o braço deformado.
Bruno tropeçou em algum ferro, e caiu bruscamente. Felipe e Daniel pararam rapidamente, para ajudar Bruno a se levantar. De repente, a frente deles apareceu outro igual ao primeiro, e o anterior estava quase em cima deles já.
A arma de Bruno tinha caído longe, então Felipe mirou num, e Daniel no outro, e os dois começaram a metralhar os dois monstros gigantescos, enquanto Bruno se levantava pra pegar sua arma.
Quando Bruno a pegou, ele gritou pros amigos, e os três começaram a correr novamente. Os dois monstros corriam juntos atrás dos dois, batendo os braços deformados nos carros velhos que estavam perto deles.
- Eu vou lá ajudar o Harry! – exclamou Wender para Mateus. – Ele pode tá com pouca munição. Me dê cobertura, Mateus!
- Ok!
Wender saiu correndo no meio da pista de vôo, até o outro lado onde ficava o estacionamento. Mateus viu Wender correr, e tiros estourarem perto de Wender. Greg estava ao seu lado disparando com sua Glock #17, então Mateus soltou uma rajada de balas de sua Carabina a esmo, somente para fazer os agentes da Umbrella pararem de atirar enquanto Wender corria no meio da pista de vôo.
Os tiros pararam por um segundo de estourar em volta de Van Der Wender, mas um tiro acabou acertando Greg bem ao lado de Mateus. Mateus se abaixou rapidamente para trás do carro, limpando o sangue que respingou do amigo na sua cara e o corpo do americano caiu no colo dele, com um furo no meio da testa, sangue escorrendo por toda a cara do americano Greg.
- Merda! – disse Mateus soltando o corpo do amigo morto.
Ele olhou para o estacionamento, e viu que Wender já estava ao lado de Harry.
- Harry! Você tá bem? – perguntou Wender quando chegou atrás do carro onde Harry estava.
- Fora a minha perna, tá um dia lindo! – disse o australiano ironicamente e depois falou um palavrão no seu idioma.
Tiros estouravam muito do outro lado do carro. Wender olhou para Mateus e Greg, mas percebeu que somente Mateus atirava, e Greg estava caído no chão imóvel. Logo a raiva na cabeça de Wender aumentou. Greg Lewis estava morto. Ele precisava impedir que os outros morressem também.
Wender se levantou, disparou três vezes com sua AG-94 na direção dos agentes da Umbrella, e se abaixou novamente.
- Cadê o Jorge e o Mattias, Harry?
- Eles avançaram muito lá pro outro lado da pista de vôo, eu perdi eles de vista! Essa pista é muito grande, espero que ainda estejam vivos!
- Consegue caminhar? Nós precisamos avançar!
- Só se alguém me ajudar! Ou se me conseguir uma bengala! Há, há...
- Tudo bem, Mateus vai ficar aqui com você enquanto eu encontro os outros dois!
Wender se virou para Mateus, e fez sinal para ele correr para junto dele e de Harry. Mateus balançou a cabeça que sim, esperou os tiros pararem um pouco e correu em direção a Wender.
Os agentes da Umbrella que disparavam de algum lugar bem do outro lado da pista de vôo faziam os tiros estourarem aos pés de Mateus, apesar de que os três não conseguiam ver direito onde os agentes da Umbrella estavam. Quando Mateus estava quase na área do estacionamento, ele pulou e rolou para trás de um carro perto de onde Wender estava.
- Fala! – disse ele com as costas no carro ao lado, olhando para a esquerda, onde Wender e Harry estavam na mesma posição atrás de outro carro.
- Preciso que fique aqui com Harry para eu ir encontrar Jorge e Mattias!
- Ok.
Mateus era de falar pouco e fazer muito. Ele não disse mais nada e pulou para trás do mesmo carro de Wender agora. Ele viu que a perna do australiano sangrava muito, certamente ele não conseguiria caminhar.
- Wender, o Greg morreu!
- Eu vi! Mas ninguém mais morrerá, podem acreditar! Mateus! Fique aqui com Harry, eu vou tentar avançar. Cubra-me!
- Ok!
- Boa sorte! – disse Harry sem parar de disparar com sua M16 enquanto Van Der Wender já estava de pé pra correr em direção a ponta da pista de vôo onde havia os hangares onde guardavam os aviões.
Mateus rasgou a perna de sua calça, e amarrou no ferimento na perna de Harry, enquanto Wender já corria.
Os três estavam correndo pelo canto do lugar, tentando não se distanciar muito da parede, para conseguirem chegar ao outro lado sem se perderem e andarem em círculos novamente, mas estavam surgindo muitos Yves.
O lugar estava parecendo muito grande com aquela tensão toda. Andre era o mais rápido e ágil. Alyssa parecia cansada. Eles estavam correndo, quando mais um Yve apareceu de repente na frente deles. O monstro esticou dois tentáculos ao mesmo tempo, tentando acertar Andre, que desviou para a esquerda e continuou correndo.
Enquanto corriam, Mauro atirava para trás, mas não parava de correr para acompanhar os amigos. Pelo menos os Yves eram lentos.
- Tô sem munição! – disse Mauro jogando a MP5 para trás para correr com mais facilidade. – Estamos ferrados!
- Continua correndo! – Andre gritava.
- Eu não agüento! Espera aí! – Alyssa parou, obviamente cansada.
Mauro e Andre também pararam, eufóricos, olhando em volta desesperados, principalmente Mauro, que estava desarmado.
- Vamos, Alyssa! Não pára! – Mauro gritou, vendo que pelo menos uns seis Yves estavam perto deles.
- Eu não agüento mais correr! – disse Alyssa com a mão sobre o rim, ela estava totalmente sem fôlego.
- Cuidado! – Andre exclamou, pois um dos seis Yves cuspiu na direção de Alyssa, e ela se abaixou rapidamente, o ácido respingando no capô de um carro a frente de Alyssa, fazendo o ferro enferrujado se corroer lentamente.
Andre começou a metralhar os seis Yves ao mesmo tempo, passando a mira da SAF SMG do Yve da esquerda até o mais da direita sem soltar o gatilho. Mauro procurava algo para usar como arma, e Alyssa começou a disparar junto de Andre.
Três Yves caíram quando Alyssa começou a atirar.
- Vamos! – gritou Mauro, apontando para a porta.
- Vamos Alyssa! – Andre começou a correr trocando o pente vazio pelo último pente de munição cheio.
Andre caminhava de costas, metralhando os Yves, agora mais um havia se juntado aos três que ainda estavam vivos. Andre não soltou o gatilho enquanto os Yves não morreram, porém, sua munição também acabou.
- Uff! – Alyssa estava muito cansada.
- Tô sem munição também! – falou Andre.
- Vamos logo, pessoal! A porta tá logo ali! Vamos antes que apareçam mais!
 Os três correram até a porta de ferro, de tamanho normal, e com muitas trincas de aço, inclusive uma manivela giratória, que os três tiveram que juntar as forças para girar, pois parecia estar emperrado. Certamente aquela porta não era aberta a muito tempo.
Agora haviam três Bandersnatches atrás de Daniel, Felipe e Bruno. Os três até tentaram atirar nos monstros, mas todos gastaram um pente inteiro e nenhum dos três monstros morreu. A melhor alternativa que acharam foi correr. O problema era que não achavam a porta do outro lado, e os monstros eram incansáveis, os três não. Era tudo muito confuso com aquele monte de carros velhos empilhados.
Um dos três monstros estava alcançando eles, com o braço desengonçado balançando e batendo nos carros em volta. O monstro parou de correr e esticou o braço deformado, sua mão grotesca segurou a perna de Felipe. Felipe caiu de cara no chão bruscamente, pois o monstro travou sua corrida.
Na mesma hora, Daniel e Bruno dispararam na cara do monstro, até a mão dele soltar a perna de Felipe. A cara de Felipe estava sangrando por causa do tombo, mas ele nem percebeu e se levantou quando sentiu um peso muito grande soltar sua perna. Felipe não havia soltado a arma quando caiu, então se levantou já embalado para correr.
Os três voltaram a correr, os três monstros correndo desengonçadamente atrás deles.
- Não pára! – gritou Daniel!
- Tô bem! – gritou Felipe em resposta, apesar de que sua cara esfolada já estava inchando.
Wender havia corrido poucos metros quando saiu de trás do carro e uma bala perfurou seu braço. Mateus estava atrás do mesmo carro de antes, junto de Harry, e Wender teve que parar atrás de um furgão velho quando sentiu a ardência no braço. Pelo tamanho do ferimento, ele soube que foi atingido por uma pistola e não por uma P-90.
- Droga! – ele exclamou automaticamente, mas ele tinha que continuar, ele estava determinado a acabar com cada agente da Umbrella.
Ele espiou pelo canto do furgão, e conseguiu ver dois agentes atrás de outro carro, esticados por cima do carro, os dois mirando em Mateus e Harry, que estavam mais pra trás de Wender. Significava que foi outro agente que acertou o braço de Wender, e Wender estava bem no meio do fogo cruzado.
Os dois que ele viu não o viram, então Wender disparou duas vezes, o primeiro tiro acertando o carro onde eles estavam, e o segundo acertando um dos dois agentes, que caiu de primeira, certamente baleado na cabeça. O outro agente soltou uma rajada de balas que estouraram perto da cara de Wender na lateral do furgão. Wender esperou o homem parar de atirar e botou a cabeça pra fora e disparou sem olhar nem pensar. Ele disparou várias balas, e voltou, torcendo para alguma delas ter acertado aquele agente. Wender esperou, e olhou de novo, e o agente havia caído.
Wender saiu de trás do furgão, correndo até o carro onde estavam os agentes da Umbrella que ele acabou de matar, pois ele precisava de munição. Ele tinha menos que dez balas na sua AG-94.
Mateus estava tentando enxergar de longe onde estava o agente que havia acertado Wender. Harry estava simplesmente parado ao seu lado, só olhando o tiroteio, pois estava sem munição. Mateus viu Wender correr de trás do furgão em direção ao carro onde estavam os dois agentes que Wender acabou de acertar aparentemente, e um agente estava deitado em baixo de um carro a esquerda de Wender.
Wender não viu aquele agente, certamente foi aquele que acertou o braço de Wender anteriormente. Mateus viu que ele estava pronto pra atirar em Wender novamente, então Mateus ficou de pé para ter uma visão melhor e segurou o gatilho de sua carabina com força, várias balas estourando em volta do agente da Umbrella, que ficou imóvel. Um dos tiros o acertou certamente.
Os três estavam correndo dos Bandersnatches, mas agora eram quatro, havia surgido mais um. Os três corriam lado a lado o mais rápido que conseguiam naquele “ferro-velho”.
Eles corriam dos monstros, quando Daniel parou e começou a subir num carro.
- Dani! Vamos cara! – exclamou Felipe.
- Quê tá fazendo? – Bruno perguntou rápido.
Os Bandersnatches estavam se aproximando.
- A gente tá correndo em círculos, vamos por cima dos carros que daí a gente vai achar a saída! Vem!
Felipe começou a subir, quando um dos monstros apareceu bem perto deles. Ele olhou para os três e abriu a boca, soltando um grito extremamente forte e assustador, enquanto um mais atrás usou o braço deformado para arremessar uma porta de carro que passou voando por cima dos três.
Felipe e Daniel metralharam o mais próximo, ou ele acertaria Bruno. Bruno também começou a disparar, as balas fazendo saltar lascas do corpo do humanóide. Quando a munição de Bruno acabou, o monstro caiu morto, mas os outros já estavam em cima deles. Felipe e Daniel continuaram metralhando os monstros, e Bruno subia a pilha de carros, já desarmado.
- Pára de atirar Dani! Vamos correr!
E ao acabar de dizer isso Felipe começou a correr por cima da pilha de carros, pulando de um a outro, Daniel e Bruno lhe seguindo. Os três Bandersnatches que estavam vivos corriam no chão, batendo os braços desesperadamente nos carros, enfurecidos porque a presa deles estava escapando.
A cada batida, a lataria dos carros abaixo dos pés dos três balançava, e Bruno quase caiu, mas Daniel o segurou. Felipe conseguiu ver do outro lado uma porta de ferro, aparentemente bem grossa e cheia de trincas. Eles estavam quase lá quando um dos monstros arremessou a lataria inteira de um carro, que bateu na pilha onde eles estavam, e os três caíram.
Deu um forte estrondo quando os carros bateram o chão, e os três caíram no chão. Felipe ralou totalmente o braço esquerdo, que estava todo arranhado e sangrava, fora o sangue que escorria na sua cara da hora que ele caiu de cara no chão. Bruno torceu o pé, e Daniel caiu de barriga, ralando o peito e as mãos. Mas os três tiveram muita sorte de nada ter caído em cima deles, pois a pilha onde estavam antes de cair desmoronou junto com eles.
Os três ficaram caídos, gemendo com o tombo, até que perceberam que quando a pilha de carros caiu, acabou se tornando uma barreira, e os três Bandersnatches estavam do outro lado. Eles podiam ouvir as batidas dos enfurecidos monstros do outro lado da grande barreira de ferragens de carros velhos.
Felipe foi o primeiro a levantar, sem nem perceber o sangue no braço arranhado.
- Vocês tão bem? Vamos lá, a porta tá ali!
- Droga! Torci meu pé! Merda!
- Ajuda aqui Dani!
Bruno se apoiou nos ombros de Felipe e Daniel e eles seguiram até a porta, mas eles sabiam que em segundos aquela pilha de carros se desmoronaria também.
A porta tinha muitas trincas, e uma manivela de girar bem no meio da porta. Felipe abriu todas as trincas, enquanto Bruno se segurava em Daniel, que estava de arma na mão. Bruno segurava a arma de Felipe. Felipe estava fazendo força para girar a manivela emperrada, quando a pilha de carros se desmanchou, e os três monstros estavam novamente correndo enfurecidamente em direção aos três.
Felipe conseguiu abrir a porta, e já se jogou pro outro lado, Daniel se jogou junto com Bruno, eles caindo no chão do outro lado, e Felipe fechou a porta, e fechou todas as trincas do outro lado, ouvindo as fortes batidas dos enfurecidos e horríveis Bandersnatches do outro lado da porta exatamente quando ele fechou as trincas do outro lado.
Depois que passaram a porta de saída do ferro-velho dos Yves, Andre, Alyssa e Mauro estavam em um corredor limpo e bem iluminado, com paredes bem pintadas de cinza, e o corredor estava vazio.
Somente Alyssa estava armada, Andre e Mauro ficaram sem munição, e acabaram deixando suas armas para trás. O corredor fazia uma curva logo à frente, para a esquerda e para a direita.
Alyssa fez sinal para os dois bobões ficarem em silêncio, e ela seguiu na frente, e quando chegou na curva do corredor, pôs somente a cabeça para espiar. Para a esquerda, apenas uma porta e mais nada, e quando ela espiou para a direita, viu que era um longo corredor, cheio de portas e um agente da Umbrella estava caminhando, de costas para Alyssa, certamente vigiando aquele monte de portas.
Ela mirou bem com a sua SAF SMG, e atirou, o silenciador não deixando sair nenhum som do disparo que ela deu, e o agente caiu de primeira. Os três seguiram até onde estava o corpo do agente que Alyssa acabou de matar. Mauro pegou a metralhadora P-90 dele, e Andre procurou alguma coisa no uniforme do homem, mas não achou nada.
No corredor havia uma porta no canto oposto, e pro lado que eles estavam do corredor oito portas a direita e uma a esquerda. A única porta a esquerda estava trancada, mas ao lado dela havia uma coisa na parede, um papel que Alyssa arrancou da parede rapidamente e começou a olhá-lo de cima a baixo. Era um mapa do lugar. Enquanto Alyssa lia em voz alta o que era cada aposento daquele lugar, Mauro e Andre esticavam-se sobre ela, para ver o mapa também.
O aeroporto não era mais um aeroporto. Ele era um aeroporto abandonado por fora, mas por dentro foi totalmente modificado. Do lado de fora, quase todos os lados do aeroporto eram fechados pela floresta, a não ser do lado direito, onde ficava a pista de vôo. Na pista de vôo havia dois grandes hangares, e um estacionamento. Havia uma estradinha que vinha da cidade, mas havia uma barricada feita pela Umbrella, para que ninguém se aproximasse por ali. Nos fundos do local, havia uma praia que talvez nem fosse freqüentada. Aquele realmente era um lugar isolado.
Por dentro, o corredor onde os três estavam tinha oito laboratórios, que eram as oito portas da parede da direita do corredor. A porta que estava trancada a frente deles passava para o lado do lugar onde eles deveriam ter entrado pela porta um. A porta na outra ponta do corredor estava escrito ARSENAL. Ao ler isso, os três se olharam com felicidade. Seria ótimo achar uma sala de armas naquele momento!
O “ferro-velho” onde eles enfrentavam os Yves era quase a maior parte do lugar inteiro por dentro. E eles puderam saber o que Felipe, Daniel e Bruno estavam enfrentando. As três partes do nível três eram divididas por Yves, que era por aonde eles vieram, a parte dos Réjis Lyckers, que era do outro canto do corredor do nível três, e a parte do meio, por onde os amigos foram que havia letra B, estava escrito no mapa: BANDERSNATCHES. Isso assustou um pouco os três.
Todo o lugar só tinha duas entradas. A porta #1 e a porta #2, por onde os seis entraram. Depois da porta dois, havia o corredor com as BOWs do nível um, depois o corredor do nível dois, depois o corredor do nível três, que tinha as três grandes partes de “ferro-velho”. Somente a parte dos Yves saía onde eles estavam. A compartição dos Réjis Lyckers e dos Bandersnatches dava na parte esquerda e de trás do prédio. As duas partes do nível três, Bandersnatches e Réjis Lyckers davam num corredor pequeno, com uma porta pra um segundo corredor e uma sala bem grande, que era uma sala de descanso. Na sala de descanso havia um pequeno quadrado no mapa dentro dessa sala, que com certeza era algum banheiro. Já o segundo corredor, que passava ao lado da sala de descanso, ia até o fundo do prédio, e curvava para a direita depois de um refeitório.
Essa era a metade do lado esquerdo do prédio. Se eles tivessem entrado pela porta #1, onde havia o computador solicitando senha na recepção abandonada, eles iriam passar por um largo corredor com quatro salas inutilizadas. Com certeza era só uma fachada, para não levantar suspeitas a qualquer intruso. Depois dessas salas inutilizadas, o lado direito do prédio tinha uma sala gigantesca, com várias portas e no mapa estava escrito nível zero (“O que seria mais fácil do que as BOWs do nível um?” os três se perguntaram mentalmente). Nessa mesma sala gigantesca nível zero, uma pequena parte dela estava destacada no mapa como SALA DE MONITORAMENTO / NÍVEL QUATRO – TYRANTS / ELEVADOR DE EMERGÊNCIA.
“Droga! Tyrants!” os três pensaram ao mesmo tempo. Aquele mapa estava começando a assustar os três! Aquela bosta de lugar era mais perigosa do que eles pensavam!
Em volta dessa gigantesca sala de nível zero e nível quatro havia um corredor que passava por toda a volta dessa sala. As duas pontas desse corredor eram os únicos caminhos de passagem para o lado esquerdo do prédio (onde os seis estavam), uma das pontas do corredor tinha uma porta que era a que estava trancada a frente deles, e a outra ponta do corredor, era uma porta que dava no corredor depois do refeitório. Se a porta a frente deles estava trancada, só sobrava a porta do corredor do refeitório para passar para a outra metade do prédio, e só Felipe, Bruno e Daniel passariam por lá, caso sobrevivessem os Bandersnatches...
- Droga! Onde será que o Capitão André tá?
- Não sei Alyssa! – respondeu Mauro pegando o papel da mão dela.
- Como a gente não se lembrou que B podia ser Bandersnatches! – Alyssa estava revoltada.
- Sei lá, Alyssa, - Andre falou confiante. – mas não dá pra gente ficar se lamentando agora! Eles já devem ter saído de lá.
- Mas o que será que tem no nível zero? – perguntou Mauro um pouco confuso com o papel nas mãos.
- Tomara que o Capitão teja lá! – Andre exclamou quase junto com Alyssa.
- E tomara que os três estejam bem, também... – Alyssa demonstrava preocupação com os três amigos. 
Imagine! Eles estavam enfrentando Bandersnatches!
- Tá, vamos lá. – Andre começou a explicar seu plano. – aqui diz que aquela porta lá é um arsenal. Eu vou lá, enquanto vocês dois procuram alguma coisa nos laboratórios.
- Ok. – Alyssa falou enquanto Mauro devolvia o mapa, e ela pôs no bolso de sua calça.
Jorge e Mattias haviam corrido para dentro do segundo hangar, o único que estava aberto. Dentro da porta gigante do hangar estava tudo escuro, mas foi a única opção para os dois. Foi erro deles ter avançado tanto na pista de vôo, e acabaram quase ficando cercados por agentes da Umbrella. Para impedir isso os dois correram para dentro do hangar.
Eles eliminaram quatro agentes da Umbrella que estavam dentro do hangar, e depois ficaram lá, esperando movimentação de agentes da Umbrella. Mattias foi baleado por uma pistola no braço, mas estava bem. Havia portas laterais de tamanho normal no hangar, mas estavam trancadas, a única maneira dos agentes da Umbrella entrarem seria pela porta gigantesca, e os dois estavam no escuro, prontos pra atirar em quem entrasse.
- Eles devem estar bem lá fora... – Mattias cochichou ao lado do português, quando percebeu que ele estava fazendo uma oração.
-... É, eles devem estar... – Mattias disse dessa vez pra si mesmo, talvez um pouco inseguro, afinal ele era um agente neutro antes do fim da FEAU.
Os dois esperam bastante lá, mas o tiroteio lá fora demorava a diminuir, era longo. A luz da noite ficava cada vez mais clara, somente a leve claridade da lua iluminando aquele lugar horrível no meio da floresta.
De repente algum objeto pequeno foi jogado para dentro do hangar, como uma pedra. O objeto quicou e parou a dois metros de onde eles estavam.
- Ave Maria! – o português gritou e já se levantou correndo para a luz.
Era uma granada!
Segundos depois, Jorge estava caído no chão, e todo o lado esquerdo de seu corpo ardia, os fragmentos da granada cravados no seu braço e na sua perna esquerda. Ele sentia um zumbido horrível no ouvido esquerdo, que sangrava, e sua cabeça doía. Ele levantou a cabeça, ainda meio atordoado, e quando a abriu os olhos ele viu o corpo de Mattias totalmente mutilado pela granada caído perto dele. Droga! A granada caiu nos pés dele!
Jorge lamentava-se por Mattias ter morrido, e ele sabia que foi muito sortudo em ter sobrevivido, mas o jogo ainda não tinha acabado, ele tinha que estar atento. Jorge procurou com o olhar a sua arma, mas ela havia caído em algum lugar no escuro. Ele viu uma sombra se aproximando na porta do hangar, procurando eles com uma P-90. De repente outra sombra apareceu se aproximando sutilmente atrás daquela e passou uma faca no pescoço da primeira. Era Wender!
Wender correu até Jorge depois do corpo do agente da Umbrella cair mole como um boneco, e Wender começou a carregar Jorge para fora, Jorge mancando com a perna esquerda, o corpo apoiado no de Wender enquanto ele lhe carregava pra fora.
- Mattias! Ele não conseguiu correr da granada! – disse enquanto eles saiam do hangar.
O tiroteio havia terminado, ou pelo menos pausado um pouco.
- Foi minha culpa! – disse Wender com uma voz de raiva. – Eu não vi ele escondido na rua! Se eu tivesse visto ele não teria jogado aquela granada! Vamos lá, acabou, só precisamos achar um jeito de entrar naquele lugar e salvar os garotos! Agüenta Jorge!
Os três caíram do outro lado da porta e a primeira coisa a fazer era trancar todas as trincas. Ainda dava pra ouvir os Bandersnatches batendo do outro lado da porta.
- Vamos lá. – disse Felipe levantando os amigos.
Eles estavam em um corredor pequeno, com quatro portas, duas à direita e duas a esquerda. As da esquerda, uma era a que eles acabaram de sair e a outra é a que vinha pelo caminho dos Réjis Lyckers. Não havia do lado direito da porta por onde eles saíram a porta de saída da parte dos Yves. Mauro, Alyssa e Andre saíram em algum outro lugar dentro daquela base. As duas portas da direita, eram iguais, mas uma delas tinha uma placa escrito SALA DE DESCANSO, e foi a que os três decidiram entrar primeiro.
Bruno estava desarmado e mancando, então Daniel preparou para entrar, Felipe chutou a porta e Daniel entrou mirando para todos os lados. Havia dois agentes sem capacete, sentados em uma mesa tomando xícaras de café, ou algo assim, e quando a porta abriu os dois tentaram mirar com suas pistolas, mas Felipe e Daniel foram mais rápidos e atiraram primeiro. Os dois agentes caíram na hora, e Bruno entrou depois. Havia um banheiro no canto da sala, uma máquina de refri, um freezer, uma mesa onde estavam os agentes, um sofá marrom um pouco velho, com uma televisão antiga na frente, um fogão, era praticamente uma sala para os funcionários, apesar das paredes parecerem estar no mesmo estado que eram quando aquilo ainda era um aeroporto.
Além daqueles dois agentes, a sala estava vazia, e tinha um cheiro de café novo no ar, uma cafeteira cheia e quente em cima da pia. Os três procuraram qualquer coisa que pudesse servir, um mapa da base talvez, ou alguém para fazer umas perguntas, mas não tinha nada mais ali.
Eles só ficaram com as pistolas dos agentes, pois era exatamente o que precisavam: armas. Bruno pegou uma, e Felipe a outra, pois sua SAF SMG esvaziou-se depois de matar aqueles agentes que estavam ali.
- Pois, pois... – disse Bruno enquanto saiam, Daniel já ia pegando umas bolachas que estavam em cima da mesa.
Os três saíram e se prepararam para passar a outra porta. Os três estavam tensos, e loucos pra sair dali logo. Eram muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Onde será que estava o Capitão André? Será que os amigos deles resistiram os Yves? Será que Van Der Wender e o resto da equipe estavam vivos lá fora no combate aos agentes da Umbrella? Será que eles conseguiram entrar na base? Será que Robson já estava a caminho com o helicóptero? Será que eles sairiam vivos dali?
Os três passaram a porta e estavam em um corredor que curvava a direita. Antes de curvar o corredor, os três decidiram entrar na única porta que tinha ali. Era um refeitório. Estava escrito na porta.
- Escuta! – cochichou Bruno. – Tem alguém ai dentro, tem um rádio ligado.
Dava pra ouvir fracamente através da porta um rádio tocando uma música típica, com certeza alguém estava ali.
- Vamos devagarzinho... – Felipe disse empurrando a porta lentamente.
Quando a maçaneta já estava aberta, Felipe jogou o corpo contra a porta e mirou para dentro. Um agente da Umbrella estava de costas e quando eles entraram ele se virou assustado.
- Parado!
- Fica quieto!
Os três miravam suas armas para o homem. Felipe e Bruno apontavam pistolas SIGPRO SP-2009, e Daniel sua metralhadora HK-36.
- Tá bom! Tá bom!
“Ele fala português!” os três pensaram imediatamente!
- Você fala português? – Felipe gritou e se aproximou do homem, Daniel fazendo o mesmo, a tensão tomando conta dos três, enquanto Bruno recolhia a pistola do homem.
- Sim! Eu sou brasileiro! Eu só tava comendo!
- Há, há... – Daniel riu-se do homem.
- Vai nos responder umas coisas!
- Sim! Sim! Qualquer coisa!
Felipe se acalmou um pouco e perguntou:
- Como te contrataram?
- Eu fui recrutado no exército!
- Fala mais! Por quem? Como! – Felipe estava pressionando o homem.
Ele era até parecido com Robson, da equipe FEAU, cabelo preto bem baixinho sem nenhum detalhe, olhos verdes, sobrancelhas finas e pele clara. Ele parecia estar com medo, e não parecia ser muito forte.
- Eu era do exército brasileiro, mas o dinheiro que eu recebia não dava pra cuidar da minha família. Ai um sargento meu, há cinco anos me recrutou pra essa empresa. Eu só tenho que cuidar do local, eu e os outros que tão aqui...
- Mas são todos brasileiros? – Daniel perguntou e Bruno já perguntou também:
- Qual era o nome do seu sargento?
- O nome dele era Jack Vandal. Ele tem muitas medalhas por conquistas, é um bom soldado. Não, não são todos brasileiros os que trabalham aqui. Poucos são brasileiros, a maioria são moradores locais, que aceitam trabalhar aqui, afinal, eles nos pagam bem.
- Mas tu sabe o que eles fazem aqui? – perguntou Bruno de novo.
- Eu já ouvi falar sobre BOWs, e até zumbis. Eu não sei o quê significa BOW, mas acho que são todos meio loucos aqui. Eu não sei de mais nada. Só sei que na entrada da porta dois eles cuidam de alguns animais. Mas os agentes como eu não passam por lá.
- Aqueles animais são BOWs! – Daniel exclamou.
- Vocês não sabem o que eles fazem aqui então? – Felipe perguntou.
- Não. Com o tempo aprendi que pela loucura das pessoas desse lugar é melhor fazer somente a minha parte. Mas eu sei algumas coisas porque eu sempre fico dentro da base, e as vezes escuto o que não devia, mas isso não é da minha conta.
- Fala! – Felipe gritou na cara do homem, que mantia as mãos levantadas.
- Se eu falar eu não sei o quê eles vão fazer pra mim!
- Fala! – os três gritaram juntos na cara do homem, assustando-o mais ainda.
- Tá bom, tá bom, eu vou explicar tudo. Têm agentes que são pagos pra fazer rondas lá fora somente, para impedir que intrusos apareçam. Há os que só ficam aqui dentro como eu, mas nós entramos sempre pela porta um, junto de algum cientista, só eles tem o código do computador de entrada. Também sei que essa é uma base só dessas tais BOWs, mas já ouvi falar sobre outras bases. Não conheço nenhuma outra base da empresa, mas acho que são espalhadas pelo mundo todo. Sei que tem bases só para reuniões, bases só de pesquisas com essas tais BOWs, bases só de laboratórios de pesquisas de alguma coisa, bases de treinamento, que eu não precisei passar porque já fui treinado no exército, e ouvi uma vez falar sobre uma tal Base Central. Não faço idéia onde fica, mas tenho certeza que é o coração da empresa. Eu não sei com o que eles trabalham aqui, mas sei que é algo ilegal, ou eles não se esconderiam assim, mas eu melhorei de vida depois que Vandal me ofereceu esse serviço, por favor, sou só um funcionário, não me façam nada, eu tenho filhos!
Os três se olharam, percebendo que o homem realmente estava com medo. Ele falava rápido, e sua cara suava.
- Aonde e quando você costuma ver esse tal Vandal? – perguntou Bruno.
- Nunca mais vi depois que ele me conseguiu esse emprego, há cinco anos. Eu saí do exército, mas ele eu não sei. Não faço idéia se ele ainda faz parte do exército brasileiro.
- Sabe alguma coisa sobre Endo Oono, ou Angelina Helena Pool? – Daniel perguntou baixando a voz um pouco, deixando os gritos de lado, afinal algum outro agente poderia ouvir.
- Uma vez ouvi falarem esses nomes. Sobre essa Angelina, ouvi falar ano passado que ela estava encarregada do Projeto Dados, ou alguma coisa parecida. Não sei o quê é, mas não sei mais nada sobre ela, nem nunca a vi. Já Endo Oono, ele já esteve aqui. Uma vez, faz dois anos, eu acho. Ele esteve aqui, para comunicar alguns cientistas sobre uma reunião na Base Central, e é ele que fiscaliza as bases, ele fiscaliza se nenhum de nós, agentes, não roubou nada, se ninguém mexeu nos computadores, e se os cientistas estão trabalhando direito. Acho que ele é bem importante na empresa. Ele até estava vestido com um terno bem caro.
- Como ele é? – Daniel perguntou curioso.
Antes mesmo de o homem responder Felipe e Bruno olharam para Daniel, os dois pensando a mesma coisa, a importância da pergunta que Daniel fez.
- Ele é coreano, eu acho, ele fala vários idiomas, é baixo, tem o cabelo bem escuro preto, um topete de empresário, ele anda sempre bem arrumado, sabe, já disse que usava roupas caras, ele tem uma cara séria, olhos pequenos, uma pinta no rosto e pele bem clara. Só isso que eu me lembro dele.
- E tu sabe alguma coisa do Capitão André?
- Quem, o prisioneiro? Há alguns dias chegou um novo prisioneiro, ele está preso no nível quatro, eu acho que é lá que ele está. Fazia tempo que não traziam nenhum prisioneiro, o último foi em 2009. Não sei o que fazem com nenhum dos prisioneiros. A mulher prisioneira que chegou por último em 2009, está até hoje presa no nível quatro. Não faço idéia o que fizeram ou vão fazer com ela, mas acho que o novo prisioneiro está lá também. Eu não sei nada sobre isso porque nós não podemos entrar lá. Só sei que esse novo prisioneiro quase escapou, ele foi pego enviando um e-mail pra alguém esses dias. Não sei nada sobre ele.
- Rí, ríiiiiii...
- Pois é, nós viemos buscar ele. – Bruno falou rindo.
- Onde é o nível quatro? – Felipe perguntou continuando sério.
O homem se virou e puxou um papel que estava sobre uma mesa, era um mapa. Ele mostrou o mapa para os três, e eles viram que era o mapa de todo aquele lugar. O prédio era dividido no meio, do lado esquerdo ficava o nível um, nível dois, as três partes do nível três, a sala onde eles estavam agora, a sala de descanso que entraram anteriormente, uma sala de armas, e vários laboratórios. Com certeza Mauro, Andre e Alyssa estavam passando pelos laboratórios e pela sala de armas. Do outro lado do prédio, o lado direito, ficava as salas que não eram usadas depois do computador de entrada na porta #1 na falsa recepção, e uma sala muito grande, dividida em NÍVEL QUATRO, NÍVEL ZERO e SALA DE MONITORAMENTO.
- O que têm no nível zero? – perguntou Bruno soltando o papel na mesa novamente.
- Não sei, não há agentes naquele lado da base. Nós só passamos por lá pra entrar e sair da base, sempre junto de algum cientista. Somente os cientistas andar por lá. – o homem parecia estar mais calmo agora que só Felipe apontava a arma para ele, mas seu suor era inevitável, e ele estava imóvel, só falava, sem tirar os olhos de Felipe e sua arma.
- Tem algum cientista aqui agora? – perguntou Felipe sério.
- Só um, o pesquisador-chefe dessa base. O nome dele é Mario Bittencourt. Ele usa óculos, está sempre de jaleco, tem uma barbicha preta e o cabelo loiro escuro. Ele até parece louco as vezes, esquizofrênico.
- Onde ele tá?
- Deve estar na sala de monitoramento.
- E alguém já sabia que nós estávamos aqui? – perguntou Daniel.
- Sim. Há alguns minutos ele informou todos agentes daqui de dentro que um grupo de intrusos estava em batalha lá fora, e que seis deles entraram. Ele estava assistindo tudo pelas câmeras, e quando viu que os seis conseguiram entrar, fechou automaticamente a porta pra que os outros ficassem do lado de fora. Mas ele disse pra nós nem nos preocuparmos com vocês, porque ele disse que vocês não passariam dos animais do nível três. Ele até chamou um batalhão para fazer uma ronda pela cidade, para que investigassem se não há ninguém esperando vocês na cidade com algum veículo de fuga, ou algo parecido. Foi isso que ele disse. E ele disse que um segundo batalhão está a caminho daqui, pra não deixar os amigos de vocês saírem vivos daqui. O camburão deve estar chegando já.
- Desgraçado! – exclamou Daniel. – Não tem câmeras aqui, né?
- Não, somente nos corredores, nas entradas, nas celas dos animais de todos os níveis, e todo o lado direito do prédio.
- E por onde podemos sair daqui? – perguntou Felipe baixando a arma também.
- Sigam pelo corredor, passem a primeira porta, e estarão no lado direito da base, no corredor que faz a volta no nível zero. Por lá vocês podem ir até o nível quatro se quiserem, mas naquele corredor há algumas janelas abertas eu acho, é o máximo que sei. Mas por favor, não façam nada pra mim, eu falei tudo que queriam, eu preciso viver, eu tenho filhos.
O homem realmente estava com medo. Ele se sentou numa cadeira, e ficou olhando com medo e receio para os três, implorando piedade.
- Não vamos fazer nada pra você, mas não fale pra ninguém sobre nós. – Felipe disse já indo em direção a porta.
- E um conselho... – disse Bruno abrindo a maçaneta já para sair. – Pense mais quando for aceitar um emprego, e saiba bem do que se trata.
- É, - Daniel terminou. – e acredite, zumbis existem.
- Mas quem são vocês?
- Alguém que vai acabar com tudo isso. – Felipe disse e puxou Daniel e Bruno para fora.
Wender estava saindo do hangar com Jorge apoiado a seu corpo, haviam acabado os agentes da Umbrella, e do outro lado da pista, Mateus e Harry vinham vindo, o australiano apoiado em cima de Mateus igual a Jorge estava com Wender. Os que estavam em melhores condições eram Wender e Mateus, mas Wender se culpava por não ter conseguido impedir que tantos membros da equipe morressem. Era hora de tudo isso acabar logo!
- Wender! – Harry falava enquanto ele e Mateus se aproximavam do holandês e do português. – Acabou!
- É! – Wender disse em resposta, chegando a frente deles, os quatro parando onde estavam, quase em baixo de um grande avião abandonado no meio da pista de vôo, e Jorge se sentou no chão, exausto e todo machucado pela explosão da granada.
- Mas agora temos que encontrar um jeito de entrar lá e salvar os garotos! – Wender falou com a voz rápida depois de uma pausa.
Wender não queria deixar o cansaço tomar conta do seu corpo, a missão ainda não tinha acabado.
- Não podemos nos esquecer por que estamos aqui. – Wender disse olhando para os três. – viemos aqui para salvar o Capitão André, e não pra a FEAU acabar de uma vez.
- Ah... Droga, eu preciso de uma cama e um chá. – disse Jorge falando bem alto, aparentemente ficou surdo do lado esquerdo por causa da granada. Seu ouvido escorria sangue.
Nisso um disparo muito alto ecoou pela vazia pista de vôo, e sangue respingou da cabeça de Harry, o corpo caindo violentamente entre os outros três, tudo muito de repente.
- Droga! – exclamou Mateus se virando para trás.
Eles nem tinham percebido que um furgão da Umbrella igual ao que eles explodiram na favela apareceu na estradinha que vinha da estrada, e estava parado do outro lado da barricada feita pela própria Umbrella. Vários agentes da Umbrella saiam de trás do furgão, se espalhando pela floresta em volta do lugar e alguns agentes entrando na pista de vôo.
Os três tentaram correr, mas em uma fração de segundo o forte rifle disparou novamente e Jorge caiu antes mesmo que tivesse tempo de levantar de onde estava sentado. Wender e Mateus não tiveram tempo de pensar em outra coisa além de correr pra dentro do hangar. Tentar se defender atrás de alguma coisa ali seria inútil contra aqueles potentes rifles de precisão.
- Corre Mateus! – Wender gritava, os dois correndo como loucos até o hangar.
O rifle disparou outra vez, e pedaços de umas caixas ao lado de Wender estouraram com o tiro. Mateus passou primeiro pela porta gigante do hangar, e Wender estava passando pela entrada quando o forte rifle disparou novamente e Wender caiu.
- Wender! – Mateus gritou enquanto já se virava para puxar Wender para dentro do hangar.
Mateus segurou nos braços de Wender e lhe arrastou para dentro, Wender gemendo, e outro tiro estourou perto das pernas de Wender.
- Pegou o seu ombro, mas acho que foi só de raspão!
- Droga! Eu contei pelo menos uma dúzia! – Wender dizia olhando para o ombro ensangüentado com uma cara de dor.
- Há um Sniper! O desgraçado matou Jorge e Harry! – Mateus estava brabo também, pois os amigos dele estavam morrendo!
Mateus arrastou Wender para um canto mais escuro, e os dois ficaram mirando para a porta gigante, iluminada pela lua, e o céu estava começando a ficar claro, mas uma chuva começou, e estava engrossando rapidamente.
Robson já estava entediado só andando em volta do helicóptero. Faltava pouco pro sol nascer, e faltavam menos de dez minutos pra fechar uma hora, o combinado para ele ir procurar os outros. Robson não sabia mais que música cantar, e nem pra o quê olhar, o tédio e a preocupação aumentando a cada momento, e ele não conseguia pensar em outra coisa além de “o quê será que está acontecendo cm eles?”.
“... Eles estão bem”, dizia o pensamento de Robson.
“... Ou não! Se estivesse tudo bem já deveriam ter voltado!”, ele estava muito nervoso e preocupado.
Será que estavam bem mesmo? Será que estavam todos vivos? E será que o Capitão André já estava com eles?
O helicóptero estava estacionado na beira da estrada onde os outros deixaram ele e entraram na floresta. A única luz que tinha era a sua lanterna, que ele deixou acesa no banco do lado do helicóptero. Ele estava sentado no banco do piloto no helicóptero, a cabeça pensativa encostada no painel, preocupado com a equipe. Não passava nenhum carro na estrada, e escuridão da floresta ao lado dele o assustava.
Ele se lamentava por não terem se equipado com nenhum tipo de comunicador.
O nervosismo aumentando muito! Ele tinha que fazer alguma coisa logo!
“Que se dane a uma hora!” Ele não se agüentou mais e começou a ligar o motor do helicóptero.
De vagarzinho as hélices do helicóptero começaram a girar. Ele já estava botando seu capacete de piloto, quando de algum lugar vieram tiros, um jato de balas estourando na lataria do helicóptero.
Robson se assustou, deu um pulo dentro do pássaro e sua mão reflexivamente pegou a Glock no banco, e a outra mão pegou a lanterna. Quem seria? Fugir não era a melhor opção, podia ser a equipe voltando, e alguns agentes da Umbrella atrás deles; Robson tinha que verificar se era isso mesmo...
Sem desligar o helicóptero, as hélices girando a toda força já, fazendo balançar as árvores mais próximas, ele desceu do helicóptero e se preparou para adentrar um pouco a floresta e verificar o que houve.
Ele começou a andar cuidadosamente para o escuro total da floresta, a lanterna e a pistola apontadas juntas para o escuro, e tudo parecia quieto, o único som era das hélices do helicóptero se distanciando cada vez mais. Ele avançava passo por passo, cada vez mais pra dentro das árvores, e a fraca distancia que a lanterna atingia não era o suficiente.
Ele caminhou por um ou dois minutos no escuro, galhos se batendo na cara dele, mas não havia sinal de quem havia disparado aqueles tiros, nem da equipe se aproximando. A preocupação de Robson aumentou! E se fosse mesmo a equipe voltando até o helicóptero, e os tiros que Robson ouviu poderiam ter sido realmente tiros de agentes da Umbrella, tiros que mataram os agentes da FEAU, e por isso Robson ainda não havia encontrado ninguém na floresta. Era uma possibilidade, mas Robson tinha que se certificar.
Ele avançou mais um pouco a floresta, durante mais uns minutos, mas sem sorte, então decidiu esquecer e voltar para o helicóptero, foi quando alguém o surpreendeu com uma coronhada nas costas. Ele quase caiu no chão, mas se virou com dor e levou um soco na cara! O inimigo caiu em cima dele, tentando lhe enforcar, mas ele segurava os braços do homem! Sua pistola caiu fora do seu alcance, e ele não conseguiu ver onde estava a arma do inimigo! As mãos do homem apertavam o seu pescoço, e ele estava perdendo o ar!
Com o escuro ele sequer conseguia ver a cara do homem que estava lhe matando. Ele nunca foi bom de briga, mas não era aquela briga que ele ia perder! Robson esticou o pescoço para frente e mordeu com força a mão do homem, que gritou e recuou, dando tempo para Robson se levantar.
Robson levantou-se rapidamente e o empurrou! O homem tropeçou e caiu de costas. Robson viu a lanterna caída no chão iluminando um espaço de mato onde estava sua pistola. Ele voou pra pegar sua pistola, e quando a pegou o homem estava apontando uma metralhadora para o peito de Robson!
Robson não se intimidou e atirou no homem, recebendo em troca um jato de balas que por sorte não lhe acertaram.
- Nojento! – disse ele juntando sua lanterna e cuspindo o sangue da mão do homem.
O agente da Umbrella estava morto no chão da floresta. Robson começou a caminhar, quando mais tiros foram disparados por algum lugar no escuro, ele sentindo as balas estourarem em árvores perto dele! Ele começou a correr pro helicóptero, atirando às cegas com sua Glock para todos os lados, mas os tiros contra ele não paravam!
Ele corria se batendo em árvores, e já estava todo arranhado pelo mato quando conseguiu se livrar daquilo e saiu na beira da estrada, o helicóptero ligado lhe esperando, e a chuva tinha apertado. Ele correu até a porta do helicóptero, e ficou mirando com a pistola para o mato, esperando, seu coração acelerado e tenso.
Estava começando a ficar claro pela luz do dia que estava quase aparecendo. Ele esperou, e em poucos segundos saiu uma sombra do escuro, e ele atirou duas vezes, e a sombra caiu! Ele continuou mirando com a pistola, e mais um homem saiu do escuro da floresta, já metralhando! Robson se jogou no chão, os tiros estourando na lataria do helicóptero novamente! Ele rolou para conseguir ver melhor o agente da Umbrella, e disparou três vezes, o segundo e o terceiro tiro derrubando o homem.
Robson se levantou e correu pra dentro do helicóptero. Ele botou o cinto de segurança e seu capacete novamente, mas viu que uma mensagem estava escrita piscando no painel do helicóptero, avisando que parte do motor foi danificado. Isso significava que ele demoraria mais para chegar no tal aeroporto. E com certeza as coisas não estavam bem com a equipe da FEAU! Se estivessem, eles já estariam de volta e Robson não teria enfrentado agentes da Umbrella!
- Peguem isso! – disse Andre entregando uma P-90 para Alyssa e outra para Mauro ao voltar da sala de armas, ele também estava com uma P-90.
Os três encheram os bolsos com pentes de munição para as metralhadoras, e Andre mostrava as granadas que conseguiu. Ele disse que teve que matar só um agente da Umbrella na sala de armas, e que não havia muitas armas, mas havia muita munição.
Os três já estavam se preparando para voltar pelo caminho dos Yves, já que agora tinham armas com bastante munição e não tinham mais pra onde ir. Eles tinham que torcer para que Bruno, Felipe e Daniel encontrassem o Capitão André no lado direito da base, já que só eles poderiam estar daquele lado.
Os laboratórios número sete, seis, cinco e um estavam trancados, mas nos outros, a busca de Mauro e Alyssa valeu a pena enquanto Andre foi à sala de armas. No laboratório oito não encontraram nada demais, apenas muitos papéis com códigos que eles não entenderam.
Já no laboratório quatro, eles acharam umas fichas, com uma foto e informações sobre algumas pessoas que trabalham para a Umbrella. A ficha de Angelina, Endo Oono, um cientista chamado Mario Bittencourt, um soldado de nome Jack Vandal, e outro homem chamado Niko Montana.
No laboratório três também não encontraram nada demais além de um computador, que certamente foi o que o Capitão André usou para enviar o e-mail para Wender. Mas no laboratório dois Alyssa e Mauro encontraram uma maleta com oito amostras do antivírus. Felicidade total!
Agora mesmo que Daniel, Bruno ou Felipe estivessem infectados, eles poderiam lhes salvar com o antivírus, ou até mesmo o Capitão André, caso encontrassem ele infectado. Os três estavam determinados voltar pelo caminho dos Yves, e passar pelo caminho dos Bandersnatches para tentar encontrar os outros três.
Os três se preparam, dividiram as granadas e munições, Alyssa carregava a maleta com o antivírus e Mauro carregava as fichas com os nomes, e Andre abriu a porta dos Yves.
Felipe, Daniel e Bruno caminhavam pelo corredor que passava em volta do nível zero. De frente para a primeira curva do corredor estava a janela aberta que o agente havia lhes falado. Uma cortina velha e esfarrapada balançava com o leve e suave vento que entrava pela janela, junto com uma fraca luz que vinha da rua, apesar de que já estava quase pro sol nascer. Eles olharam pela janela e viram uma praia, um barranco de terra da janela até a areia da praia, e muita chuva. Eles curvaram o corredor, e seguiram, passando por quatro portas do nível zero, todas de ferro, sem nenhuma janela, para que os três pudessem ver e descobrir o que havia no nível zero.
Eles curvaram o corredor de novo, e entraram na primeira porta. Estavam no corredor em que tinha as salas inutilizadas, e até chegaram do outro lado da porta da recepção, do lado de dentro, e sabiam que do outro lado era a recepção que tinha aquele computador da porta um. Eles voltaram para o corredor em volta do nível zero, esperando não encontrar nenhum agente da Umbrella.
A porta que passava para os laboratórios estava trancada, e certamente Mauro, Alyssa e Andre estavam por ali. A única porta que restou foi à porta da sala de monitoramento, que era dividida com o nível quatro e nível zero. Foi muito bom eles terem visto o mapa do local quando interrogaram aquele homem, se não, a confusão na cabeça deles seria maior.
Os três entraram, e estava tudo escuro. Eles caminharam no escuro tentando achar um jeito de acender alguma luz, quando de repente luzes se acenderam, e os três se assustaram com o lugar em que estavam. Eles estavam no lado da sala que era o nível quatro, e um vidro (certamente um vídeo super-resistente) dividia o nível quatro da sala de monitoramento. Eles puderam ver que na sala de monitoramento havia fileiras de computadores, muitas cadeiras, e monitores mostrando cada corredor de todo o lugar.
Mas o que assustou os três não estava do lado de lá do vidro, e sim do lado deles, no nível quatro, havia sete tanques de água, e dentro de cada um, havia alguém, alguém que já não era mais humano. Nos sete tanques havia Tyrants, um em cada um. Os Tyrants eram irreconhecíveis, pois a água dos tanques era escura, mas era impossível não imaginar Tyrants dentro de tanques d’água como aquele.
- Nossa! – disse Daniel sentindo um arrepio de medo no corpo todo.
- Agora a gente sabe o que tem no nível quatro. – Bruno disse passando caminhando na frente de cada um dos tanques.
- Droga! Imagina se eles chegam a sair daí! – Daniel exclamou.
Os três ficaram bobos parados olhando para as criaturas horríveis dentro dos tanques. Era muito assustador! O tamanho deles! A forma deles! Tudo ali era horrível!
- A gente tem que dar um jeito de passar esse vidro e procurar o Capitão André nas câmeras, e sair logo daqui. – Felipe falou procurando algum botão ou algo parecido que abrisse o forte vidro, apesar de que o medo de ficar de costas pros tanques era muito grande.
- Não vão encontrar ninguém! – uma voz rouca soou em algum alto falante do lado em que eles estavam do vidro, e do outro lado, uma cadeira giratória que estava de costas se virou e um homem levantou.
Ele não era muito alto, tinha um cabelo loiro escuro todo espetado, usava óculos, tinha uma barbicha preta, sobrancelhas pretas e grossas, e uma cara de louco, um sorriso distante na cara dele. Era o cientista chamado Mario Bittencourt. Com certeza era ele! Ele estava de jaleco branco, e até luvas cirúrgicas, aquelas brancas e fininhas. Só podia ser ele!
- Eu quero que conheçam o meu amigo... – a voz dele soou no alto falante novamente após uma insana risada.
No mesmo momento o subiu um elevador de emergência ao lado dele, e no elevador estava outro homem. Este era mais baixo, tinha um cabelo bem preto e com topete, tinha olhos pequenos e uma cara muito séria e concentrada. Este vestia um elegante terno preto, e sapatos marrons que brilhavam de longe, de tão novos.
Logo os três reconheceram os dois homens. Era o cientista que o agente havia lhes falado, e o outro era Endo Oono, o coreano desgraçado que quase acabou com a Capcom. Era muito fácil de reconhecer Endo Oono, pois estava com roupas caras, e a cara de estrangeiro era clara, principalmente pelos pequenos olhos. Endo Oono estava sério e concentrado olhando os três do outro lado do vidro, mas o cientista maluco olhava pra eles com um sorriso assustador na cara.
- Desgraçados! – Daniel gritou.
Endo Oono continuou sério, mas o cientista riu-se de Daniel e se aproximou do vidro.
- Não achei que vocês chegariam até aqui. Vocês me surpreenderam, crianças.
- Cala boca Einstein! – Daniel gritou.
Os três estavam irritados em ver o homem. O que será que ele pretendia agora que estava frente a frente com eles? E Endo Oono, o que estava fazendo ali na base em Bahamas?
- Bom, a essa hora, os amigos de vocês devem estar morrendo lá na pista de vôo, em confronto com o batalhão de reforço que acabou de chegar. E se vocês tinham alguém lhes esperando na cidade, algum carro ou helicóptero, com certeza já está morto também, pois mandei um pequeno batalhão para patrulhar a cidade e as estradas próximas a floresta.
Os três engoliram seco, o medo tomando conta deles. Com certeza o homem estava certo, Wender e o resto da equipe lá fora podiam estar morrendo agora, e Robson podia estar morto já lá no helicóptero. Eles estavam acabados!
- Bom, este aqui em meu lado é Endo Oono, um elemento muito importante na nossa corporação. Eu o chamei aqui para ele assistir de camarote comigo todos vocês morrerem.
- Filho da put... – Daniel gritou.
- O que vocês querem? – Felipe perguntou chegando mais perto do vidro e olhando o cientista de perto. – Pra que vão servir esses monstros?
- Há, há, há... Evolução! Nós um dia conseguiremos achar o monstro perfeito, que possa ser domesticado. Mas acho que já estou falando demais, é hora da ação começar.
- Começar!? Você é louco! – Bruno exclamou.
- Isso mesmo! Há, há, há, há... Chegou à hora da famosa FEAU acabar de uma vez por todas! Vocês já causaram muitos problemas para a Umbrella!
- Onde tá o Capitão André? – Bruno gritou antes que o homem falasse outra coisa.
- É isso que vocês vão ver agora! E também vão ver um velho amigo de vocês... Ou pra ser mais exato, uma velha amiga. Há, há, há...
O homem gargalhava, enquanto Endo Oono sério se aproximou de um computador, e começou a teclar umas coisas, até que dois dos tanques dos Tyrants se esvaziaram, a água toda escoando por algum cano, fazendo os dois Tyrants acordarem.
Foi aí que Felipe, Bruno e Daniel tremeram. Um dos Tyrants era o Capitão André!
- Bosta! – Bruno exclamou se afastando dos tanques.
O Capitão André era aquele Tyrant sim! Por mais deformada que estava a cara dele, dava pra reconhecer que era o capitão. Metade de sua cara ainda estava normal, os escuros olhos dele demonstrando uma raiva incontrolável enquanto ele batia fortemente no vidro em volta dele, o vidro do tanque abrindo pequenas rachaduras a cada batida. Seu corpo estava todo deformado, gosmento e nojento, escuro como o Tyrant que eles mataram na floresta no vilarejo São Miguel. O braço esquerdo do capitão estava transformado num tentáculo de várias pontas. Ele estava até mais alto, estava nu, mas o olhar dele que estava amedrontando os três. Com certeza aquele não era mais o Capitão André. O Capitão André estava morto, aquele era só mais um monstro feito pela Umbrella.
O outro Tyrant que acordou demorou mais para eles reconhecerem quem era, mas somente Felipe e Daniel reconheceram. Era a diretora da escola Dom Feliciano, de Gravataí, a que fugiu de Felipe e Daniel dentro da escola em 2009 quando Gravataí foi infectada pelo T-Vírus. Os dois achavam que ela tinha morrido, mas ali estava prova de que não. Ela estava nua como o Capitão André, mas seu corpo era irreconhecível, seu braço direito agora era um tentáculo grande e assustador, só que mais assustador ainda era a cara dela, a metade que ainda estava normal e que ainda tinha um pouco de cabelo, olhava para eles com raiva e fome. Aí eles perceberam, que a prisioneira que o agente contou pra eles que foi trazida pra aquele base em 2009, era a diretora! Ela batia forte no vidro, e como o tanque do Capitão André, o vidro estava começando a rachar.
- O que fizeram com o Capitão!? – Felipe exclamou irado.
- Bom... – começou o cientista agora com uma cara de satisfeito. – Ele merecia no mínimo isso, depois de causar tantas encomodações para a empresa, ele e a sua querida FEAU. Há, há... Que ridículo! Forças Especiais anti-Umbrella! Parece nome de liga da justiça. – o desgraçado não parava de gargalhar. – A mulher recebeu isso graças à coragem que vimos nela. Vocês não ficaram sabendo, mas um agente do batalhão da Umbrella que estava em Gravataí não morreu para a equipe de vocês, e ele encontrou ela dentro de uma escola fugindo de um Lycker. Ele a trouxe para cá, e não sabíamos o que fazer com ela, então pensamos em dar esse “presente” para ela e guardá-la aqui até o dia que vocês aparecessem, para uma reunião familiar, há, há, há... Vocês são muito ingênuos em pensar que poderiam vencer a Umbrella, ainda mais vindo até aqui e entrando em uma de nossas bases com pessoas que nem são treinadas para combate, e crianças como vocês! Mas agora vocês vão pagar por isso! Vocês foram tolos demais em entrar aqui. Quando eu vi pelas câmeras vocês entrando pela porta dois, imediatamente fechei a porta automaticamente, e só seis de vocês entraram, exatamente os seis que eu queria! Quem vocês acham que abriu as portas dos corredores do nível um, dois e três? Eu estava monitorando vocês o tempo todo. Bom, meu amigo Senhor Oono, ative a autodestruição e abra todas as jaulas! Solte todos os monstros! É hora do show!
Nisso, Endo Oono teclou de novo no computador, e um alarme começou a soar dizendo com uma agradável voz de mulher: “A AUTO-DESTRUIÇÃO FOI ATIVADA. TODOS DEVEM SAIR DO COMPLEXO E SE DIRIGIREM À PISTA DE VÔO, POIS O PRÉDIO SERÁ AUTO-DESTRUÍDO EM CINCO MINUTOS! REPITO: A AUTO-DESTRUIÇÃO...”
- Agora que todas as jaulas estão abertas, os seus amigos vão ter com o quê se divertirem! Há, há, há, há, há...
- O que fizeram com Mauro, Andre e Alyssa? – Felipe perguntou com mais raiva, e os Tyrants começando a quebrar os tanques bem ao lado dos três.
- Neste momento eles estão voltando pela passagem dos Yves no Nível três, eles pretendem voltar e ajudar vocês três, mas estão muito equivocados, pois todos os níveis acabaram de serem abertos, e todas as BOWs vão partir pra cima deles, afinal, estão todas famintas há muito tempo. Há, há...
Endo Oono continuava sério atrás do cientista louco, e os Tyrants já estavam quase saindo dos tanques.
- O que tem no nível zero? – Felipe perguntou falando rápido, os três se preparando para fazer alguma coisa contra os dois Tyrants, o nervosismo tomando conta deles.
- Vejam vocês mesmos! – respondeu o cientista apontando outro botão pro coreano apertar, e um televisor no canto da parede do lado dos três começou a mostrar por uma câmera o que tinha no nível zero, que ficava na do outro lado da parede atrás dos tanques dos Tyrants e atrás dos computadores da sala onde o cientista estava.
A câmera mostrava de cima todo o grande salão que era o nível zero. Era uma sala sem nenhum móvel ou objeto qualquer, era apenas um grande salão fechado em volta. Mas aquele gigantesco salão estava congestionado de zumbis!
- Droga! – Bruno exclamou.
- Há, há... E agora estão sendo soltos! As quatro portas do nível zero estão abertas, e os zumbis logo estarão todos soltos pelos corredores deste lugar, pena que eu não vou poder ficar e assistir vocês serem comidos vivos! Há, há... Vocês três sendo comidos por zumbis, e os três amiguinhos de vocês pelos monstros do nível um, dois e três, enquanto seus amigos lá fora são eliminados um a um por meus homens. A Umbrella sempre vai vencer, crianças! Há, há, há...
O braço da diretora Tyrant já estava pra fora do tanque, e estilhaços saltavam do tanque do Capitão André.
O cientista era muito maluco, não parava de gargalhar mais, parecia mesmo que ele estava se divertindo! E muito ao contrário dele, Endo Oono mostrava uma cara muito séria, um porte elegante, mas eles podiam ver no fundo da expressão de olhar dele, um olhar diabólico, esperto, que estava apreciando aquilo também, um olhar de confiança, ele estava muito tranqüilo, pois sabia que sairia vivo dali, e os três não. E isso irritava os três, a nojenta cara esnobe dele, e as gargalhadas do cientista doido.
“... O PRÉDIO SERÁ AUTODESTRUÍDO EM QUATRO MINUTOS...”
- Vamos. – Endo Oono falou em português, mostrando uma voz grossa e séria.
- Ok. – disse o cientista tirando o sorriso da cara de repente e pegando um celular.
- Jack, é o Doutor Bittencourt, prepare a nossa fuga no subterrâneo, eu e Oono estamos a caminho. Já estaremos ai. – ele disse no celular, obviamente falando com aquele Jack Vandal, o soldado, pois com certeza não haveria outro Jack naquelas condições.
- Agora, espero que aproveitem bem a festa, adeus, pois não vamos nos ver mais. – disse ele olhando para os três, enquanto Endo Oono já lhe esperava no elevador de emergência.
- Vai morrer seu merda! – Daniel berrou e metralhou o vidro com sua HK-36, o cientista na mira dele, mas as balas ricochetearam no vidro estourando no chão e nas paredes laterais da sala, sem fazer nenhum estrago no vidro.
O cientista de cabelo espetado soltou uma irritante gargalhada, mais alta e forte que as anteriores, e ficando sério novamente, entrou no pequeno elevador aberto dos lados, ele e Endo Oono sumindo enquanto o elevador descia para o subterrâneo.
- E agora? – perguntou Bruno assustado, os três começando a ficar apavorados com os gritos dos Tyrants.
- A janela! – Felipe respondeu sem nem perceber que estavam gritando, enquanto Daniel já abria a porta para eles voltarem pelo corredor que agora com certeza estava cheio de zumbis.
- Vamos!  - Daniel gritou se jogando com toda força pra fora, Felipe e Bruno atrás dele, correndo desesperadamente, e nesse mesmo momento a diretora monstro se soltou do tanque, dando um forte grito, enquanto o Capitão André quebrava os últimos pedaços do vidro em volta dele e também se libertava do tanque.
Andre, Mauro e Alyssa estavam voltando pelo caminho dos Yves, mas agora estavam mais “desesperados”, pois o som que eles estavam acostumados a ouvir nos jogos Resident Evil, desta vez estava soando em volta deles.
“... REPITO: O PRÉDIO SERÁ AUTODESTRUÍDO EM QUATRO MINUTOS...”.
E pra piorar, agora em vez de Yves naquele horrível “ferro-velho”, por alguma razão os monstros do nível um e dois estavam espalhados por ali também. O que será que estava acontecendo? Será que Bruno, Daniel e Felipe estavam vivos? Será que eles encontraram o Capitão André? Será que lá fora o resto da equipe estava bem?
- O que houve?! Por que todos os monstros tão aqui?! – Mauro exclamou.
Mauro e Alyssa já tinham gastado uma granada, pra eliminar um Lycker e um Hunter que tentaram se aproximar.
Os três corriam pelo meio das carcaças de carros, a cada curva encontrando-se com mais um monstro, o lugar estava infestado!
Os três corriam, Alyssa carregando a maleta com as amostras, e Mauro com as fichas pra dentro da cintura, ele estava sem camisa, e podia-se ver que as queimaduras no corpo dele já estavam mais vermelhas do que antes.
De repente de algum lugar um Cérbero saltou e caiu em cima de Mauro, ele ficou caído no chão, brigando com o cachorro. Andre continuou correndo, e quando percebeu Alyssa já tinha matado o cachorro, mas agora o ombro de Mauro sangrava pela mordida.
- Vamos! Lá fora a gente te cura Mauro! – Alyssa disse levantando o amigo do chão.
Enquanto isso Andre estava atirando em um macaco infectado que saltava pelos carros mais altos, cravando suas garras em forma de foices nos locais onde parava. Andre estava atirando no bicho, enquanto Alyssa disparava numa aranha que se aproximava de Andre.
- Vamos!
Os três voltaram a correr, os três disparando enquanto corriam, todos os tipos de monstros partindo pra cima deles. Aranhas; macacos com mãos de foices; Cérberos; Chimeras sobrevoavam eles; Hunters de todos os tipos; Lyckers e Réjis Lyckers; Glimers; os Yves que sobraram; escorpiões do tamanho dos Glimers; e até gatos infectados, ferozes.
Enquanto os três corriam desviando da maioria das aranhas e Glimers, Mauro gritou:
- A gente não pode ir atrás deles assim! O prédio ta infestado e vai explodir a qualquer momento!
- Eles devem ter saído daqui já! – Andre falou correndo ao lado dos dois.
- Tomara que tenham mesmo! Mas como vamos sair?
- A gente resolve! – Andre disse, o alarme agora avisando que faltavam três minutos.
Nisso um Cérbero pulou de frente para eles, os três desviaram um para cada lado, o cachorro caindo longe deles, os três não parando de correr, para não perder o embalo.
Mauro disparou num Chimera que estava se aproximando deles, os tiros da P-90 afastando o monstro feio e fazendo saltar uma gosma amarelada pelos buracos dos tiros. Andre acertou mais um Cérbero, mas ai um Glimer saltou de algum lugar e se grudou com os dentes no pescoço de Alyssa. Alyssa gritou, deixando a maleta e a arma cair, as mãos indo diretamente no bicho. Andre pegou o “sapinho” com as mãos e o jogou longe, depois o metralhou.
Mauro juntou a maleta e os três voltaram a correr.
 - Tá bem Alyssa?
- Vamos! – ela respondeu, enquanto tentava mirar em um Lycker que estava a uns dez metros à frente, o seu pescoço ardendo e sangrando.
Andre jogou uma granada aos pés de dois ou três Hunters que se aproximavam pela direita deles, a explosão acertando também outro Cérbero e alguns escorpiões.
Eles estavam correndo, quando um gato zumbi saltou na cara de Mauro, lhe derrubando no chão.
Mauro puxou o gato e o jogou longe, o perdendo de vista. Mauro se levantou com a cara toda arranhada, pegou a maleta, mas quando se preparavam pra correr de novo, um Réjis Lycker apareceu na frente deles.
Eles pararam e Andre atirou, mas Alyssa soltou uma granada e os três recuaram, a explosão fazendo o monstro recuar. Um escorpião que estava em baixo de um carro esticou seu ferrão, quase acertando o pé de Mauro.
Os três passaram pelo lado do Réjis Lycker e voltaram a correr, vários Hunters e Cérberos correndo atrás deles também. Eles não tinham uma noção se estavam perto da porta que voltava pro nível dois ou não, mas de repente um carro balançou quando um leão zumbi saltou em cima do carro, e rugiu forte quando viu os três.
Felipe, Daniel e Bruno viram mais zumbis no corredor do que a quantidade que tinham visto no televisor. Eram muitos zumbis. Até a primeira curva do corredor haviam poucos, com espaço suficiente para desviar deles, mas quando fizeram a curva no corredor que fazia a volta no nível zero, se surpreenderam.
O corredor estava totalmente infestado de zumbis, um congestionamento de mangolões, mas não era nada engraçado, pois a única saída que eles tinham ficava na outra ponta do corredor, a janela aberta.
Logo de começo, quando viram todos aqueles zumbis, os três desejaram sorte um para o outro, e desejaram também ter umas granadas, seria ótimo e até divertido num corredor apertado e comprido como aquele cheio de zumbis, mas eles precisavam de muita munição! Os três começaram a se meter entre os zumbis, eles tinham que chegar logo até o outro lado, pois o alarme avisava que faltavam só dois minutos para a autodestruição.
Eles se metiam no meio dos zumbis atirando com suas pistolas e Daniel com metralhadora, mas mesmo acertando todos na cabeça, não paravam de sair zumbis das quatro portas que anteriormente estavam fechadas, e não havia como evitar serem mordidos! Eles já estavam sendo tremendamente agarrados pelos zumbis!
Foi só nessa hora que os três perceberam que desde que tudo começou, desde Gravataí, na missão no vilarejo, no shopping e no Rio de Janeiro, os três eram os únicos que ainda não tinham sido mordidos. Os amigos deles já haviam sido mordidos mais de uma vez, mas os três nunca foram mordidos. Eles estavam com medo disso, mas a única chance deles de sair vivos daquele lugar seria passando por todos aqueles zumbis, e com certeza eles não tinham tempo nem munição para acabar com os zumbis para poder sair bem!
Nem passou pela cabeça dos três que eles poderiam não conseguir atravessar o corredor com tantos zumbis, mas a única coisa que sabiam pensar era em chegar ao outro lado e se jogar por aquela janela antes que o lugar todo explodisse.
Os três acabaram se distanciando no corredor. Daniel foi o que mais conseguiu avançar, porque estava com a HK-36, talvez ele já estivesse na metade do corredor. Mas eles mal conseguiam se mexer. Eram muito zumbis, e eles não conseguiam nem se falar, pois o som dos gemidos dos zumbis era uma orquestra muito mais forte que a voz dos três.
Bruno era o que estava mais para trás, Felipe estava entre Daniel e Bruno no corredor, mas ele não conseguia mais enxergar os amigos! Eram muito zumbis mesmo, todos gemendo, brigando para ver quem morderia eles primeiro, e o alarme avisando que em menos de dois minutos tudo iria explodir!
Eles já estavam todos mordidos, o corpo todo rasgado pelos ferozes e famintos zumbis. Eles sentiram pela primeira vez a dor da mordida de um zumbi, e talvez ali fosse o fim para todos eles. Eles sabiam que se fossem derrubados no chão, não levantariam mais, então os três, perceberam uma força que não sabiam que tinham, talvez pelo medo de morrer ali, mas os três empurravam os zumbis e batiam neles de todas as formas, os empurrando, e os zumbis brigavam entre eles, se esticando o máximo para morder qualquer parte do corpo dos três.
Estava tudo acabado! Mesmo se saíssem vivos não teriam um antivírus para usar, e com certeza se tornariam zumbis! Mas o medo de morrer era enorme!
Os três gritavam um pelo outro, mas nenhum deles ouvia resposta em meio aquele couro de gemidos. Eles seguiam empurrando os zumbis, se batendo neles, recebendo várias mordidas ao mesmo tempo, o corpo inteiro deles já doía, mas eles não podiam parar, principalmente agora que o alarme avisava que faltava um minuto. E eles não podiam se esquecer que dois Tyrants estavam à procura deles. E a força que eles estavam mantendo para não serem derrubados pelos zumbis era incrível! Eles faziam muita força mesmo para agüentar e não cair com tantos braços puxando por todos os lados, por cima, por baixo...
Mauro, Andre e Alyssa correram do leão zumbi depois de verem-no agüentar uma granada. Os três estavam fugindo dele, o leão atacando tudo que via pela frente para conseguir chegar até eles.
“... O PRÉDIO SERÁ AUTODESTRUÍDO EM UM MINUTO...”.
Eles já tinham saído do nível três, e estavam no corredor das jaulas do nível dois, quando Andre decidiu parar para acabar com o leão zumbi, que ainda estava vindo pelo nível três, passando por cima de todos os outros monstros que estavam no seu caminho.
- Vamos cara! – Mauro gritou chamando Andre, mas Andre o ignorou.
Alyssa e Mauro começaram a atirar nos animais zumbis que se aproximavam por todos os lados, mas Andre ficou mirando na porta por aonde eles vieram do nível três. Alyssa e Mauro continuaram insistindo para Andre correr com eles, eles não deveriam parar, mas Andre queria terminar com o leão! Quando o leão apareceu rugindo e destruindo a porta, Andre gastou toda a sua munição nele, mas o bicho ainda estava vivo!
Andre jogou sua metralhadora longe, e puxou sua última granada, e em apenas um movimento tirou o pino da Frag M-67 e a jogou bem na cara do leão! Os três se jogaram no chão para se defenderem da explosão, e só ouviram o rugir fraco do leão, morrendo na explosão. Andre estava se levantando do chão, quando sentiu algo morder sua canela ferozmente!
Era um Cérbero, mas Mauro e Alyssa atiraram ao mesmo tempo no cachorro até ele morrer, sem soltar a boca da perna de Andre! Andre chutou o cachorro, e os três se levantaram rapidamente, e passaram logo a porta que levava ao nível um, pois o tempo estava acabando e os outros monstros que estavam no nível três estavam todos seguindo eles, obviamente famintos.
Tudo acontecia muito rápido, e a contagem regressiva estava deixando os três muito nervosos, desesperados pra correr, mas não conseguiam pensar em outra coisa além de sair dali. Quando saíram no corredor das jaulas do nível um, uma aranha caiu do teto bem na frente de Alyssa, que se assustou e deixou cair a maleta com o antivírus. Mauro segurou o gatilho da P-90, até acabar sua munição e a aranha encolher as pernas e se virar de barriga pra cima, soltando uma gosma roxa por todo lado, e até mesmo na roupa de Alyssa.
Grandes grupos de escorpiões estavam chegando do nível três, e todos os outros monstros certamente também viam atrás. Alyssa correu e juntou a maleta, e a entregou a Mauro. Alyssa era a única que ainda tinha munição.
- Me dá as granadas! – Andre gritou.
- Pra quê? – perguntou Mauro confuso.
O tempo estava acabando!
- Só me dá!
Alyssa e Mauro deram a última granada que cada um tinha para Andre, e Alyssa começou a disparar nos monstros que entravam pela porta que vinha do nível dois, vários monstros surgindo na porta rapidamente, quase sem parar!
- Quando eu explodir a porta, a gente saiu correndo direto pro mato, pra se defender da explosão! – Andre falou com as duas granadas já sem os pinos na mão, enquanto Alyssa disparava em todos os monstros que estavam na porta do nível dois, até que ou viu um click; acabou sua munição.
- Se abaixa! – disse Andre empurrando os amigos pro chão depois de jogar as duas granadas na porta, uma dupla explosão acontecendo logo depois!
Vários monstros estavam saindo na porta do nível dois, mas os três se levantaram correndo, Mauro com as fichas e com a maleta, os três correram como loucos pra fora, passando pela Porta Dois que Andre arrebentou e sentindo água de chuva cair por todo o corpo deles, tornando as mordidas e feridas mais doloridas de uma hora pra outra. Os três começaram a correr direto pra dentro da floresta, pois como Andre disse, era o melhor jeito de se defender da explosão que estava pra acontecer.
Daniel estava fraco já, e com muita dor por todo o corpo e nas mordidas, foi quando ele enxergou a janela. Faltava menos de um minuto, ele tinha que conseguir chegar lá! Daniel nem percebeu que gritava o nome de Bruno e Felipe, mas parou de olhar para trás e começou a botar o resto de suas forças pra empurrar os zumbis e chegar até a janela, mas braços o agarravam, ele sentia mordidas sem parar nas pernas, braços, nas costas, até nos pés, e agora estava tendo que fazer muito mas força pra ficar de pé em meio ao aglomerado de zumbis. Ele não tinha mais munição, e até já tinha perdido sua arma naquela confusão. Algum zumbi mordeu sua mão e a arma acabou caindo, e ele não conseguiria se abaixar e pegar de volta, certamente ele seria vencido pelos zumbis! Por isso Daniel continuou seguindo sem arma mesmo, mas ele tinha que conseguir chegar à janela! O prédio estava quase explodindo!
Bruno não conseguia enxergar Felipe e Daniel, e nem ouvi-los apesar de quê também gritava por eles, sendo agarrado por todos os lados, sendo mordido em todo o corpo, seu pescoço havia sido muito mordido e doía muito. Bruno olhou para trás, e viu na curva do corredor o Tyrant que um dia foi o Capitão André!
Ele seguia gritando com uma voz monstruosamente horrível, batendo os braços para os lados e tirando todos os zumbis do caminho dele! Zumbis eram espedaçados quando eram atingidos pelo braço tentáculo do Tyrant! Bruno se apavorou, por mais que soubesse que deveria ficar calmo e tentar impedir os zumbis de derrubá-lo, mas Bruno começou a se enfiar muito mais pelo corredor no meio dos zumbis, se apertando, sendo mordido mais ainda, seu óculos havia se perdido em algum lugar ali no meio da cambada de zumbis, mas ele tentava fazer de tudo pra se aproximar dos amigos que ele nem via (talvez já estivessem espedaçados pelo corredor), mas Bruno tinha que se afastar do Tyrant! Ele não queria morrer ali!
O Capitão André ainda tinha a mesma cara, deformada, mas reconhecível, e o mais assustador de tudo era saber que ele é que estava espedaçando os zumbis pela metade, para chegar até Bruno e certamente matá-lo! Certamente as poucas balas que Bruno ainda tinha na pistola não seriam capazes de matar um Tyrant. Mas Bruno estava com muito medo, então aumentou a corrida pelo corredor, tropeçando várias vezes, arriscando-se de cair e ficar caído! Afinal, o Tyrant estava atrás dele! E ainda tinha o outro Tyrant!
Felipe sabia que estava chegando perto da janela, mas ainda não conseguia ver ela, pois eram muito zumbis em volta, empurrando, agarrando, mordendo, causando dor, puxando, gemendo... Felipe não tinha mais munição, e até tinha perdido sua pistola naquela atolação de zumbis. De repente a parede do nível zero ao lado de Felipe estourou uns três metros a frente dele, abrindo um espaço enorme no corredor, abrindo espaço e fazendo vários zumbis se afastarem de Felipe. Era a diretora Tyrant!
Felipe não tinha mais nada pra fazer, então aproveitou o espaço que ganhou, e se arriscou passando correndo na frente do braço tentáculo do Tyrant que ainda tinha a mesma cara de inveja e loucura da diretora que negou ajuda a ele e Daniel em Gravataí quando a cidade foi infectada em 2009. Ele passou na frente dela, ele pôde ver Daniel se arrastando até a janela, vários zumbis o segurando, e o impedindo de sair, mas Daniel esticou o braço e agarrou o parapeito da janela.
Felipe não olhou para trás e avançou até onde conseguiu, até ficar totalmente envolto de zumbis novamente! Felipe começou a gritar de raiva involuntariamente, e começou a chutar os zumbis com seus golpes de Taekwondo, acertando os zumbis violentamente, e conseguindo avançar mais rápido, quando alguma coisa lhe acertou pelas costas, e o derrubou de barriga pro chão uns três metros frente, derrubando também todos os zumbis que estavam agarrando Felipe!
Daniel viu que a diretora Tyrant tinha acertado as costas de Felipe com o braço tentáculo, Daniel gritou para Felipe, e ele levantou devagar a cabeça e olhou para Daniel, enquanto o Tyrant horrível que a ex-diretora de Daniel se tornou se aproximava e estava com o braço tentáculo para cima, preparado pra baixá-lo e cravar ele nas costas de Felipe!
Daniel gritou o nome da diretora, e o monstro parou o movimento, olhando diretamente nos olhos de Daniel! Felipe usou a ultima carga de força que nem sabia que tinha, se levantou e chutou o Tyrant mulher com um golpe de Taekwondo, fazendo o monstro recuar um passo. Daniel estava quase de pé, um zumbi mordia ferozmente sua coxa, mas Daniel ignorou a dor, e segurou o braço de Felipe, e se jogou pela janela, sentindo Felipe sair pela janela junto dele. Um peso muito grande de repente tornou-se quase nada, quando os dois caíram pela janela.
Eles nem se lembravam que havia um grande barranco daquele lado do aeroporto, e quando saíram pela janela, rolaram pelo menos uns cinco metros no barranco de terra, se machucando mais ainda, até caírem na areia da praia, com dor em cada célula do corpo, a chuva forte acertando as feridas das mordidas, e fazendo eles gemerem de dor. Os dois continuaram caídos na areia, estavam muito fracos, foi quando de repente um Tyrant saiu pela janela, caindo de pé perto deles. Era a diretora! E Bruno havia ficado lá dentro com o Tyrant em que o Capitão André se tornou!
O sol que entrava pela porta do hangar era fraco, pois estava chovendo demais, e eles já estavam achando estranho o fato dos agentes da Umbrella não terem nem chegado perto do hangar. Mateus estava com uma pistola SIGPRO SP-2009 dos inimigos, e Van Der Wender estava com uma P-90 dos inimigos, quase sem munição. Wender havia tomado um tiro de raspão no ombro, disparado por algum rifle de precisão bem potente. Seu ombro estava arrebentado, e doía muito. Wender estava fazendo uma força muito grande para ficar segurando a submetralhadora.
Mas estava muito estranho! Haviam passado mais de cinco minutos desde que eles fugiram pra dentro do hangar, dez minutos talvez, mas o inimigos certamente estavam tramando um plano, pois já deveriam ter aparecido.
- Por quê eles estão demorando? – Wender comentou baixinho, enquanto os dois estavam no canto mais escuro do hangar, preparados para tudo!
- Eles devem estar pensando em algum jeito de entrar aqui! Ou já teriam entrado. Acho que eles estavam bem convencidos de quê o Sniper deles nos mataria.
Mateus estava muito concentrado. Ele sabia que Wender estava debilitado, e que eles poderiam tentar jogar uma granada de fragmentos ali, para matá-los do mesmo jeito que o suíço Mattias Mellberg morreu. Mateus sabia que se eles jogassem uma granada, ele teria que pensar muito rápido, e esperava que essa fosse a melhor arma dos inimigos. Eles não deviam ter algo melhor do que isso...
De repente tudo se iluminou! Uma gigantesca explosão, que clareou o hangar inteiro e certamente toda a floresta também! A base da Umbrella explodiu! O forte barulho fez doer os ouvidos deles, e eles puderam sentir o chão tremer sob os pés deles. O calor aumentou, pois todos os escombros que tinham na pista de vôo estavam queimando junto com o prédio, e com certeza logo se iniciaria um incêndio na floresta. Eles esperavam que as crianças tivessem saído de lá antes da explosão, e junto do Capitão André...
- Droga! – exclamou Wender preocupado e irritado, sem nem perceber que estava gritando. – Nós temos que procurar os garotos! Temos que sair daqui Mateus!
Impulsivamente Wender se levantou para correr para fora, mas Mateus se levantou rápido também, e segurou Wender antes de ele chegar a luz na porta do hangar. Neste momento Mateus viu uma coisa redonda entrar rolando pela entrada do hangar. Ele não pensou duas vezes e chutou a granada como um goleiro chuta uma bola, e em menos de dois segundos ela estourou do lado de fora do hangar, e eles puderam ouvir o gemido de dor de alguém, certamente a granada detonou dois ou três agentes que estavam prontos pra entrar depois que a granada explodisse.
Os dois não tiveram tempo pra dizer mais nada, e de repente duas explosões aconteceram atrás deles, as portas laterais no fundo do hangar que estavam trancadas caíram, e agentes entraram pelas duas portas! Mateus acertou com a pistola dois agentes que entraram pela porta da esquerda, e Wender metralhou os agentes na outra porta até acabar sua munição.
Mateus fez Wender se apoiar nele, e começaram a sair pra rua, mesmo sabendo que agentes da Umbrella iriam entrar nas portas laterais do hangar e atirar neles pelas costas, e se safassem disso, poderiam ser mortos pelo Sniper em algum lugar na rua. Mateus saiu com Wender pendurado nos ombros dele, muita adrenalina passando por eles, ao sair na rua sentiram o calor das chamas e água gelada da chuva bater na cara quente de suor deles, e Mateus viu ao longe três pessoas, na esquina do prédio destruído, onde antes ficava a porta #1.
Andre corria mais rápido que Alyssa e Mauro, e ele foi o primeiro a chegar na esquina onde ficava a porta #1. Tudo acontecia rápido demais, e eles estavam nervosos pra saber se os amigos estavam vivos! Quando chegaram lá, puderam ver Mateus e Wender saindo juntos de um dos dois hangares, e a uns trinta metros de onde Andre, Mauro e Alyssa estavam, havia um camburão preto da Umbrella, e ao lado do camburão de pé, um agente da Umbrella tinha o olho concentrado na mira telescópica de um forte rifle de precisão.
Ele estava mirando em Wender e Mateus, e com certeza era um Sniper treinado. Eles não viram mais nada, simplesmente ouviram o barulho das hélices do helicóptero sobre eles, disparando uma feroz rajada de balas da metralhadora giratória em volta do camburão da Umbrella, fazendo o Sniper saltar longe com os tiros.
Depois que Robson percebeu que acertou o agente do lado do camburão, ele virou o helicóptero de frente com o hangar, pois viu Wender e Mateus correndo de lá, e alguns agentes saindo do hangar atrás deles, e já se preparando pra atirar nos dois! Os dois pareciam estar indo em direção dos garotos, mas pelo menos uma dúzia de agentes da Umbrella saiu de dentro do hangar atrás deles, mirando pistolas e metralhadoras para as costas de Wender e Mateus! Robson apertou com força o botão em baixo de seu dedão, fazendo sua metralhadora giratória calar qualquer outro som, a chuva de balas acertando todos agentes da Umbrella!
- Iiiiiiiirrá! – gritou Robson sem nem perceber que estava sobrevoando um aeroporto que acabou de explodir!
Enquanto ele descia de altitude com seu helicóptero, apelidado por ele de “o meu pavão guerreiro”, ele via Wender e Mateus se juntarem a Mauro, Andre e a garota que todos chamavam pelo apelido de Alyssa.
Felipe e Daniel já estavam exaustos e muito fracos, principalmente depois do tombo que tomaram quando caíram o barranco de pedra depois de saírem pela janela rolando. O pior foi que o prédio explodiu, Bruno e o Tyrant Capitão André ficaram lá dentro, e a desgraçada da diretora Tyrant saltou pra fora, caindo na areia junto de Felipe e Daniel.
Os dois não tinham noção do tempo, mas já parecia que eles estavam a muito tempo correndo dela na areia da praia, a chuva muito forte batendo nas feridas por todo o corpo deles, e o Tyrant mulher corria muito mais rápido que eles, obrigando-os a arriscar desviadas do Tyrant, que quase os acertou muitas vezes.
- Dani! Fica correndo! – gritou Felipe já rouco.
Os dois foram espertos e correram um pra cada lado, e assim o Tyrant hesitou em qual dos dois deveria seguir, e isso deu tempo pra eles se distanciaram um pouco mais, mas não foi o suficiente!
A diretora Tyrant era muito mais veloz do que dois garotos cheios de machucados e fracos. Ela decidiu correr atrás de Felipe primeiro, e em uma fração de segundo o havia alcançado. Felipe sentiu o grande vulto se aproximando atrás dele e se jogou de barriga na areia, e o Tyrant passou correndo, e depois parou uns metros à frente.
Daniel corria de volta para junto de Felipe, enquanto o Tyrant já se virava. Felipe ainda não tinha se levantado totalmente do chão, pois além de fracos estavam lentos, foi quando os tentáculos do monstro se esticaram e passaram a centímetros da cara de Felipe! Os tentáculos passaram por Felipe e agarraram o pescoço de Daniel! Daniel não conseguia encostar os pés no chão, e além dos tentáculos que estavam envoltos em seu pescoço, outros se aproximavam ameaçando perfurar o corpo de Daniel!
Felipe viu que a diretora ia fincar os tentáculos na cara de Daniel, e que Daniel estava sufocado, fazendo força para se livrar dos tentáculos do Tyrant, então Felipe se levantou e começou a correr em direção deles! Daniel não conseguia respirar, os tentáculos apertando fortemente seu pescoço, foi quando Felipe se jogou pra cima da Tyrant, agarrando o monstro! Felipe caiu no chão junto com o monstro. Felipe não hesitou, e com o punho fechado, acertou o lugar que deveria ser o queixo da diretora, com um soco que fez doer seu pulso.
O monstro gritou e jogou Felipe longe, Felipe caiu de costas e bateu a cabeça na areia molhada da praia! Chovia muito forte, e o sol quase não aparecia, aparecia fracamente sob as nuvens escuras, e eles podiam ver lá em cima do barranco o aeroporto completamente detonado, e a preocupação com Bruno e os amigos já invadia os pensamentos deles...
Daniel não conseguia correr, pois não tinha ar suficiente, o máximo que conseguia era arrastar os pés pra caminhar. Daniel virou de costas e começou a tentar se afastar! Eram muitos acontecimentos loucos nos últimos minutos, e eles já não conseguiam mais raciocinar direito! Em outro momento, Daniel saberia que naquelas condições não poderia dar as costas pra um Tyrant!
A diretora caminhava de um modo intimidador, e a cara dela era reconhecível, era quase a mesma cara de quando Felipe e Daniel a encontraram em Gravataí. Felipe se levantou, com sua cabeça doendo mesmo, ele correu até Daniel e o jogou pro lado, pois a diretora esticou os tentáculos como antes, e iria agarrar o pescoço de Daniel novamente! Os dois caíram, e os tentáculos agarraram vento, e isso irritou mais o Tyrant!
O monstro só virou o braço pro lado, e bateu na barriga de Felipe, que saltou vários metros, caindo de costas novamente! Felipe viu Daniel se arrastando no chão, aos pés da diretora, que caminhava se aproximando dele lentamente.
- Dani! Pra água! Corre pra água! – Felipe gritou junto com uma tossida dolorida.
Daniel se arrastava de costas no chão, olhando diretamente no Tyrant em cima dele! Ele se levantou, se virou novamente, e pulou pra dentro d’água, sentindo suas feridas doerem mais do que nunca, pois o sal da água penetrava os machucados profundos, mas agora não era aquilo que importava.
Felipe chegou a olhar em volta pra ver se achava algo pra usar como arma, mas infelizmente eles estavam num lugar onde só tinha areia e água. O Tyrant ignorou Daniel depois que ele entrou na água, então o monstro se virou, agora apontando os olhos horríveis pra Felipe que estava caído no chão, e soltou um rugido que com certeza foi ouvido muito de longe!
- Vem pra cá, cara! – Daniel gritou também, agora sabendo que o monstro não entraria na água com eles.
A água estava na altura do peito de Daniel, mas se fosse preciso pra fugir do monstro, ele entraria bem mais fundo, mesmo não gostando de nadar, que nem Felipe.
Felipe tentou se levantar, o Tyrant do Colégio Dom Feliciano já a dois ou três metros dele, o Tyrant rugiu de novo, e apontou o tentáculo para Felipe, mas antes que ele atacasse Felipe, de repente sangue começou a jorrar de todo o corpo do Tyrant, e um barulho ensurdecedor tapava todos os outros sons! Ele e Daniel olharam para o alto, e viram o helicóptero, e dentro dele, Robson segurando com vontade o gatilho da sua metralhadora giratória, fazendo o Tyrant gritar de dor, até que soltou um grito final e poderoso, e caiu para trás, com a cara agora totalmente desfigurada pelas balas calibre #50 da metralhadora!
O helicóptero estava pousando na praia, Mateus e os outros já pulavam de dentro dele antes mesmo do pássaro chegar ao chão, Daniel já estava quase fora da água, mas Felipe estava fraco, e caiu ao lado do corpo do Tyrant morto que era a diretora, e Felipe não viu mais nada.
N N N
Felipe acordou e ouviu o barulho de alguém falando. Ele custou a perceber que era uma televisão. Estava passando uma notícia que por acaso chamou a atenção de Felipe:
-... A perícia já está investigando a explosão que aconteceu na Ilha Grande Inágua, no complexo de ilhas de Bahamas, onde um suposto aeroporto abandonado explodiu. Houve também um incêndio bem grave na floresta que existia em volta do lugar, mas não se sabe se o incêndio aconteceu antes ou depois da explosão. O incêndio poderia ter sido causado pela explosão, ou ter causado a explosão. Moradores afirmam que o incêndio deve ter acontecido antes, e que foi ao nascer do sol, mas se foi assim mesmo, o que será que causou uma explosão. O lugar era abandonado a anos, e não havia nada que pudesse explodir, nada que causasse uma explosão tão grande, capaz de ter destruído totalmente o velho aeroporto. Os investigadores não afirmam que terão respostas, pois tudo foi totalmente incinerado. Não sobrou nada, e não se sabe se houve algum sobrevivente, ou até mesmo se alguém esteve lá. Acredita-se que não havia ninguém lá, pois até agora nenhum corpo foi encontrado, a não ser que tenha sido totalmente destruído com a explosão. Aguardamos mais informações...
-... Vem, vem, ele tá acordando! – Felipe ouvia a voz de alguém repetindo aquilo, a voz de Mauro talvez.
Felipe e olhou em volta com atenção e calma. Ele estava em um quarto de hospital, vários aparelhos em volta dele, ele estava recebendo soro diretamente na veia, Felipe estava usando roupa de paciente, e estava em baixo de um lençol. Ele estava confuso.
 Ele olhou pro lado, e viu Daniel dormindo na cama ao lado, e no mesmo estado de Felipe, recebendo soro, com vários aparelhos em volta, e cheio de curativos.
Felipe viu Mauro trazendo os outros pra dentro do quarto, todos demonstrando caras felizes por verem Felipe acordar. Entraram também Alyssa, Andre, que também parecia estar feliz, e não com aquela comum cara de malandro dele, os dois com vários curativos, Mateus e Wender, que também estavam com alguns curativos, e Wender com gesso num braço, e por último entrou Robson, o risonho piloto. Mauro estava sorrindo, mas tinha vários arranhões fortes na cara, certamente deixariam cicatrizes.
Mas na verdade todos haviam se machucado muito.
Felipe estava confuso, e com medo. Com medo por causa de Bruno. Ele não viu ninguém entrar depois de Robson, e quando Felipe olhou para a cama do seu outro lado, viu que ela estava vazia. Felipe também ficou mais confuso quando lembrou que tinha sido mordido por zumbis. Como ele foi curado? Será que Bruno realmente morreu?
- E aí, Selo...
- Cadê o Bruno? – Felipe falou rápido, já tentando se levantar, mas Mateus e Robson lhe impediram.
- Bom, quando o aeroporto explodiu... – Wender começou a falar pausadamente, olhando na cara de Felipe. – Bruno acabou ficando lá dentro.
- Quê!? – Felipe exclamou tentando se levantar de novo, e sendo impedido de novo, e ele nem percebeu que lágrimas caiam de seu rosto.
- É. Vocês dois saíram de lá, mas Bruno acabou ficando lá dentro, junto com o Capitão André.
- Como vocês já sabem do Capitão André?
- Ainda a pouco Daniel estava acordado, e nos contou tudo. Ele contou que vocês se separaram de Mauro, Alyssa e André...
- É Andre. – corrigiu o garoto brabo, pois a maioria das pessoas falavam seu nome errado.
-... Ele contou que vocês fizeram perguntas à um agente, - continuou Wender sem tirar os olhos de Felipe. – e que depois encontraram o cientista e o Endo Oono, e que foram eles que iniciaram a autodestruição, e depois fugiram por um elevador de emergência. Daniel também contou que o Capitão André estava transformado em um Tyrant. Uma pena. Nós fomos lá por ele e...
Wender não pôde esconder as lágrimas escorrendo.
-... Bom, Daniel disse que vocês dois conseguiram sair de lá, e caíram na praia, mas Bruno ficou para trás, junto com o Capitão André, e que o outro Tyrant caiu na praia com vocês. Por sorte nós chegamos, e mais ninguém morreu. Bem, e como vocês dois estavam muito mordidos e feridos, na hora em que chegamos lá vocês caíram desmaiados. Vocês quase entraram num coma. Todos nós se machucamos, mas o estado de vocês estava bem pior. E não se preocupe com as mordidas que levou, pois Alyssa, Andre e Mauro encontraram uma maleta com algumas amostras do antivírus, e logo que encontramos vocês na praia usamos o antivírus em todos vocês. É, o mundo não é só feito Fe flores... Bom, depois trouxemos vocês pra esse hospital, e fazem quatro dias que vocês estavam dormindo.
Felipe não tirava Bruno da cabeça.
- Mas... E os outros? – ele perguntou.
- Somente eu e Mateus sobrevivemos, pois Robson nos salvou.
- Droga! Bruno...
Felipe estava muito abalado pelo fato de Bruno ter ficado pra trás. E agora! O que ele diria a família deles? Como reagiriam com a notícia? E Bruno era mais irmão do que amigo!
- Olha as minhas queimaduras! – Mauro disse erguendo a camisa e mostrando manchas vermelhas começando a cicatrizar por toda sua barriga e peito; e ele falava rindo, como se fosse uma coisa muito legal.
- Mas e agora? A FEAU... – Felipe não sabia nem o que perguntar primeiro.
- A Umbrella pensa que acabou de vez com a FEAU, mas nós estamos aqui, todos nós aqui fazemos parte da FEAU. – Wender falava com determinação, e suas lágrimas demonstravam o ódio que Wender tinha cada vez que um agente da FEAU morreu ao seu lado.
- É isso aí! – Robson gritou erguendo uma mão, e soltando uma risada feliz.
- Nós vamos ficar aqui mais uns dias até vocês se recuperarem melhor, e depois vamos dar um jeito de voltar pro Brasil, porque o nosso helicóptero foi um pouco danificado e não está em condições de voar, mas eu tenho que levar vocês para casa.
- Pro Brasil! Onde a gente tá?
- Num hospital qualquer na Venezuela. – respondeu Alyssa, que estava de braços cruzados, e com a cara vermelha de tanto chorar ultimamente; ela também parecia estar bem triste com o fato de Bruno ter morrido.
Felipe estava se acalmando, e só agora percebeu que Alyssa, Mauro e Andre também estavam cheios de curativos. Eles com certeza passaram por maus bocados no lado que eles andaram do aeroporto.
- Pelo menos conseguimos algumas informações valiosas. – falou Mateus, que já estava encostado na parede, com as mãos nos bolsos da calça.
- Como assim? – Felipe perguntou.
- Alyssa e Mauro encontraram umas fichas nos laboratórios daquele lugar dos infernos. – Wender disse pegando de Robson as tais fichas.
Ele entregou as fichas a Felipe, e Felipe começou a olhar rapidamente cada uma, não era uma boa hora para ler. Mas realmente eram informações importantes.
Eram cinco fichas, em pranchetas. A primeira era de Angelina Helena Pool. Havia uma foto dela de perfil, com a mesma aparência que ela tinha quando eles a conheceram. Falava na ficha que ela era a responsável pelo Projeto Empresa Dados, e pelo treinamento e todo o resto da equipe GTED (Grupo Tático Especial Dados). Falava que ela era de São Paulo, que tinha faculdade de direito completa, e o resto Felipe deixou para ver depois, e já passou para a próxima.
A segunda ficha era de Endo Oono. Na sua foto podia-se ver que estava de terno, e estava sério como quando Felipe o viu no nível quatro. Na ficha dizia que ele era da Coréia do Norte, tinha várias faculdades completas, vinha de família muito rica, tinha envolvimento com política, falava muitos idiomas, e até onde Felipe leu, dizia que ele era o responsável pelas ações da Umbrella na Capcom, responsável pela economia e finanças da Umbrella, ou seja, era ele que cuidava do dinheiro da Umbrella, que ele era o responsável pela contratação de cientistas, e outros tipos de trabalhadores da Umbrella, e que ele era o “fiscal de BOWs”. Era ele que fazia de tempo em tempo uma fiscalização em todas as bases da Umbrella, para ver se todos os empregados estavam fazendo o seu trabalho direito.
A terceira ficha tinha a foto de um homem bem forte, com cabelo castanho escuro, olhos verde escuro, uma barba cerrada, sobrancelhas grossas, uma cicatriz em forma de X na bochecha, pele bronzeada, um porte sério, um porte de soldado realmente, ele parecia ser bem forte, e o nome era Jack Vandal. Ele foi o soldado que falou no celular com o cientista, Felipe se lembrou do nome que o cientista pronunciou; Jack Vandal. Dizia que ele era brasileiro, do Rio de Janeiro, tinha descendência da Polônia, tinha muitas medalhas e reconhecimentos no exército por missões completadas com sucesso. Ele era do exército brasileiro, mas seu trabalho era reconhecido mundialmente. Ele sabia lutar várias artes marciais, e era o responsável pela contratação e treinamento de seguranças, agentes de batalha, e qualquer outro tipo de empregado para a Umbrella. E também dizia que ele era um dos responsáveis pelo arsenal da Umbrella, ele e vários outros que não eram citados na lista tinham o dever que conseguir armamento e munição para a Umbrella.
A quarta ficha na mão de Felipe tinha a foto do cientista maluco que causou a morte de Bruno. Seu nome era Mario Bittencourt, ele era Português, mas já foi casado com uma brasileira, que foi assassinada depois de três anos de casamento com ele. “Certamente o desgraçado que a matou”, foi a primeira coisa que veio a cabeça de Felipe. O cientista era o Pesquisador-Chefe nas bases na América do Sul, o que significava que havia mais bases da Umbrella na América do Sul. Ele era formado em botânica, biologia, e várias outras áreas parecidas. Ele já deu aula em universidades na Europa, falava vários idiomas, e era um dos cientistas responsáveis pela Série-Tyrant, mas nenhum outro nome era citado na ficha.
E a última ficha estava sem foto. Parecia ser bem velha, pois estava com manchas e buracos de traças, e isso podia significar que essa pessoa estava na Umbrella a muito mais tempo. Seu nome era Niko Montana. Era americano, foi casado várias vezes, não tinha mais família, todos mortos, dizia que ele já foi jogador de Baseball profissional nos Estados Unidos, agora ele trabalhava legalmente como vendedor de carros na Califórnia, mas para a Umbrella, ele era o responsável pelas compras e vendas da Umbrella no mercado negro. Na ficha dele não dizia mais nada, mas as poucas linhas já eram muito importantes. Com certeza, o mercado negro e a Umbrella significavam o contrabando de vírus pelo mundo. Se fosse isso mesmo, com certeza alguma outra empresa também estava contribuindo com a Umbrella.
Em nenhuma das fichas falava algo sobre bases ou sedes da Umbrella, nenhum outro nome era citado, nada mais mesmo. Talvez da próxima vez eles tivessem mais sorte, e encontrariam informações sobre algum lugar pertencente da Umbrella, nomes mais importantes na Umbrella, ou até mesmo os planos deles.
Bom, das amostras do antivírus que eles ainda tinham, Wender disse que ficaria com elas, e daria um jeito de multiplicá-las, fazer mais amostras. Wender também disse que levaria algum tempo até eles conseguirem mais alguma informação sobre a Umbrella, e eles não tinham nenhuma condição de entrar em ação de novo. Wender falou que levaria eles pra casa quando se recuperassem mais um pouco, e que não era pra eles ficarem procurando ele, Wender disse que procuraria eles, um por um.
Com a morte de Bruno, Felipe e os outros estavam muito irritados e determinados em relação à Umbrella, mas no fundo todos esperavam que não acontecessem mais contaminações do T-Vírus, e que eles tivessem bastante tempo para descansar e chorar até entrarem em combate com a Umbrella novamente. Eles queriam muito ter um bom tempo de descanso para voltar à rotina anti-Umbrella, e voltar a ter uma vida normal logo. Eles queriam ter um longo tempo para tentar esquecer tudo aquilo, fazer outras coisas, seguir uma vida normal como sempre foi antes de 2009, e tentar esquecer por um tempo que a Umbrella existe, e torcer também que a Umbrella esqueça de vez que eles existem. Alguns anos sem Umbrella seria ótimo...
Foi muito bom pra eles conseguir amostras do antivírus, nomes e informações de pessoas importantes dentro da Umbrella, ainda mais logo depois do bombardeio que a Umbrella fez contra a FEAU, mas era muito ruim saber que de TODOS os agentes da FEAU, somente eles ali que continuaram vivos, e era pior ainda saber que o Capitão André morreu, e pior ainda saber que Bruno Pereira morreu junto, talvez até tenha sido morto pelo Capitão André... Mas agora eles tinham certeza, tinham certeza de que fariam a Umbrella feder a esgoto, e ver a Umbrella se acabar de vez, de frente pro mundo e pra mídia! Eles sabiam que um dia iam vingar a morte de todos os agentes da FEAU que morreram em batalhas contra a Umbrella e por todas as pessoas inocentes que acabaram sendo infectadas por causa dos planos desconhecidos, porém muito IDIOTAS da Umbrella.
Felipe se deitou de novo, tentando pensar em outra coisa para não voltar a chorar pela morte de Bruno, e todos estavam saindo do quarto, Alyssa chorando bastante também, Wender com as fichas na mão, todos cheios de machucados, e quando Felipe se virou pra tentar adormecer, Daniel bocejou enquanto acordava, e falou:
- Mãe? Já ta na hora do café?
By Felipe Selister CaBeÇa

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