Resident Evil Brasil 3 Parte 1

14 novembro 2010

Resident Evil
Brasil #3


Era dia 29 de janeiro de 2011, e todos comemoravam com Bruno seu aniversário em sua casa nova em Porto Alegre. Lá estavam Felipe, Daniel, a família e os membros da equipe que sobreviveu junto a eles a armadilha que a Umbrella tramou para cima deles algum tempo antes.
A Umbrella havia se passado por uma empresa chamada Dados, que se dizia uma empresa anti-Umbrella. A boa jogada da empresa lhes colocou em duas equipes de combate formada somente por jovens, e que deveriam levar amostras do T-Vírus e da T-Vacina para a sede da empresa em Manaus, mas o combustível dos helicópteros acabou quando passavam por um vilarejo chamado São Miguel, próximo a Goiânia, mas era uma emboscada da empresa, que na verdade era a Umbrella, e já planejaram que acabasse o combustível dos helicópteros lá, para que as equipes fossem neutralizadas pelos animais zumbis nas fazendas, matas e campos abertos da vila onde eles pousaram. A empresa já havia soltado o vírus naquele local antes mesmo de recrutar eles pra equipe. Nem todos sobreviveram, mas descobriram tudo e encontraram a equipe do Capitão André, que lhes salvou de uma grande quantidade de zumbis.
Mas todos os integrantes que sobreviveram das duas equipes estavam no níver de Bruno. Todos conversavam comendo doces e salgados após os parabéns. Era até meio difícil de crer: todos ali, comendo doces e guloseimas após mais uma vez terem sobrevivido ao T-Vírus. Essa era a primeira vez que eles se viam desde que saíram daquele vilarejo, resgatados por parte da equipe do Capitão André. A única coisa que sabiam falar era sobre a missão que tiveram naquele vilarejo, e Felipe e Daniel falavam sobre o que passaram em Gravataí.
- Pra onde vocês foram depois que tudo acabou ano passado? Depois da equipe do Capitão André aparecer? – perguntou Felipe se dirigindo aos novos amigos.
- Eu fui direto para o meu apartamento no Rio de Janeiro. – disse Isabela, que era mais conhecida como Alyssa, porque era idêntica a personagem Alyssa Ashcroft do game Resident Evil Outbreak. Ela era loira, com uma franjinha num lado da testa. Ela tinha olhos azuis, de altura média, tinha uma voz linda e era muito bondosa, séria e concentrada.
- Rio de Janeiro!? – exclamou Daniel pegando um branquinho e o botando inteiro na boca. – Tá bem, hein!
- É! Meus pais são separados, minha mãe mora lá e meu pai lá em Gravataí. Mas acho que vocês não o conhecem.
- Quando nós saímos de lá eu fui pra casa do Mauro em Florianópolis. – disse João Marcos.
Ele era um negrinho careca muito esperto. João Marcos gostava de ser chamado apenas por João, e estava sempre se gabando de sua inteligência. Mauro e ele eram melhores amigos.
- Eu voltei pra minha casa antiga. – disse Bruno.
- Todo mundo voltou pra casa! – disse Mauro servindo um copo de refrigerante. Ele tinha o cabelo preto meio cumprido até os ombros, até parecia o personagem Lúis Sera do game Resident Evil #4, e era bem extrovertido e engraçado, mas não gostava quando lhe chamavam de Lúis Sera, pois ele dizia que o personagem era muito feio.
- E tu Andre? – perguntou Felipe.
Andre era o mais sério de todos, tinha um cabelo arrepiadinho e preto. Ele teve o nome escrito errado pelos pais quando lhe registraram, e então ele ficou sem o acento no E. É Andre e não André. Ele era um pouco revoltado, irritado, e não gostava muito de conversar, porém adorava fazer piadinhas de mau gosto com qualquer pessoa, adorava debochar das pessoas, mas estava sempre pronto para a ação. Ele era o “malandro” da equipe.
- Eu fui contar para os pais da Karla que ela morreu. – disse ele sério, tirando as palavras da boca dos outros.
Karla era a namorada dele que também estava na equipe que eles formaram para a falsa missão da empresa Dados, mas ela morreu atacada por uma vaca zumbi. Cada vez que o nome de Karla era mencionado, todos se lembravam nitidamente o momento quando a vaca invadiu o local onde eles estavam e atropelou a namorada de Andre, e ele sempre ficava bravo e ainda mais sério sempre que falavam nela, e por isso todos estavam tentando evitar falar na garota. Sem contar, que não era nada agradável ficar se lembrando dos amigos que morreram ao lado deles.
- Bá! Mais isso aqui tá bom hein! – disse Felipe para quebrar o clima pesado enquanto pegava uma quinta fatia de bolo.
- Contem pra nóis como foi à epidemia em Gravataí. – falou João.
- Foi uma coisa muito louca! – disse Daniel sempre com seu jeito engraçado.
- Eu e o Dani saímos pela cidade atrás da mãe dele, e o Bruno só dava informações pra nós pela internet.
- Pois, pois... – disse Bruno servindo mais refri aos amigos.
- Mas como vocês matavam os zumbis? – perguntou Alyssa curiosa olhando diretamente para Bruno.
- Rí, ríiiii... – disse Daniel, antes que Felipe respondesse.
- Primeiro a gente usou uma pá e uma foice. Pode parecer engraçado mas a gente teve que improvisar. Depois fomos a uma delegacia e conseguimos armas.
- E vocês viram agentes da Umbrella? – perguntou Andre sério.
- Sim. – disse Daniel. – Nós fomos capturados por eles, mas fugimos.
- Essa foi a pior parte. – falou Felipe.
- Por quê? – perguntou Alyssa.
- A gente enfrentou um Lycker, e não era qualquer Lycker, era um Réjis Lycker, um Lycker evoluído.
- Mas como vocês mataram ele? – perguntou Mauro com a boca cheia de croquetes e um fiapo de cabelo entrando junto na boca dele.
- Eu o metralhei – disse Daniel – e o Felipe explodiu um carro de um amigo, e daí o bicho morreu.
- Bruno, telefonema pra ti! – gritou sua mãe da outra peça da casa.
Bruno foi atender rapidamente e os outros continuaram conversando.
- E o que aconteceu depois? – perguntou João enquanto limpava o refri que havia derrubado na mesa.
- Depois os agentes da Umbrella apareceram e nós os enfrentamos.
- Como? – perguntaram todos juntos.
- Eu tava com o pé quebrado, e fiquei caído no chão com um facão impedindo que eles se aproximassem, e o Felipe tava batendo neles com golpes de Taekwondo.
- Ô Dani, sabe aquela ferragem onde tu pegou aquele facão? – falou Felipe se virando para Daniel – demoliram e construíram um Mc Donalds.
- Mas aí a equipe do capitão André apareceu e salvou a gente. A mesma equipe que salvou a gente daquela fazenda. – Daniel concluiu a história.
- Nem me lembra daquela fazenda! – exclamou Mauro pegando a última bolacha no pote de bolachas mais próximo na mesa.
Bruno voltou, baixou o volume do rádio, que estava tocando Korn, e disse:
- Sabe quem era?
- Quem? – perguntou Felipe curioso.
- O Capitão André ligou pra me dar feliz aniversário... E disse que nos quer todos na equipe. – completou Bruno triunfante.
Todos se olharam confusos, sem saber o que diziam ou o que pensavam, pois foi tudo muito repentino.
- Isso mesmo! Nós fomos convidados diretamente pelo Capitão André.
- Ele ainda tá na linha? – perguntou Daniel.
- Não. Ele me deu os parabéns, e disse exatamente isso: “vocês todos estão na equipe. Nós entraremos em contato mais tarde.” Foi isso que ele disse. Depois desligou.
- Se ele disse que vai entrar em contato, então vamos esperar, né. – disse Felipe aumentando novamente o volume do rádio.
- Vocês vão querer que eu leve vocês no cinema ou não? – perguntou Gilberto, o pai de Bruno chegando interrompendo a conversa, e baixando o volume do rádio novamente.
Eles haviam combinado ir ao cinema ver o filme Resident Evil Afterlife. Era a melhor escolha para eles, e tiveram a sorte de o filme estar nos cinemas na semana do aniversário de Bruno.
O pai de Bruno lhes levou ao cinema do shopping Praia de Belas em Porto Alegre.
- Daqui duas horas eu busco vocês. Cuidem-se... E não façam nada de errado. Tchau. – disse o pai de Bruno ao largar todos no shopping.
Eles compraram os ingressos para o filme, e entraram para pegar lugar, pois estava lotado, mas ainda faltavam uns vinte minutos para o inicio do filme. Já passavam das oito da noite.
- Tô louco pra ver como vai ser. – exclamou Felipe.
- Eu também! Quero ver os clones da Alice. – disse Daniel.
- Tô louco pra ver os personagens novos. – concluiu Bruno.
Andre permanecia quieto, Alyssa havia ido buscar as pipocas, Mauro e João conversavam sobre alguma coisa engraçada, pois eles não paravam de rir. Não paravam de entrar pessoas naquele cinema, e por último entrou Alyssa com as pipocas.
Mas enquanto ela descia as escadas até onde eles estavam uma pessoa se levantou de um banco e esbarrou violentamente nela, e caiu no chão passando mal. As pipocas caíram todas. Muitas pessoas foram acudir aquela pessoa. Era um homem bem vestido, que estava realmente mal. Alyssa olhou para os amigos com olhos de medo. Todos se levantaram e correram até Alyssa e o monte de pessoas olhando o homem. Somente pelo olhar de Alyssa eles já perceberam o que ela estava querendo dizer: T-Vírus.
- De novo não! – exclamou Mauro puxando seus próprios cabelos cumpridos.
Todos tinham esperanças de que não fosse nenhum zumbi. Bom, talvez eles estivessem ficando lunáticos com isso. Agora qualquer pessoa que passa mal eles pensam que é um infectado...
Outro homem se aproximou dizendo que era médico, deu uma olhada no homem que já não se mexia mais. Vários curiosos já se aproximavam se empurrando uns por cima dos outros, se espremendo para ver o que estava acontecendo, e vários já comentavam muitas coisas.
- Tarde demais. Ele faleceu. Esta sem batimentos. – disse o médico após botar a mão no pescoço suado do homem.
Nisso os seguranças do shopping entraram para ver o que estava acontecendo, e então às esperanças acabaram quando o homem morto mexeu a cabeça para o lado e mordeu a perna do doutor como se fosse uma saborosa fruta recém caída da árvore.
- Eu não acredito! – disse Daniel, e Bruno concordou.
A confusão se iniciou, e todos começaram a correr além dos que tentavam ajudar o médico, que gritava de dor e medo. Muitos gritavam:
- “Assassino canibal!” – enquanto corriam.
- O que a gente faz agora? – perguntou Andre.
- Vamos correr e sair desse lugar! – respondeu Bruno.
A correria fora do cinema também estava bem grande. Mais um monte de pessoas já haviam sido infectadas, mas nenhuma daquelas pessoas havia visto o que realmente era o T-Vírus, nenhuma daquelas pessoas sabia como agir num momento daqueles.
Era até meio difícil de dizer, mas com certeza os sete eram os mais experientes naquele tipo de situação. Como todas as outras pessoas, eles saíram para os corredores do shopping procurando alguma saída. Era muita confusão! De novo com eles! E num shopping!
- Que coincidência! – disse Mauro – Aparecer zumbis logo no cinema que a gente vem olhar Resident!
- A Umbrella deve ter largado aquele homem infectado aqui! Aqueles desgraçados filhos da put...
- Calma Dani! – disse Felipe – A gente tem que se acalmar e achar a saída. Devem ter mais zumbis por aí.
- As saídas tão trancadas! – Gritou João Marcos que até então estava quieto só ouvindo os amigos falarem.
- Ali! – gritou Alyssa apontando para uma loja de ferragem do shopping, onde ela entrou e saiu com armas primitivas para os amigos. – Foi bom terem falado daquela ferragem onde vocês acharam o facão em Gravataí! Me deu essa idéia! – disse ela sorrindo.
Ela entregou a João um facão e outro a Mauro. Ela ficou com uma faca de pescaria bem grande, entregou a Andre um cano de ferro, e a Bruno deu outra faca. Felipe e Daniel receberam espetos de churrasco.
- Hum! Gostei!
As pessoas corriam desesperadas se batendo umas nas outras, e o número de zumbis era cada vez maior. Eles podiam ver zumbis mordendo as pessoas a poucos metros deles. Era apavorante, principalmente pela falta de espaço que se tornaram os corredores do shopping com tantas pessoas tentando correr para todos os lados.
Eles começaram a correr todos juntos, procurando uma saída. Era impressionante como a quantidade de zumbis aumentava a cada segundo.
- E o filme? Droga! – brincou Daniel.
- Têm vários ali! – gritou Alyssa.
Todos olharam para onde ela estava apontando, que eram os elevadores. Havia muitos zumbis juntos. Era uma sensação horrível ver mais uma vez as pessoas que um dia foram normais transformadas em mortos-vivos, com mordidas pelo corpo sangrando, fedendo como comida podre, gemendo como retardados e andando lentamente contra eles como se eles fossem um suculento churrasco.
- Vamos descer pelas escadas. – disse Daniel.
Todos se viraram e correram até as escadas, mas quando se aproximaram delas, viram que a escada estava lotada de zumbis, e os corredores já estavam cheios deles. O grande shopping já fedia como carniça por causa dos zumbis e do sangue, e eles não conseguiam mais distinguir na multidão quem era zumbi e quem não era.
- Merda! Vocês vão morrer seus desgraçados! – gritou Andre apontando o cano aos zumbis com raiva, como se fosse uma arma.
- A gente já passou por isso antes! – disse Felipe olhando para Daniel.
- Tu tá querendo dizer àquela armadilha que a Umbrella fez pra nós pra nos capturarem lá no Centro Cultural antes do Lycker em Gravataí?
- Isso!
- Talvez pode ser, mas de repente não é!
- Acho que não é uma boa hora pra conversa! – exclamou Mauro.
Eram muitos zumbis!
Eles começaram a partir para cima dos zumbis sem pensar duas vezes, já que não poderiam correr sem serem agarrados por grandes dezenas de zumbis. Alyssa e Bruno começaram cravando suas facas nos zumbis, Andre batia fortemente com o cano na cabeça deles, Mauro e João batiam com os facões nos zumbis, e respingava muito sangue, e os zumbis caiam mortos de vez. Felipe e Daniel cravavam os espetos na barriga dos zumbis como se fossem espadas muito afiadas, mas até que adiantava.
Eles já estavam com as mãos cheias de sangue, de tanto bater nos zumbis, quando se depararam com mais uns cinqüenta zumbis saindo de dentro de uma loja de roupas.
- De onde saíram tantos ao mesmo tempo? – Gritou Bruno.
- Tá ficando difícil! – exclamou Felipe.
Dezenas de zumbis já estavam caídos em volta dos sete, e cada vez mais zumbis se aproximavam. Mulheres, homens, trabalhadores, mas então aquele médico que tentou ajudar o homem no cinema se aproximou por trás de Andre, e então mordeu o braço de Andre, que gemeu de dor como o zumbi, e todos se voltaram para ele.
Felipe deu uma voadeira no zumbi e assim ele soltou o braço de Andre. Andre, com o braço rasgado da mordida do zumbi, gritou com raiva e deu uma batida com o cano na cabeça do zumbi, que caiu um metro e meio adiante, morto.
- Tá bem? – perguntou Daniel.
- Tô! – respondeu ele rapidamente se voltando novamente aos zumbis, com raiva.
- A gente tá cercado! – gritou Bruno.
Todos os grandes corredores do shopping estavam fechados de zumbis, e não havia espaço para eles correrem. Mauro e João eram os que mais matavam rapidamente os zumbis, pois estavam com facões, mas os zumbis se multiplicavam a cada minuto.
- São muitos! – gritou Alyssa.
Eles já estavam cansados, e já sem saber o que fazer com tantos mortos-vivos se aproximando lentamente, outros um pouco mais rápido. Eram muitos! Eles não conseguiriam correr, e a única coisa que podiam fazer era tentar impedir que se aproximassem.
E pra piorar, Andre havia sido mordido. O que poderia acontecer? Aonde eles conseguiriam amostras do antivírus para Andre? Tudo estava perdido...
- Uma hora tem que acabar! – gritou Felipe confiante após furar outro zumbi com seu espeto. Ele era muito otimista.
- Eu acho que não vai acabar nunca! – exclamou Daniel contradizendo seu amigo Felipe.
Bruno e Alyssa estavam um ao lado do outro esfaqueando os zumbis, e um defendendo o outro. Algumas vezes Bruno se arriscou a dar algum soco nos zumbis e Alyssa sutilmente torcia o pescoço deles. Mauro e João continuavam cortando seriamente os zumbis com seus facões. A cada pancada que eles acertavam nos zumbis respingava muito sangue pelo chão e nas roupas deles. Andre estava batendo na cara dos zumbis tão rápido com aquele cano que até os dentes os zumbis deviam ter perdido. Ele gritava de raiva e batia nos zumbis sem dó, principalmente quando eles não morriam apenas com uma pancada. Felipe atravessava o espeto de churrasco nos zumbis, ou batia nas pernas deles com o espeto para que caíssem de joelhos e depois lhes golpeava na cara com seus chutes de Taekwondo, e depois Daniel fazia o resto enquanto estavam no chão.
Mas mesmo com toda a habilidade deles, eram muitos zumbis, e pareciam ter mais a cada segundo. Eram muitos!
- Merda! – exclamou Bruno, pois já eram tantos zumbis que eles tinham pouco espaço para se movimentar, e em pouco tempo eles também seriam mordidos.
Parecia que a cada zumbi que era eliminado pelos sete, apareciam mais dois. O som dos zumbis gemendo em volta deles já era mais alto que a gritaria na rua, e isso era, talvez, o que mais dava tensão aquele momento, fora a fedentina que estava aquele lugar. Talvez eles nunca tivessem percebido que os zumbis fediam tanto porque tudo sempre aconteceu em locais abertos, mas o shopping já estava totalmente tomado por eles. Andre continuava agüentando a dor no braço, que sangrava demais.
De repente uma parede de uma loja perto deles explodiu matando muitos zumbis, e eles caíram todos no chão, com arranhões e machucados pela explosão.
- Quê isso? – perguntou Bruno procurando sua faca com os óculos quebrados.
E do meio das chamas da explosão saiu à resposta a pergunta de Bruno. Vários homens vestidos de preto com máscaras de gás, equipamento de guerra, e todos armados. Não eram agentes da Umbrella, nem policiais – eram agentes da equipe do Capitão André, novamente salvando eles!
Mas ele não estava ali. Antes que os sete pudessem se levantar, vários agentes fizeram um círculo em volta deles, e começaram a jogar longe os zumbis que restaram da explosão com disparos de Shotgun. Vários zumbis eram mortos de uma vez. Todos estavam equipados com Shotguns.
- Heavy Metal!
Fazia tempo que eles não ouviam tiros, ainda mais em zumbis. Um dos homens fez sinal para que todos se levantassem, e então eles começaram a seguir pelas escadas, abrindo o caminho com as Shotgun. Os sete seguiam sendo escoltados pelos homens de preto, que em vez de descer as escadas, subiram até o terraço do shopping matando muitos zumbis, onde eles se depararam com um helicóptero, que já estava pronto para decolar. Durante todo o trajeto os sete somente observaram e não falaram nada. Tudo acontecia muito rápido.
- Entrem logo! – disse o Capitão André surgindo de trás do helicóptero.
Todos entraram rapidamente e se sentaram no helicóptero junto ao Capitão André e Marcos, que era o piloto – o mesmo que dirigia o caminhão da equipe em Gravataí quando Daniel e Felipe conheceram a equipe. Os sete estavam completamente sujos e machucados pela explosão e sangue dos zumbis, além de Andre estar infectado, e de Bruno estar com os óculos quebrados, mas eles estavam muito felizes por terem sido salvos da morte novamente.
Os combatentes da equipe entraram em um segundo helicóptero que também decolou. Finalmente aquela tensão acabou.
- Vamos sair daqui antes que a polícia chegue. – disse o Capitão André com a maior calma do mundo.
Ele estava com a mesma aparência de dois anos antes quando conheceu Felipe e Daniel. A cara bem grande, careca, fortes sobrancelhas e uma barbicha preta em volta da boca e no queixo.
Nenhum deles disse uma palavra se quer, e todos observavam o Capitão André com curiosidade. Ali apenas Daniel, Felipe e Bruno conheciam o capitão. Os outros não chegaram a conhecê-lo em Goiás.
Ele olhou para Andre, que estava com a mão sobre o ferimento no braço.
- Vejo que você está infectado, soldado. – disse o Capitão André pegando uma maleta de onde tirou uma amostra do antivírus para usar em Andre. Era até estranho, pois tudo estava parecendo cair do céu para eles: primeiro Alyssa encontra “armas” para eles; depois os agentes da equipe aparecem e lhes salvam; depois a cura...
- É! Pensei que desta vez eu viraria um daqueles monstros chupadores de sangue!
O capitão injetou o antivírus em Andre e disse:
- Quando chegarmos à base Marcos fará curativos em seu braço, ok?
- Onde é a base? – perguntou Bruno curioso.
- Há, há... Nós nos hospedamos por hoje na sua rua, portanto, a base é na frente da sua casa soldado Bruno.
- Como assim? – perguntou Bruno espantado.
- Me deixem explicar, não façam tantas perguntas de uma vez só. É o seguinte: a Umbrella decidiu dissipar o T-Vírus em todas as capitais brasileiras. Após o agente deles que trabalhava na Capcom ter sido pego, eles parecem ter ficado irritados e querem se vingar, apesar de terem recuperado ele, e além disso, acho que eles querem se vingar de vocês por tudo que vocês fizeram desde que nos conhecemos.
- Mas de onde saíram tantos zumbis de uma hora para outra naquele shopping? – perguntou Alyssa.
- Eu já disse que a Umbrella dissipou o T-Vírus em todas capitais brasileiras. Mas desta vez não foi com amostras falsas de vacinas para gripe nem com aviões de lavouras, desta vez eles largaram pessoas já infectadas nas cidades há poucas horas atrás.
- Então quer dizer que toda cidade já tá como o shopping? – perguntou Felipe esperando uma boa resposta.
- Positivo. Mas não se preocupem com a família de vocês que estavam na casa do soldado Bruno, pois todos estão a salvo. Há um batalhão da minha equipe que interditou a Rua de Bruno, e todos que estão naquela rua estão completamente seguros. Bom, acho que devemos nos apresentar direito. Eu sou o Capitão desta equipe, e me chamo André Braga, e lidero esta equipe que se chama FEAU. Finalmente encontrei um nome bom para a equipe. Apresentem-se soldados.
Bruno, Felipe e Daniel não falaram nada, pois o Capitão André já os conhecia muito bem, e ele parecia, apesar de manter a aparência de durão, estar bem contente em rever os três. Então Mauro começou:
- Meu nome é Mauro, e fui um dos sobreviventes do ataque aquela fazenda ano passado em Goiás. Posso dizer uma coisa? Eu achei que esse capitão fosse maior.
Ao ouvir isso, o capitão olhou para o garoto com um olhar diferente, e Mauro logo percebeu que sua piada não caiu muito bem para a ocasião e desviou o olhar para a noite escura e ventosa.
- Eu sou a Isabela, mas pode me chamar de Alyssa, e agradeço por ter mandado sua equipe nos salvar lá naquela fazenda em Goiás. Se não fosse você André, não sei o que teria nos acontecido.
- André não. Prefiro que me chamem de Capitão André, se não for pedir demais. Prossigam.
- Me chamo João Marcos, mas prefiro que me chamem só de João. Eu tô louco pra tomar banho, vamos demorar pra chegar?
- Eu sou Andre. – interrompeu o garoto do nome errado.
- Você quer dizer André? Hum... Um xará... – falou o capitão.
- Não! É Andre mesmo. – respondeu ele sério com a mão sobre a mordida. – minha mãe esqueceu o acento no E quando me registrou.
- Então você tem o nome errado? Há, há... Mas prossigamos. Este aqui é o Marcos. – disse o capitão apontando para o piloto, que fez um sinal de cumprimento com a mão. – Acho que chegamos.
Marcos tinha uma barba cerrada, não era muito forte, tinha uma cara séria, com sobrancelhas compridas, e cabelo preto e baixo. Seu cabelo era parecido com o de Felipe quando não estava bagunçado, ou amassado por usar boné.
- Mas e sobre nos querer na equipe? – perguntou Daniel ansioso.
- Disso nós falamos depois, vocês precisam descansar, e Bruno, feliz aniversário.
- Esse tá sendo o melhor níver da minha vida. – brincou Bruno enquanto desciam do helicóptero em frente a sua casa. Eles não viam à hora de descer do helicóptero, pois da última vez que entraram num helicóptero acabaram caindo numa floresta cheia de zumbis.
A rua estava fechada por agentes da equipe do Capitão André, e havia muitas pessoas fora de suas casas fazendo perguntas aos agentes, além de várias barracas montadas no meio da rua, que estava com caminhões da equipe em todas as esquinas.
Todos eles entraram junto do Capitão André na casa de Bruno, exceto Andre que ficou fazendo curativos com Marcos em uma das barracas.
Após algumas horas de paparicas da família de Daniel, Bruno e Felipe, e depois de um bom banho para cada um, todos foram se preparar para dormir. Foi um dia perigoso e tenso.
- Amanhã conversaremos melhor soldados. – disse o Capitão André, sempre mantendo a postura e se referindo a eles como “soldados”.
Apenas Daniel e Felipe dormiram no quarto de Bruno, e os outros espalhados pelo resto da casa. Mauro roncava como um porco. João se tapou completamente até a cabeça, apesar de todo o calor que estava. Alyssa dormia leve como um bebê. Andre passou a maior parte da noite se remexendo de um lado para o outro, não conseguindo dormir com dor no ferimento.
Felipe não conseguia dormir direito, pois desta vez eles tinham eliminado muitos zumbis, e aqueles zumbis lhes cercando não lhe saia da cabeça. Lembrar dos golpes e ferimentos que eles causavam nos zumbis era horrível. Bruno parecia estar muito ansioso para que chegasse o outro dia, e Daniel cantarolava seus rocks.
- Vocês tão acreditando? – perguntou Felipe baixinho.
- Acreditando no quê?
- Como no quê Bruno? Em ele querer a gente na equipe!
- É uma coisa de louco! – disse Daniel com voz alta, e Felipe e Bruno fizeram sinal para ele falar mais baixo, pois os outros estavam dormindo.
- O que será que vai acontecer? Com a cidade?
- Sei lá! Mas espero que a gente não tenha que passar de novo pelo que nós passamos em Gravataí.
Pela manhã, todos já de pé, apenas Daniel dormia como uma pedra, imóvel, e todos estavam lhe esperando para falar com o capitão. A casa estava sendo rigorosamente vigiada por agentes da equipe anti-Umbrella. Após Daniel se levantar, todos foram até uma das barracas na rua para conversar com o Capitão André. De vez em quando se ouvia algum tiro sendo disparado a algum zumbi que aparecia.
- Bom ver vocês, soldados, e senhorita.
Todos se sentaram em cadeiras bem na frente do capitão, que andava de um lado para o outro enquanto falava:
- Eu sei muito bem sobre tudo que aconteceu com vocês em Goiás, pela emboscada que a Dados tramou para vocês. A Umbrella está querendo pegar vocês, principalmente Daniel, Felipe e Bruno por terem mostrado ao mundo que a Umbrella realmente existe.
- Aonde você tava capitão, quando fomos salvos pela sua equipe lá naquele lugar horrível em Goiás? – perguntou Bruno.
- Eu estava com o batalhão que capturou o agente da Umbrella que trabalhava na Capcom, e o largamos para a policia, e então fugimos. Acho que vocês já devem saber que a Capcom foi inocentada. Mas infelizmente a Umbrella recuperou o desgraçado. O FBI está atrás daquele homem. E logo depois de fugirmos do local onde capturamos o desgraçado, fomos a Ásia, pois um lugar havia sido tomado pelo T-Vírus. Foi uma tragédia o que aconteceu lá.
- Capitão, por que você sempre foge com a equipe antes da policia e a mídia chegar? – perguntou Daniel após bocejar de sono e finalmente perguntar alguma coisa séria e interessante.
- Eu não gosto muito de aparecer em público, porque a mídia muda muito a história, e isso também pode servir para a Umbrella saber mais sobre nós. E nós não seguimos a lei, podemos arranjar problemas com o governo por andarmos carregando armas que não são registradas, e eles podem se perguntar sobre de onde tiramos helicópteros, e essas coisas.
- E quem lhes fornece todas essas coisas? – perguntou Alyssa.
- Depois vocês vão saber tudo isso. Eu já falei com as famílias de vocês, e digo vocês todos, inclusive os que são de longe. Antes de vir aqui, fui à casa de todos vocês, e os convenci a deixarem vocês participarem da equipe, agora falta vocês aceitarem.
- Claro que sim! – disse Mauro. – Tópo, porque não?
- É nóis! – Daniel continuou.
- Sim. – disse Alyssa sorridente.
- Vamos cair pra dentro! – disse João coçando a careca.
- Positivo. – falou Bruno imitando o capitão e dando uma risada de felicidade.
- Claro senhor! – disse Andre, pronto pro serviço.
- Entón tá! – terminou Felipe.
- Então, bem vindos a FEAU... Soldados. – completou o Capitão André.
- Este é o nome da equipe?
- Positivo. Finalmente consegui um nome que não parece com coisa de filme. Significa “Forças Especiais anti-Umbrella”.
- E o que faremos?
- Bem, todas as capitais estão sendo atacadas de acordo com as nossas informações, portanto, vocês serão levados a uma de nossas bases, para um treinamento básico. Eu sei que todos aqui têm certa experiência com tudo isso, mas vocês não podem entrar na equipe assim, sem passar por tudo que todos os outros agentes já admitidos passaram. Eu preciso saber como está à situação nas outras capitais. Batalhões serão espalhados por todas as capitais. Metade eu já passei, e já tem batalhões em algumas capitais, como Florianópolis, por exemplo, mas preciso ver o resto. Pretendo voltar em poucos dias. Enquanto isso, vocês treinarão. Como Marcos é o subchefe do meu batalhão, ele irá comigo, mas Wender cuidará de vocês e lhes levará a base de Gramado, que é a mais próxima.
Ao ouvir isso, todos se lembraram do capitão Van Der Wender, aquele holandês que salvou eles de todo caos em Goiás, após descobrirem que foram enganados pela Dados. Todos se despediram dos familiares ali presentes, e em um helicóptero partiram para a base em Gramado. Porto Alegre estava tomada pela epidemia como Gravataí esteve em 2009. Tudo destruído, e o T-Vírus tomando conta de tudo.
Ao chegar a Gramado, foram diretamente a base, que se localizava em um morro da cidade, numa zona aonde não ia ninguém. Chegando a base, eles foram conhecer o lugar. Van Der Wender veio vê-los e guiá-los. Ele estava com seus cabelos ruivos e holandeses arrepiados, como um gato quando está com medo.
Após cumprimentar todos, ele os levou a todos os lugares da base. Era um prédio de dois andares bem discreto, cheio de salas fechadas. Ele mostrou onde eram as salas de reuniões, os quartos, refeitórios, salas de tiro, e outras que estavam fechadas e guardavam outras coisas.
Já era quase noite, quando eles foram para uma sala de reuniões com Van Der Wender e alguns outros agentes. Logo depois de pegar uma garrafa d’água ele começou a falar com seu forte sotaque:
- A equipe é dividida em vários batalhões, para que cada um possa estar em lugares diferentes. O capitão da FEAU, que são todos os batalhões juntos, é o Capitão André Braga, que é também o capitão do batalhão #1, e o subchefe é Marcos Silva. Todos os batalhões tem um capitão e um subchefe. Eu sou o capitão do batalhão #2. Os subchefes são responsáveis pela comunicação da equipe, é o subchefe que carrega munições e antivírus nas missões, ou seja, quase todas as tarefas para o bem do batalhão são feitas pelo chefe ou capitão do batalhão. Ao todo, a equipe tem vinte e quatro batalhões. Cada batalhão tem cerca de agentes, pra mais. As sedes da FEAU são espalhadas por todo Brasil e América do Sul. Pretendemos espalhar nossas bases pelo mundo todo e recrutar mais pessoas para a equipe, e criar mais batalhões. Quanto mais gente nos ajudando contra a Umbrella, melhor será. Além dos batalhões, há os agentes neutros, que são os que ficam nas bases controlando tudo pelo lado de fora das missões. Eles são responsáveis pela comunicação entre os batalhões e agentes. E também temos agentes secretos que agem para obter informações sobre a Umbrella, e qualquer tipo de informação. Estes estão espalhados pelo mundo inteiro. Todos os agentes têm algum parente que esteve em alguma cidade infectada, alguns poucos foram sobreviventes como vocês, outros são amigos de alguns da equipe, e acreditam que a Umbrella existe e querem ferrar com a Umbrella, já que o governo não faz nada. Perguntas?
- Quem fornece tudo isso? – perguntou Felipe.
- Como conseguem armas, munição, veículos? – perguntou Andre continuando a pergunta de Felipe.
- E quem faz com que essas bases não sejam descobertas pelo governo? – Bruno fez a última pergunta.
- As bases são na verdade registradas apenas como residências, apenas casas. Quem fornece dinheiro para construir as bases, comprar os veículos e essas coisas, sou eu e a maioria dos agentes. Eu tenho bastante dinheiro que recebi de meus ancestrais em um banco na Holanda, minha terra, e com a ajuda de todas as pessoas que trabalham pra FEAU, fica fácil. Quanto às armas e munições, são os nossos correspondentes nos Estados Unidos que fornecem. Outra coisa que me esqueci de falar, são sobre os membros da equipe. Há aqui gente de todo o mundo, Europa, América, alguns da Austrália, da Ásia e da África, Estados Unidos, praticamente todo o mundo. A maioria sabe falar português, como eu, mas alguns ainda estão aprendendo. Há uns dois mil agentes se contarmos todos agentes de todos os batalhões e os secretos, e os que estão em outro lugar no mundo fornecendo os equipamentos. Uns vinte devem ser daqui do Brasil. E todos, absolutamente todos, guardam sigilo sobre isto tudo, FEAU é apenas um sonho para eles. Vocês devem prometer não comentar com ninguém sobre esta equipe.
Pelo resto daquele dia, eles passaram ouvindo essas coisas, aprendendo sobre a equipe, recebendo as táticas usadas nas missões, etc. Todos estavam muito ansiosos para saber como seria depois que estivessem oficialmente em algum batalhão e depois que o Capitão André chegasse de volta. E como estaria o país? Como estariam as cidades atacadas pela Umbrella? Por qual razão a Umbrella causava epidemias nas cidades? E por que no Brasil?
Quando acordaram no segundo dia de treinamento, foram levados direto para outra sala com mesas e cadeiras, aonde Van Der Wender lhes apresentou um agente neutro, um agente que não entra em ação nas missões, mas dá ajuda a equipe direto das bases.
- Este é Cristian Del Pierro, especialista em virologia e biólogo.
- Como estão? – disse ele, com sua voz fina olhando na cara de cada um dos sete.
Ele era baixinho, tinha os cabelos um pouco cumpridos como os de Mauro, e estava vestindo a camisa do time de futebol Mílan, da Itália.
- Eu sou Cristian, ou Cris, como preferirem. – disse ele entrelaçando os dedos – Sou italiano, como podem ver, mas vou falar em Português já que vocês são todos brasileiros. Por onde devo começar?
- Pelo começo, baixinho! – murmurou Andre, sempre debochado, mas o italiano pareceu não ouvir nada.
- Devo lhes dizer que sou surdo do ouvido esquerdo, então quando quiserem falar comigo, falem do meu lado direito.
Ao ouvir isso, Andre e Daniel deram umas risadinhas, mas Alyssa lhes fez parar. Mauro estava quase dormindo, e os outros estavam muito atentos ao que o italiano tinha a dizer.
- O T-Vírus revive as células mortas e causa uma mutação, transformando a pessoa em um morto-vivo. O T ou Tyrant Vírus afeta um dos nervos da coluna da pessoa, e esse é o motivo de os zumbis serem tão desajeitados e lentos. Nos animais isso não acontece, pois o vírus se espalha tão rápido pelo corpo dos animais, que eles acabam continuando do mesmo jeito. Os animais geralmente ficam em carne viva, pois o T-Vírus afeta mais a células da pele dos animais do que a coluna, como os seres humanos. Depois de infectada, a pessoa perde todas as memórias e inteligências a cada segundo. O cérebro morre, mas o corpo continua tentando se alimentar. A única necessidade que os zumbis tem é a mais básica, a necessidade de se alimentar, mas não de qualquer coisa, apenas de carne. Logo após a infecção, o corpo da pessoa entra imediatamente em deterioração química, traduzindo, a pessoa começa a apodrecer e isso causa o mau cheiro que os zumbis têm como fruta podre. Ele pode ser transmitido pelo ar, que até não é tão perigoso, afetando apenas as plantas, a não ser que seja uma grande quantidade de T-Vírus no ar sem muito oxigênio, então a pessoa poderá se infectar apenas por estar em local fechado junto a algum infectado. Se infectada pelo ar, a pessoa poderá sentir muita coceira em todo o corpo, aumentando a cada momento, enquanto o T se espalha pelo corpo da pessoa. Isso também é por causa da deterioração das células de todo o corpo da pessoa. E também se transmite através da saliva ou ferimentos. Se a pessoa for mordida, a saliva transmitirá o Tyrant Vírus para todo o corpo da pessoa rapidamente. Se a pessoa apenas for arranhada pelos infectados, é possível que a pessoa fique infectada, mas se ficar infectada, o vírus levará mais tempo para se espalhar pelo corpo da pessoa. Quando infectada, a pessoa leva em média duas a três horas para se tornar um zumbi, porém, se a pessoa for mordida por vários infectados ao mesmo tempo, levar uma mordida muito forte na região perto da cabeça como por exemplo o pescoço, e dependendo também do organismo da pessoa, podem levar poucos minutos para a pessoa se tornar um zumbi, ou dependendo também do organismo de cada um, pode levar minutos, horas, talvez dias, depende de cada um. Outro modo de se infectar é pelo contato direto ao vírus. Se a pessoa tocar em algo onde o vírus está localizado, e coçar o olho, ou levar as mãos a boca ou o nariz, isso poderá ser útil para infectar. Logo que infectada, a pessoa começa a sentir dores internas, pois os órgãos estão parando de funcionar. A única coisa que sentem é fome! Há, há! – ele riu, achando engraçadas as coisas que ele mesmo dizia. – Continuando, os zumbis não sentem mais o corpo, pois todos os órgãos estão mortos, então o único ponto vulnerável é o cérebro, que é onde menos fica T-Vírus concentrado. E o único ponto da coluna que continua sem efeitos totais do vírus, é do pescoço até o crânio, portanto, o modo mais fácil de matar um zumbi é quebrando o seu pescoço, ou afetando o cérebro, ou seja, com uma grande pancada ou atirando na cabeça deles! – ao dizer isso, o engraçado Cristian fez como se estivesse destravando uma Shotgun e olhou para todos com uma cara de “O Matador”.
Por falta de ar no corpo dos zumbis, já que os pulmões param de funcionar, - ele continuou – eles ficam com a pele esbranquiçada de tão seca, e pode rasgar facilmente, deixando os zumbis ensangüentados todo o tempo. Por não controlar totalmente os seus sentidos, os zumbis podem se babar o tempo todo e mexer os dedos e os lábios de forma estranha. Como não sentem nada em todo o corpo, mesmo que fraturem alguma parte do corpo, peguem fogo ou até mesmo levem disparos de armas de fogo, eles continuam de pé em busca de comida. Caso algo afiado lhes atravesse a barriga, há chances de eles morrerem, pois perdem tanto sangue, que acabam perdendo também o vírus, e o corpo morre novamente. Mesmo que eles não se alimentem nunca, o T-Vírus pode lhes deixar andando por aí sem alma durante décadas, infelizmente. Deixem-me respirar... – e ficou quieto durante uns dez segundos. – Eu falei que os zumbis perdem a sensação de qualquer tipo de dor no corpo, mas mesmo assim, eles são capazes de caminhar, e fazer algum movimento com os braços. Agora vamos falar dos animais. Qualquer animal pode se infectar com o T-Vírus, e os animais se infectam mais facilmente pelo ar. Qualquer animal infectado pelo T-Vírus, continua com todos seus sentidos, e se torna agressivo e sem medo de predadores. Os insetos como moscas, abelhas e mosquitos crescem de tamanho incrivelmente, e podem ser muito perigosos, já que não é tão fácil acertar um tiro em uma mosca. – nisso Mauro começou a cochilar. – Acho que vocês sabem o que são BOWs. Significa “Bio-Orghanic Weapons”, ou seja, Armas Biológicas ou Bio-orgânicas. Relacionados aos animais, há os Hunters, que são monstros criados pela Umbrella. Eles injetaram muitas amostras de T-Vírus em um sapo ou lagarto vivo e DNA humano, e isso causou uma mutação incrível, deixando um sapo com o tamanho de um ser humano, com movimentos de sapo, porém anda em pé como pessoa, e com toda a força do T-Vírus, e até seu cérebro agüenta uns tiros. A única forma de eliminá-los é mandando muita bala. Eles podem dar pulos de até oito metros. Hunters significa “caçadores”, porque eles encontram sua presa pelo olfato. Eles podem sentir o cheiro de comida viva a uma distância muito grande. Em todas as missões que já tivemos, ainda não enfrentamos nenhum, mas achamos que existem sim, por que, de onde será que eles tirariam a idéia dos Hunters para os games Resident Evil? Além dos Hunters lagartos ou sapos, também há espécies de Hunters camaleões, ou outros animais de espécies semelhantes. Há também os Chimeras, que são mosquitos com uma grande quantidade de amostras do vírus injetado neles, e crescem para o tamanho de uma vaca, e são até mais fortes do que Hunters. Apenas o nosso querido Capitão André já viu estes monstros, quando foi sobrevivente da epidemia em Ostia, lá minha querida Itália, e depois disso ele criou esta organização anti-Umbrella. Em relação aos zumbis, há os Crisonheads, que são zumbis evoluídos e podem ser considerados BOWs. Após muito tempo infectados, ou se alimentando demais de seres humanos, ou levando muitos tiros no corpo, após um tempo eles sofrem esta mutação. Eles começam a produzir T-Vírus dentro do corpo, e liberam cuspindo um jato de vírus, que pode ser muito perigoso, pois pode infectar alguém facilmente e causar ferimentos no corpo da pessoa. Depois disso, a pele começa a desmanchar, e eles ficam apenas um esqueleto e músculos, porém o nervo da coluna que foi afetado pelo vírus anteriormente é restabelecido parcialmente, e eles ficam um pouco mais rápidos e fortes. Além disso, seus dentes crescem, prometendo uma mordida muito mais forte e crescem garras afiadas no lugar das unhas, podendo infectar só com uma pancada. Se após mais um tempo esses Crisonheads alimentarem-se demais, ou agüentarem muito tempo sem serem mortos, eles sofrem mais uma mutação, e se transformam em outra BOW: os Lyckers. Os Lyckers também podem ser criados pela Umbrella para chegarem a esse nível da infecção mais rapidamente. Eles criam músculos como um leão, e passam a andar deitados como um leão mesmo, e ganham habilidades parecidas com os Hunters. Como eles não tem pele, eles são todo cor-de-rosa, que na verdade são seus músculos em carne-viva, sangrando o tempo todo. Eu costumo os chamar de “homens do avesso”.  – e riu-se do que ele mesmo estava falando. – Seu cérebro cresce tanto que sai e fica exposto na cabeça e tapa os olhos. Por causa disso os Lyckers são cegos, ou alguns tem um pouco de visão ainda, mas uma visão avermelhada muito fraca. Os Lyckers podem caminhar nas paredes ou no teto, e tem uma língua cumprida que pode agarrar alguém ou infectar com uma batida. Mas os Lyckers tem a desvantagem de que se não se alimentarem nunca ou quase nada, podem morrer, e em compensação, se eles se alimentarem muito, os Lyckers evoluem para outra forma mais forte e poderosa. Ele se tornará um Réjis Lycker se ele se alimentar muito. Um Réjis Lycker, já conhecido apenas por dois de vocês – disse olhando para Felipe e Daniel – é mais magro, porém tem uma língua mais cumprida e ele é mais rápido e pode agüentar muito mais que alguns tiros.
- Nem me lembra disso! – disse Daniel acariciando o próprio pé, lembrando de quando o quebrou na batalha contra o Réjis Lycker.
O homem continuou:
- Quase me esqueço dos Glimers! Glimers são sapos infectados pelo T-Vírus em uma quantidade menor que os Hunters, e sem DNA humano, então eles até crescem, e ficam do tamanho de um cachorro, mas não andam em pé como os Hunters. Eles continuam com todos os seus sentidos e movimentos de sapos. Uma grande quantidade de T-Vírus fica concentrada em sua cabeça, por isso ela brilha como uma lâmpada florescente vermelha, e ele pode cuspir T-Vírus como Crisonheads. E eles mordem a pessoa com muita vontade. A sua mordida pode ser fatal, ou arrancar um bom pedaço da pessoa. A mordida deles é realmente muito forte. O batalhão #17 enfrentou uma infestação deles em uma cidadezinha na Bolívia que foi atacada ao mesmo tempo em que Gravataí foi atacada há dois anos. E a pior de todas as BOWs são os Tyrants, que dão nome ao vírus. Se forem injetadas muitas amostras do T-Vírus em uma pessoa, ou essa pessoa for mordida por muitos zumbis até morrer, ela pode se tornar um Tyrant. Sendo assim, essa pessoa poderá criar um ou dois braços-tentáculos, e não terá nenhuma lembrança humana, e só viverá para se alimentar. Se a pessoa se tornar um Tyrant por injetar muito vírus, ela poderá criar um braço tentáculo, ou nenhum, mas terá lembranças humanas, ou não. Sendo assim, a pessoa crescerá bastante e ficará forte como um elefante. Qualquer tipo de Tyrant tem um grito muito forte, capaz de jogar uma pessoa longe, eles agüentam mais do que qualquer outro monstro da Umbrella, são rápidos, podem dar pulos enormes. Seus golpes são muito fortes, e seu braço tentáculo pode furar qualquer coisa. Os Tyrants podem se regenerar, e isso que lhes torna tão fortes. Se ele sofrer algum corte sério, se regenerará em segundos. Mas o único jeito de matá-los é acertando a parte mais vulnerável do corpo deles, que geralmente é o coração que fica exposto. Mas pode ser qualquer órgão, mas na maioria das vezes é o coração, aí fica fácil de acertar, pois fica na frente.
- Moleza! – debochou Andre. – já matamos um desses uma vez.
- Obrigado por me ouvirem, agora irei para a minha massagem. – disse o engraçado italiano e saiu.
Pela tarde, após aquela interessante e demorada aula básica sobre o T-Vírus, eles tiveram treinamento de combate corpo a corpo. Foram levados a salas com tatãmes, sacos de pancadas, e várias maquinas para malhação. Felipe foi o que se deu melhor, pois lutava Taekwondo. Agentes do batalhão de Van Der Wender lutavam com eles, e ensinavam táticas a eles. Todos aprenderam a torcer pescoços com rapidez e agilidade. Alyssa era a que tinha mais facilidade para fazer aquilo. Depois todos receberam umas roupas esfarrapadas e foram levados para um lugar com vários obstáculos. Eles precisavam aprender a passar pelas barreiras com facilidade. Tiveram que passar por cercas de arames farpadas, onde João cortou bastante as costas e os braços, passaram por barricadas, pularam objetos, andaram no barro, etc. Felipe só se recusou a nadar, pois ele não sabia e não tinha nenhuma vontade de aprender. Bruno também não sabia, mas se esforçou a aprender. Depois passaram por ruínas em chamas, barro, e eles já estavam se sentindo como se estivessem servindo o exército.
- Vocês devem estar preparados para tudo! – dizia Van Der Wender durante o treinamento.
João era o que se cansava mais rápido, Andre estava sempre pronto pro que desse e viesse, fazia tudo rapidamente e parecia se cansar muito pouco. Bruno e Alyssa faziam as coisas quase que ao mesmo tempo, sincronizadamente. Mauro era um pouco atrapalhado, mas mesmo nas horas de ação ele continuava fazendo piadinhas engraçadas. Felipe tentava fazer tudo tão rápido quanto Andre, mas Andre era incansável, e Felipe tinha a desvantagem de não nadar. E Daniel estava sempre ao lado de Felipe, sempre fazendo algum comentário e ajudando o amigo no que precisasse, mas todos eles sabiam se virar sozinhos.
- Felipe – disse Daniel – será que o Capitão André vai levar nós com ele pra alguma cidade atacada?
- Acho que não. Se não ele já teria levado a gente junto com ele.
Esse treinamento durou o dia inteiro, até já passar da meia-noite. Ao acordarem no terceiro dia, todos se levantaram e rapidamente foram fazer uma refeição, pois logo recomeçaria o treinamento. Após se alimentarem, Van Der Wender se aproximou e conduziu-os até uma sala cheia de armas. Eles ficaram abismados com a quantidade de armas que tinham naquela sala. Desde pistolas e facas, até fortes metralhadoras e equipamentos explosivos.
- Este que vos apresento é John Wayne, dos Estados Unidos. Ex-Fuzileiro Naval e especialista em armas, uniformes e equipamentos. – disse Wender com seu forte sotaque holandês tomando um copo de água em quanto falava.
O homem não era nem muito magro, nem muito forte, mas era alto como uma porta, com cabelo bem curto e com um topete preto bem arrumado.
- Hello, guys! – disse ele mostrando sua voz super grossa, que parecia de narrador de filme de terror.
- They are Brazilians! – replicou Wender mostrando sua habilidade com o inglês.
- Ok. Então vou falar em português. – começou ele mostrando um sotaque ainda mais forte que Van Der Wender.
Ele tinha aquela baita voz, mas por falar inglês, tinha a língua enrolada com o português.
- Qual arma o André estipulou para eles, Wender?
- Qualquer uma. Garotos deixem-me explicar. Quando vocês foram salvos em Gravataí pelo batalhão do Capitão André, todos usavam as mesmas armas, porque eram armas novas, e o Capitão André queria testá-las. Mas vocês podem escolher a que acharem melhor.
- Entón tá então! – disse Felipe gostando cada vez mais do assunto. Ele gostava muito de armas.
- Quais vocês preferem? – perguntou o americano com cara de entediado.
- Eu devo dizer que vocês têm que pegar uma primária, uma secundária, e algo para combate corporal. – explicou Van Wender.
Todos estavam confusos, pois não sabiam o que pegar, ou o que olhar primeiro. Muitas daquelas armas eles só tinham visto na TV, e nunca imaginariam poder escolher entre qual eles usariam.
- Quem sabe vocês escolhem as secundárias antes?
- Eu quero essa aqui. – apontou Daniel para uma Bereta.
- Essa é uma M92F, mais conhecida como Bereta – explicou o especialista – Ela é muito boa, em questão de velocidade do tiro ou precisão é uma das melhores. Seu pente normal suporta quinze balas, e nela são usadas balas nove milímetros. Ela é leve, fácil de manusear, eu reconheço que é a minha preferida.
- Eu vou ficar com essa. – disse Daniel decidido.
- Eu poderia ficar com duas dessas? – perguntou Bruno apontando para uma Blacktail, a pistola usada pela personagem Ada Wong no jogo Resident Evil #4.
- Essa é uma Blacktail. Essa arma é na verdade uma pistola nove milímetros um pouco modificada. Essa é a pistola que tem os disparos mais rápidos de todas que tenho aqui. Ela é realmente muito veloz, e usa balas nove milímetros. Se você quiser duas, só tente poupar munição com seus disparos rápidos. A munição dela se vai muito rápido.
Todos os outros, logo escolheram a mesma. Glock.
- Essa é uma Glock calibre 17. É a pistola usada pelo exército no meu país hoje em dia. Ela não é tão potente, mas apesar de ser bem pequena, é melhor para recarregar, pois é só injetar o pente e ela destrava-se automaticamente, você não precisa destravá-la. E ela é bem leve, mesmo carregada.
Somente Felipe não pegou a Glock. Ele escolheu uma das mais bonitas que tinha na prateleira, uma cromada, com o cabo preto, quadrada nas laterais, maior que a Glock quase do mesmo tamanho da Bereta, um pouco mais comprida.
- Esta é bem potente. É uma Target calibre 45. Ela é bem barulhenta, mas além da beleza, pode fazer um estrago bem grande na vítima. Boa escolha. E qual será a primária?
Após uns minutos para tirar as duvidas apreciando cada primária, Felipe pegou da parede uma G36C.
- Uma G36C. É uma metralhadora alemã, com um barulho muito forte, com a potência similar a uma AK-47. Ela é capaz de perfurar metal, como um carro, por exemplo, com facilidade.
Bruno pegou uma Carabina M4 a3, o terceiro tipo de Carabina. Mauro escolheu uma FN2000, usada por eles na emboscada em que a Umbrella havia os mandado no ano anterior, e João o imitou. Daniel escolheu uma M16, a metralhadora usada pelo exército americano, bem parecida com a M4. Não tão precisa como a M4, mas é mais potente e mais leve, apesar de ser maior. Alyssa pegou uma Remington M870, uma forte espingarda, capaz de abrir quase todos os tipos de trinques, e capaz de derrubar portas de ferro. E Andre escolheu uma M2 Bar, uma forte metralhadora antiga usada pelos franceses na segunda guerra mundial, muito barulhenta, grande, pesada e potente.
Como arma corpo-a-corpo, quase todos escolheram levar bastões de choque, mas Felipe e Andre escolheram levar as facas de guerra, facas de combate. Elas eram super afiadas de um lado da lâmina, e do outro era uma serra, para cortar cordas ou coisas do tipo. Todos puderam escolher equipamentos para suas armas, como miras telescópicas, miras lasers, etc, mas quando eles foram levados a sala de treinamento de tiro, tiveram que tirar os equipamentos das armas para o treinamento. Pelo resto da manhã eles treinaram a pontaria, e todos receberam uma nota boa do especialista Wayne, pois todos já tinham uma boa experiência, mas quem tirou a melhor nota foi Andre, que parecia ter nascido para aquilo. Andre era realmente bom em tudo que envolvesse ação. João foi o que menos acertou, realmente ele era mais esperto do que bom em ação.
Após descansarem, eram duas da tarde em Gramado, quando Van Der Wender apareceu no quarto deles e com um sorriso na cara, disse:
- Agora teríamos treinamento de artes marciais, mas como o Capitão André nos deu poucos dias pro treinamento de vocês, então vamos pular essa parte. Ponham esses uniformes aqui – disse ele jogando em cima da cama de Daniel os uniformes de todos. – ponham logo, pois estamos esperando vocês lá fora. – e saiu.
- Nóóóóóóóóóóssa! – exclamou Daniel com uma voz fanha, fazendo todos rirem.
- Que uniformes legais! – disse Mauro já tirando a camisa para pôr o uniforme da equipe, e revelando costas cabeludas, e todos riram novamente.
- Me deixa botar lá no banheiro! – disse Alyssa, revoltada por ser a única garota do grupo.
O uniforme era preto, com calças e camisas cumpridas cheia de bolsos e feitas de um tecido bem grosso e forte. Luvas pretas sem dedos e coletes a prova de balas acompanhavam o uniforme. Vieram também os colders de cintura para as pistolas de todos, colders laterais e de peito para suprimentos ou outras coisas, um cinto com encaixes para as munições, facas, os bastões de choque, granadas ou qualquer outro tipo de equipamento. Havia um gancho na cintura para que pendurassem o capacete sempre que o tirassem. As botas eram na verdade coturnos pretos de couro, e os capacetes tinham máscaras de gás, e viseiras super fortes de um vidro bem preto. Na cintura havia uma lanterna instalada, e o símbolo da equipe aparecia no peito. Uma Shotgun e uma espada cruzadas na frente de um triângulo vermelho e branco escrito FEAU: Forças Especiais anti-Umbrella. Em um braço havia escrito o nome completo de cada um em letras vermelhas, e no outro braço também em letras vermelhas escrito: “Batalhão #1”.
Ao ver isso, todos comemoraram por estar no batalhão do Capitão André. Ansiosos e curiosos, todos correram para fora, mas lá estavam Wender e Wayne.
- Gostaram dos uniformes? Estes novos têm lanternas instaladas. Os antigos não tinham, e os agentes tinham que botar lanternas nas armas... – falou o americano.
Antes que pudessem responder, Van der Wender começou a falar:
- Vocês devem ter percebido que ingressaram de vez na FEAU, e no melhor batalhão, ao lado do Capitão André. Ele acabou de entrar em contato, disse que está a caminho, e quer vocês no batalhão dele. Espero que tenham gostado disso. Mas enquanto ele não chega, continuaremos o treinamento. Nós pretendíamos fazer a parte do treinamento que representaria combate com agentes da Umbrella, onde vocês se enfrentariam cada um por si em um campo de Paintball. – Daniel e Felipe se olharam alegres, pois adoravam jogar Paintball com seus amigos em Gravataí. – mas como não teremos muito tempo, faremos apenas o combate a zumbis.
Todos se olharam confusos.
- Quem serão os zumbis? – perguntou Bruno temeroso.
- Zumbis reais. O batalhão que estava em Porto Alegre conseguiu acabar com tudo sem a intervenção do exército. Haviam menos zumbis em Porto Alegre do que houve em Goiás, quando vocês foram pegos ano passado. A maioria estava mesmo naquele shopping onde vocês foram pegos de surpresa. E não havia BOWs nem agentes da Umbrella, por incrível que pareça. A Umbrella está tramando alguma coisa séria. Bom, resumindo, Porto Alegre está a salvo desde ontem, e poucas pessoas morreram depois do ataque ao shopping. E o batalhão já veio com alguns zumbis que foram capturados para o treino de vocês.
- Mas não usaremos armas de Paintball, não é? – perguntou Felipe rindo.
- Não. Vocês usarão as armas que escolheram, mas terão somente um pente incompleto para cada arma, seja primária ou secundária. Improvisem! Há, há... Não se preocupem, pois temos amostras do antivírus aqui. Mas tenham cautela, pois haverá cem zumbis para vocês sete. Eles estarão naquela mata fechada. Quando matá-los, nós pegaremos vocês de volta. Há agentes do meu batalhão nas proximidades para impedir que nenhum zumbi pegue o caminho contrário que não seja o de vocês. – nisso, John Wayne soltou uma risadinha de canto. – Nós assistiremos tudo por câmeras instaladas nas árvores, e se for preciso, iremos intervir na ação de vocês, para que ninguém morra.
Todos pegaram suas armas, botaram os capacetes, luvas e todo o equipamento, e se prepararam para entrar na área verde onde Wender disse que estavam os zumbis.
- A área onde estão prestes a entrar e onde enfrentarão os zumbis tem um quilômetro quadrados. Se vocês saírem dessa área, avisaremos vocês com isto. – e entregou a todos um comunicador, que todos colocaram dentro do ouvido. – para falarem, apertem-no e falem. Peçam ajuda se entrarem em apuros. Mas com certeza isso não será preciso. Outra coisa: haverá cem zumbis e nada mais. Qualquer outra coisa que virem, avise-nos. E estes coletes a prova de balas são feitos de Kevlar, um tecido revestido de aço muito forte, que só é perfurado por forte rifle ou fuzil, mas os dentes dos zumbis são bem fortes e podem perfurar esses coletes, portanto, não se sintam “por cima” só por causa disso. Nós sabemos que vocês já deram conta de mais zumbis do que esses, portanto não se assustem com a quantidade. Nós sabemos que vocês conseguirão. Agora vão! Boa sorte novos soldados!
Todos correram para dentro da floresta no morro, e Bruno andava com as duas pistolas em mãos em vês de entrar primeiro com sua Carabina. Ela estava pendurada nele pela bandoleira. Cada um foi para um lado, mas Felipe e Daniel foram um ao lado do outro, como sempre, mas logo Wender lhes falou no comunicador:
- Cada um para um lado! Agora!
- Merda! – resmungou Daniel e foi para o lado contrário de Felipe.
Logo Felipe ouviu três disparos rápidos de pistolas, que deviam ser de Bruno.
Bruno estava atirando em três zumbis velozmente com suas Blacktail. Ele eliminou os três com facilidade. Enquanto isso, Andre era o mais afobado, corria loucamente atrás de zumbis, mas aquela mata era tão fechada de árvores e galhos, que eles não achavam muitos. Alyssa era bem ao contrário de Andre, a mais cuidadosa do grupo, e logo um zumbi se aproximou dela rastejando. Ela nem gastou munição e torceu o pescoço dele. Eles tinham que fazer manobras entre as árvores, arbustos, e taquaras (bambus).
Mauro começou a metralhar um zumbi com sua FN2000, e quando o zumbi caiu, ele chegou a acertar uns tiros em outro zumbi que se aproximava atrás do anterior. Ele nem se preocupava com a munição. João levou um susto quando uma dúzia de zumbis apareceu na frente dele. Ele gastou toda a sua munição da FN2000 e não matou todos, então pegou a pistola e começou a recuar disparando nos zumbis que restaram. Mesmo mirando sempre na cabeça, eles eram muitos e demoravam a ser eliminados.
Bruno começou a ouvir bem alto os disparos de espingarda de Alyssa, e ele a percebeu a uns metros à direita atirando em outro grupo de zumbis. Finalmente eles podiam perceber que havia uma centena de zumbis ali.
Felipe andava de um lado para o outro procurando um zumbi, quando um apareceu do nada lhe surpreendendo e agarrou-o, tentando mordê-lo. Felipe segurou o zumbi com as mãos, e lhe chutou ferozmente. Depois ele atirou com sua G36C direto na cabeça do zumbi que caiu morto. Daniel estava parado num ponto com menos árvores mirando para os lados, tentando enxergar onde estava o tiroteio.
Então Daniel finalmente enxergou ao longe alguns zumbis, mas os tiros de sua M16 pegavam nas árvores pelo caminho, e só assim foi bastante munição sem matar nenhum zumbi. Mauro passou do lado de Felipe, e eles de repente ficaram cercados por muitos zumbis. Eles não viram os zumbis se aproximarem por causa da grande quantidade de mato, e não ouviram o gemido dos zumbis porque eles ouviam apenas os pássaros voando com medo dos tiros, o vento balançando as folhas das árvores e um barulho de água. Talvez houvesse alguma cascata ali perto. Os dois gastaram tudo que tinham de munição. Mauro já não tinha mais nem munição de sua pistola. Felipe pegou sua pistola #45 e começou a dar headshots nos zumbis mais próximos, enquanto Mauro dava choques neles e depois torcia os pescoços.
Bruno correu para junto de Alyssa e juntos ficaram atirando com o resto de sua munição nos zumbis. Era impressionante como a munição de todos eles se acabava tão rápido. E que sacanagem! Um pente só!
Cada vez mais zumbis se aproximavam de Bruno e Alyssa. João também estava junto, e Alyssa jogava longe os zumbis com sua Remington. Andre apareceu já sem munição cravando a sua faca nos zumbis com aquela raiva que lhe surgia sempre nessas horas. Felipe e Mauro, quando já estavam sem munição, viram os amigos um pouco à frente, e tentaram correr em direção a eles, mas nisso, Mauro foi puxado por dois zumbis no caminho, que começaram a morder seu ombro, os dois ao mesmo tempo. De longe Alyssa se virou, e ao ver aquilo deu o último tiro com sua espingarda, acertando um dos zumbis que mordia o cabeludo Mauro. Daniel apareceu gloriosamente de trás de um mato alto como ele e acertou o zumbi com seu bastão de choque.
- Cara! Não se preocupa! Tu não vai virar um zumbi! – disse Daniel tentando confortar o amigo, apesar de que dizer que “ele não viraria um zumbi” eram palavras muito fortes.
Felipe voltou para ajudar Mauro e saiu chutando o zumbi que Daniel deu o choque. Os zumbis continuavam de pé após os choques, que só abalavam-nos. Quando perceberam estavam todos juntos, cercados. Somente Daniel tinha munição na metralhadora, e Alyssa na pistola. Todos começaram a usar suas próprias táticas de luta. Daniel matava os mais próximos com sua M16, e Alyssa lhe dava cobertura.
- Tá acabando minha munição! – gritou Daniel.
- Continua! – gritou Alyssa.
- Atira na cabeça, gurizada! – gritou Felipe após quebrar o joelho de um zumbi com um chute.
Felipe começou a avançar pra cima dos zumbis como nunca havia feito e exatamente como Andre fazia sempre. Ele chutava os zumbis, e cortava seus pescoços com a sua faca. Já Andre, era mais agressivo, dava socos na cara dos zumbis, e cravava a faca neles, na barriga, na cara mesmo, ou dava talhadas neles com a faca e depois dava porrada. Andre até soltou todo seu equipamento no chão para poder se movimentar melhor. João tentou bater em um zumbi, mas o zumbi foi mais forte e agarrou-o e mordeu seu pescoço. Todos se voltaram para ele desesperados. Daniel deu um choque na cabeça do zumbi e ele caiu morto.
- Tá bem?
- Eu agüento!
- Desgraçados! – gritava Andre.
- Cuidado Mauro! – gritou Alyssa, pois um zumbi se aproximou de Mauro e derrubou-o no chão tentando lhe morder.
Mauro fez força e tocou o zumbi pro lado, e Daniel deu um chute na sua cabeça. Era impressionante como tudo acontecia tão rápido, mas não acabava nunca. Os zumbis só não se aproximavam mais rápido por que se batiam e tropeçavam as árvores e galhos. Alyssa batia neles bem rápido e torcia os pescoços. Aos poucos as coisas foram se acalmando. Mauro e João continuavam na ativa mesmo estando infectados. Andre viu um zumbi chegando atrás de Bruno quando Bruno batia em outro, então Andre correu e cravou sua faca na cabeça do zumbi. Era impressionante como Andre era frio ao matar os zumbis. Ele parecia odiar mesmo os zumbis, fazendo-os sofrer bastante.
- Valeu! – agradeceu Bruno se voltando novamente para os zumbis.
Bruno e Alyssa ficaram dando choques em um dos últimos zumbis até ele morrer. Mauro e João se distanciaram um pouco para bater nos zumbis que ainda estavam um pouco distantes procurando alimento. Andre já sem sua faca batia em dois zumbis a sua volta. Daniel deu um choque num zumbi, e depois Felipe passou a faca no pescoço dele. Depois disso, todos se voltaram para Andre, que dava socos e pontapés no último zumbi vivo daqueles cem, ou pelo menos dos que eles acharam. Bruno se aproximou por trás do zumbi e torceu seu pescoço.
- Acabou. – falou Alyssa calma.
Todos se olharam, e podiam ouvir através das máscaras de gás dos capacetes o som ofegante de todos, cansados, sem forças.
- Acabou. – disse Van Der Wender pelo comunicador.
- Podiam ter sido menos zumbis, né? – perguntou Mauro pelo comunicador.
- Vamos sair logo daqui! – disse Bruno dando o primeiro passo pra fora do mato.
Eles estavam tão perdidos, que nem sabiam para que lado andar, mas Wender lhes comunicou o caminho até onde ele e Wayne esperavam os garotos.
- O que acharam? – perguntou ele quando viu os sete chegando lentamente com as armas vazias e todos sujos, cansados, e dois deles mordidos.
- Um pouco difícil pra um treinamento, não acha, senhor? – perguntou Bruno tirando o capacete como todos os outros.
- Vocês puderam sentir um pouquinho do que poderão passar nas missões pela equipe.
- Pois, pois...
- Dá pra me fazer um curativo? E cadê a droga do antivírus? – João estava louco pra sair dali e usar logo o antivírus.
Mauro sentia a mesma coisa. Era apavorante saber que em algumas horas poderiam se tornar um daqueles que eles acabaram de matar.
Depois de um descanso, todos jantaram e foram para o quarto dormir e descansar para o quarto dia de treino. Será que seria mais difícil? Será que eles realmente estavam prontos para a FEAU? Pelo menos, eles já tinham certeza de que Porto Alegre estava a salvo, e estavam muito tensos para saber as notícias que o Capitão André traria. Fazia uma meia hora desde que todos haviam se deitado a dormir. Nenhum deu se quer um pio. Mas o silêncio foi quebrado pela porta se abrindo, e com a claridade do corredor todos puderam ver que era Marcos, o subchefe do batalhão do Capitão André.
Todos menos João e Mauro levantaram-se rapidamente para saber notícias e ver o que o Capitão André tinha a lhes dizer. Marcos nem precisou abrir a boca, pois todos já sabiam que o capitão estava ali e estava lhes esperando. Quando chegaram à sala de reuniões, viram o Capitão André de pé na ponta da comprida mesa, e aos lados vários agentes do seu batalhão, John Wayne, Marcos, Van Der Wender e outros agentes que os sete não sabiam quem eram eles.
- Bom vê-los novamente, soldados. Como foram no treinamento? Bom, espero que tenham ido bem, pois teremos que sair agora mesmo. – ele parecia apressado e preocupado. – Eu e o meu batalhão passamos por todas as capitais brasileiras, e todas estão sendo atacadas. Eu não sei o que a Umbrella está tramando, mas logo descobriremos. A última capital por onde passei foi Rio de Janeiro, e é a capital que está na pior situação. Não encontramos nenhum agente da Umbrella, mas há uma quantidade incompensável de zumbis, e a cidade está totalmente destruída por BOWs. Fiquei uma hora lá, e não achamos nenhum sobrevivente. Temo que não haja mais nenhum. Com certeza a cidade que eu irei será o Rio. Mas como está tudo muito sério lá, então eu quero o batalhão dois e três junto comigo. Acho que vocês sete já sabem que fazem parte do meu batalhão. Aprontem-se, pois em meia hora partiremos. Marcos, eu quero que você entre em contato com todos os batalhões que estão espalhados pelas sedes do Brasil inteiro, e divida-os entre as capitais brasileiras. E entre em contato com o batalhão #3, de Júlia, eu os quero junto conosco, eles já estão em uma sede perto do Rio. Soldado Wayne, eu quero que prontifique as armas de mais pesado escalão para o meu batalhão, e o batalhão dois e três. Nós enfrentaremos muitos monstros, e precisamos de armas fortes e muita munição. Atenção soldados: eu não quero que usem somente as Carabinas, como nas últimas missões, eu quero que se equipem do mais variado armamento, e muitas granadas e equipamentos explosivos. – durante a explicação do capitão todos os agentes estavam muito atentos a missão que lhes estava sendo dada – Vocês sete, quero que se aprontem logo, vistam seus uniformes rapidamente e peguem seu equipamento. Soldado Wender, chame seu batalhão. Desta vez a Umbrella não escapa! Perguntas?
Todos os agentes ficaram em silêncio, e os sete também, então o Capitão André disse:
- Ótimo! Então se aprontem!
- Sim, Senhor! – soou em alto e bom som a voz de todos os agentes que ali estavam presentes, e em seguida todos já saíram da sala para iniciar a missão.
Começou uma correria de um lado para o outro naquela base, e todos agentes pareciam já estar acostumados com aquela correria. Os sete ainda não tinham percebido que havia tantos agentes trabalhando pela equipe ali naquela base em Gramado. A base estava numa correria, todos se aprontando rapidamente, com pressa. Os sete, botando o uniforme no seu quarto comentavam:
- O que será que vai acontecer?
- Não sei. Mas ainda bem que Porto Alegre já está a salvo.
- Vamos arrebentar com aqueles monstros! – exclamou Andre.
Todos botaram os uniformes, e equiparam as armas com miras telescópicas de distâncias diferentes, só Daniel e Andre não botaram miras lasers nas armas, Felipe ficou com pentes duplos na G36C, Daniel botou um lança-granadas M203 em sua M16, Andre e Alyssa botaram suportes de apoio “anti-tremedeira” nas suas armas, Felipe e Bruno botaram cabo de mão nas suas metralhadoras, todos puseram miras lasers nas pistolas. Todos foram à sala de armas e Wayne entregou granadas a todos e muita munição. As granadas eram granadas de fragmentação (Frag). Quando elas estouravam após seis segundos depois do pino ser retirado, ela libera fragmentos de metal num raio de quinze metros, podendo cravá-los nos inimigos, levando a morte, ou os ferindo seriamente, além da insuportável dor.
Vários helicópteros estavam esperando, e vários já haviam saído, pois eram muitos agentes nos dois batalhões que estavam naquela base. O Batalhão #1, do capitão André e o Batalhão #2, de Wender estavam ali em Gramado. O Batalhão #3 estava em uma sede da FEAU bem perto da cidade do Rio de Janeiro.
Finalmente meia-hora depois, o último helicóptero a sair foi o que estavam os sete, o Capitão André e Marcos, que era o piloto.
Quando o helicóptero decolou, o capitão começou a falar:
- Acho que devo lhes contar como está a situação lá. Nós percebemos em uma hora que estive lá que há muitos zumbis, muitos mesmo. O Rio de Janeiro é uma cidade grande, com uma população muito grande, e temo que todos já tenham sido infectados. Teremos que subir a favela, pois lá podem haver os últimos sobreviventes. Como vocês usaram a internet quando Gravataí foi infectada – disse olhando para Felipe e Daniel – a Umbrella cortou apenas a internet desta vez. A energia da cidade, as estações de rádio, a televisão e os telefones continuam funcionando, ainda bem. A cidade está completamente destruída. E vocês sabem muito bem que zumbis não fazem isso, apenas as BOWs. Devem haver muitos monstros lá. Somente na uma hora que estive lá, enfrentei três Lyckers e até um Hunter. – todos se olharam assustados – essa foi a primeira vez que vimos um Hunter. Nunca foi visto nenhum em nenhuma das missões contra a Umbrella. Portanto, teremos uma difícil missão pela frente. Acho que vocês já sabem como lidar com isso, não é? Tentem acertar na cabeça todos os zumbis, pois precisaremos de muita munição. Eu não faço idéia de quanto tempo nós ficaremos lá, mas só finalizaremos a missão quando não haverem mais infectados pelo T-Vírus, sejam zumbis ou monstros.
- Mas e o exército? – perguntou Alyssa.
- Todo o exército brasileiro está agindo em São Paulo e outras capitais. Caso eles cheguem ao Rio, nós saímos de fininho e deixamos os sobreviventes que acharmos em algum lugar a salvo.
- Vai ser usado algum lugar como acampamento para os sobreviventes como em Gravataí? – perguntou Bruno.
- As ruas da cidade estão totalmente cheias de carros parados, portanto teríamos que usar algum lugar grande e aberto. Prédios são ruins porque podem esconder muitos monstros. Eu havia pensado nos estádios de futebol, como o grande Maracanã, mas no tempo que passei lá, fui verificar isso, e descobri que a Umbrella impediu isso.
- Como assim?
- Eles bombardearam os estádios com aviões. Aqueles filhos da mãe! Eles com certeza já haviam pensado nisso! Eles já devem ter percebido que entraríamos em ação, como em Gravataí.
- O que faremos entón?
- Se acharmos sobreviventes, que acho que serão poucos, teremos de levá-los conosco. A família de vocês está a salvo na casa do soldado Bruno, em Porto Alegre. Somente a sua mãe que não foi achada senhorita Isabela. – disse se referindo a Alyssa. – Ela mora no Rio de Janeiro, não é?
- Sim. Eu já estava preocupada com isso. Será que ela ainda está viva? – Alyssa falou enxugando as lágrimas que acabavam de sair dos seus olhos.
- Ela deve estar viva sim! – disse Bruno, que estava sentado ao lado dela.
- Quando chegarmos lá você nos guiará até a casa de sua mãe, soldada. Nós a salvaremos.
- Mas se não haverem sobreviventes capitão, porque devemos continuar a missão? – perguntou Daniel.
- Teremos de acabar com todos os zumbis e monstros, pois a infecção não pode se espalhar para as cidades vizinhas, ou em poucos dias o Brasil inteiro estará infectado pelo T-Vírus.
- Eu vou acabar com todos aqueles monstros! – disse Andre com sua típica cara de raiva, quando o assunto era Umbrella.
Ele parecia participar da equipe já antes mesmo de ela ser formada, pois para ele era tudo normalidade.
- E como a vocês já sabiam que Umbrella iria atacar todas as capitais brasileiras, Capitão André? – perguntou Felipe.
- A própria Umbrella nos contou. Eles de algum modo descobriram o telefone da casa de um dos agentes do meu batalhão, e lhe informaram que infectariam todas as capitais do Brasil e que queriam pegar vocês sete, principalmente o soldado Bruno, soldado Felipe e soldado Daniel, porque vocês revelaram a Umbrella para o mundo quando escaparam em Gravataí.
- E o que aconteceu com este tal agente do seu batalhão? – perguntou Mauro.
- Ele infelizmente foi assassinado pela Umbrella. Eles implantaram uma bomba na casa dele em Porto Alegre. E logo depois de ele me informar tudo, sua casa explodiu. A Umbrella está cada vez sabendo mais sobre nós, por isso eu não quero aparecer na mídia. Temo que tenham descoberto alguma de nossas bases fora do Brasil. Caso isso tenha acontecido, estamos correndo muito perigo, pois a qualquer momento eles podem nos atacar. Eles podem ter se infiltrado secretamente em alguma de nossas bases, e assim devem estar sabendo muito sobre nós.
- Mas por acaso já entrou em contato com todas as bases, capitão? – perguntou Alyssa.
- Positivo, mas em nenhuma base ocorreu nada fora do normal. As fitas de vídeo das câmeras não registraram nada dentro nem fora de todas as bases, mas a Umbrella tem bons agentes. Eles podem ter dado um jeito de nos descobrir, sem que os descobríssemos. Desde que o mundo inteiro começou a investigar a Capcom e que Endo Oono foi capturado, eles tem sido mais cautelosos nos ataques. Desgraçados... Bom, acho que ainda não falei: talvez a gente nem durma, portanto aproveitem agora, pois lá não teremos tempo para isso, ou teremos muito pouco, somente depois que finalizarmos a missão. Portanto durmam soldados.
Todos ouviram o conselho do Capitão André e recostaram a cabeça. Algumas horas depois, enquanto ainda faltavam alguns minutos para os helicópteros chegarem ao Rio de Janeiro, somente o Capitão estava acordado olhando para a rua com um olhar distante, e Marcos pilotando concentradamente. Felipe acordou ansioso que chegassem logo, e ao ver que todos estavam dormindo, aproveitou para fazer ao capitão a pergunta que não lhe saia da cabeça:
- Capitão, eu não consigo dormir por causa do nervosismo, mas eu posso fazer uma pergunta?
- Positivo soldado.
- Por que quis a gente na equipe? Por que acha que nós sete poderíamos fazer parte da sua equipe? Nenhum de nós é adulto, nós somos os únicos adolescentes na sua equipe. E por que ainda ficamos no seu batalhão, que é o melhor?
- Eu repito. A Umbrella deixou bem claro que quer pegar vocês, principalmente vocês três, pois vocês os revelaram ao mundo. Eu tinha que proteger vocês. Vocês foram muito úteis contra a Umbrella. Desde que eu sobrevivi o ataque do T-Vírus em Ostia na Itália e depois disso desde quando eu formei esta equipe, sempre soube que seria muito mais difícil para a Umbrella se o mundo soubesse que ela existe. Mas eu não sabia como divulgar a Umbrella para o mundo. Achariam que eu era louco, e eu ainda teria problemas com o governo por porte ilegal de armas, helicópteros, bases secretas e tudo que Wender já lhes explicou. Mas graças a vocês, agora o mundo já sabe sobre a Umbrella e sobre o que eles produzem: o T-Vírus. E vocês são meus amigos agora. – ele fez uma breve pausa, e continuou. – Até o FBI está investigando a Umbrella agora, e governos do mundo inteiro, e como nós, estão tentando descobrir onde ficam as bases da Umbrella no mundo todo. Se descobrirmos onde são as bases deles, essas bases serão destruídas, e todas as amostras do vírus também. E o outro motivo, além da segurança de vocês, é que se a Umbrella quer pegar vocês, terão de vir até nós. Logo tudo acabará. Eu prometo.
- E os outros? Por que quer eles? Alyssa, Andre, João e Mauro?
- A Umbrella apenas usou eles para pegar vocês ano passado com aquela falsa missão da Dados. Eles não sabiam de nada, como vocês. Todos vocês foram conduzidos pela promessa de dinheiro que eles lhes disseram que pagariam. Mas agora que eles sobreviveram com vocês naquela fazenda, eles também são pessoas que sabem alguma coisa sobre a Umbrella. Vocês sete estiveram em uma base da Dados, e isso vale muito pra eles.
- E por que vocês nunca foram àquela base. A gente sabe onde é. Podemos guiar vocês lá...
- Wender não lhes contou quando lhes salvou em Goiás? Logo depois que vocês foram largados lá, a Dados fechou as portas. Todos que trabalhavam lá sumiram do mapa, e minutos depois aquela base foi autodestruída.
- Como assim, autodestruída?
- Minutos depois de vocês partirem de São Paulo, todos fugiram e a base explodiu. Isso é apenas uma amostra do quê a Umbrella é capaz.
- Estamos quase chegando, senhor. – disse Marcos, que desde o começo da viagem esteve em silêncio total.
Nisso Felipe, que era o único acordado, percebeu que havia dormido várias horas, pois ele já podia enxergar o Cristo Redentor no alto do morro, e a horrível favela do Rio de Janeiro. O capitão acordou os outros seis, e todos puseram seus capacetes, e pegaram todo o equipamento, preparados para iniciar a missão. Todos os sete estavam um pouco tensos e nervosos. Desta vez eles não estavam sobrevivendo a ataques da Umbrella, eles estavam prontos para combater a Umbrella de frente, indo tentar impedir o mal que eles fazem...
Ao descerem do helicóptero, todos com as armas em mãos, olharam em volta e perceberam que não seria uma missão fácil. Eles pousaram em uma avenida bem grande na beira da praia de Copacabana. Poucos helicópteros já haviam chegado. Havia muitos carros parados na avenida, e muitos mesmo, tantos que se eles quisessem usar algum carro não poderiam, por falta de espaço.
- Deve ter infectado todos. Tem muitos carros aqui.
Com certeza houve uma grande confusão das pessoas tentando sair da cidade, mas pelo jeito, acabaram sendo infectados; isso era uma possível explicação para tantos carros ali, era como se todos tivessem tentado sair da cidade por aquela avenida, ou algo assim.
Em meio a veículos parados e batidos, lojas em chamas, muita sujeira e a grande tranqueira de carros, eles puderam enxergar vários zumbis já se aproximando por todos os lados da grande avenida. Eles mal tinham chegado e a ação já estava pra começar. Todos esperaram o sinal do Capitão André, que começou dando um tiro com sua Carabina 98K em um zumbi a uns cem metros. Depois disso todos começaram a disparar na cabeça dos zumbis de longe mesmo, usando suas miras telescópicas para longa distância.
Os agentes começaram a se espalhar por entre os carros e a se aproximar sem medo nem dó dos zumbis, lhes derrubando com o primeiro tiro. O combate durou uns dez minutos, pois haviam muitos zumbis mesmo, todos perdidos entre os carros. Os sete tentaram ser o mais normal possível, mas eles perceberam que os agentes da equipe eram muito mais competentes e matavam muitos zumbis que eles.
Aos poucos mais helicópteros da FEAU passavam sobrevoando a praia e podia-se ver o Capitão André usando o comunicador de ouvido dando ordens aos helicópteros. Mas nem todos pousavam ali, muitos seguiram voando para outras partes da cidade. O Capitão André era o único que estava sem o capacete, mostrando sua careca reluzente e sua barbicha negra o tempo todo. O sol nascia lentamente no horizonte do oceano, e aos poucos eles podiam ver cada vez melhor como a cidade era grande.
Muitos prédios grandes, a praia também era bem larga e interminável, com vários coqueiros, o morro era bem alto, a triste favela com muitas casas amontoadas umas sobre as outras, e lá no alto o Cristo Redentor, com os braços abertos, como se estivesse pedindo ajuda contra o vírus que infectou a cidade. Os grandes edifícios em toda cidade, e morro com o emaranhado que é a favela, contrastavam perfeitamente com a linda e interminável praia e com o horizonte do oceano. Simplesmente era um lugar muito bonito de se ver.
Depois de eliminarem todos os zumbis a vista, o capitão reuniu todos os agentes ali presentes na beira da praia e começou a falar:
- Soldados. Devem ter percebido que a cidade é muito grande e perigosa para nós. Não se esqueçam que poderemos encontrar muitas BOWs. Nós procuraremos sobreviventes no centro da cidade primeiramente, e pela noite nos reuniremos com os outros dois batalhões e vamos nos preparar para subir a favela, em busca de sobreviventes. Não se esqueçam de atirar na cabeça, e tentem poupar munição.
- Capitão! – exclamou Bruno apontando para um caminhão na avenida. – O quê é aquilo?
Havia alguma coisa caminhando em cima do caminhão, observando eles quase imóvel. Parecia ter a pele cor-de-rosa, tinha garras nas mãos, seu cérebro nojento estava exposto, e ele abria a boca mostrando dentes afiados e sujos de sangue, e do meio deles saía uma língua muito cumprida e nojenta.
- É um Lycker, senhor! – disse um dos agentes e antes mesmo que qualquer movimento do capitão todos começaram a se aproximar da avenida disparando com suas armas.
Os agentes da equipe acertaram muitos tiros no monstro, que logo caiu morto. Tão fácil quanto tirar doce de criança...
- Podia ter sido assim daquela vez, né Felipe? – comentou Daniel.
- Tem mais! – gritou Alyssa se virando para outro lado da rua.
Haviam uns quatro Lyckers horrorosos e apavorantes se aproximando por cima dos carros esticando suas enormes línguas tentando acertar os agentes.
- Lá também! – apontou Felipe para o outro lado.
Mais Lyckers se aproximavam. Era apavorante aquilo. Eles em meio ao Rio de Janeiro totalmente destruído cercados por monstros em carne viva com línguas gigantes. E os Lyckers eram monstros muito horríveis, com aquelas línguas e seu corpo em carne viva. Eles nunca imaginaram que se quer existissem monstros!
- Heavy Metal!
Todos começaram a recuar mais ainda para a beira da praia, alguns até chegando a molhar as pernas na água da praia, e os Lyckers eram jogados longe com os tiros de espingarda do Capitão André e de Alyssa, e com os disparos de Shotgun de alguns agentes da equipe.
Mas aquilo não terminava nunca. Os sete já estavam começando a se apavorar! Apareceram muitos Lyckers, e cada vez mais Lyckers surgiam entre os carros, pulando como grandes sapos e grudando em cima dos carros, tentando intimidar a equipe esticando sua língua e mostrando seus grandes dentes afiados e sujos com o sangue de suas pobres vítimas.
- Eles devem ter ouvido os tiros nos zumbis antes e terem vindo até nós! – disse Marcos.
Estava um completo tiroteio nos Lyckers, que estavam sendo eliminados quase como os zumbis. Andre matou um sozinho, que pulou pertinho dele, então ele o metralhou ferozmente com sua M2 Bar, e o Lycker levou a pior. Os sete permaneciam juntos, um cobrindo o outro, cada um com o tipo de arma que escolheu. Até que os Lyckers eram eliminados rapidamente com aquelas armas.
Daniel e Bruno mataram o último Lycker, que estava mais perto deles. Os dois o metralharam juntos e rapidamente o Lycker morreu. Era difícil de acreditar que tantos Lyckers foram mortos e ninguém morreu. A partir daquele momento eles puderam perceber que os Lyckers não eram tudo aquilo que eles pensavam que fosse. Eles podiam ser muito feios e assustadores, mas nem tão fortes contra várias metralhadoras, Shotguns, rifles e agentes cheios de raiva da Umbrella.
E uma perigosa dúvida cercava os pensamentos principalmente dos sete: se haviam tantos Lyckers só ali, quantos mais eles teriam de enfrentar por toda a cidade, e quais outros tipos de monstros da Umbrella? Quantas pessoas teriam morrido? Será que eles encontrariam sobreviventes? E a mãe de Alyssa?
Todos se reuniram novamente, agora aliviados, e enquanto recarregavam suas armas o capitão retornou a falar:
- Continuando, vou dividir vocês em pequenos grupos, e se espalhem pela cidade. Entrem em todas as residências, lojas, shoppings, tudo. Vocês sabem o que fazer. E vocês sete virão comigo. Nós iremos até a residência da mãe da soldada Alyssa.
Depois disso, o capitão dividiu todos que ali estavam nos pequenos grupos, e rapidamente todos se espalharam cada pequeno grupo seguindo a pé por uma rua diferente. Junto do capitão ficaram os sete, e mais dois agentes. Os dois permaneceram de capacete, e os sete não puderam ver como eles eram, mas puderam ver o nome de cada um em seu uniforme. Um chamava-se Naoshiko Takashi, que devia ser chinês ou japonês, e o outro se chamava Jean Paulo Rutan, e era um homem bem grande e aparentava ser bem forte. Ele devia ser de algum lugar da Ásia ou da África. Pelo menos foi isso que os sete acharam.
- Vamos seguir por esta rua aqui. – disse o capitão tomando a frente e seguindo por uma rua que cruzava com a avenida onde eles estavam.
Eles seguiam pelo meio dos carros, olhando para todos os lados, em meio ao silêncio mortal do local, e quando viam algum zumbi atiravam na cabeça deles. Depois de tantos Lyckers, os zumbis eram moleza. E com o silêncio do local, qualquer barulho podia ser ouvido de longe, e isso ajudava pra eles saberem quando algum zumbi estava se aproximando. Pelo resto da manhã eles passaram dando voltas no centro da cidade, entrando em todos os lugares, lojas, mercados, e viram que tudo estava tão destruído quanto Gravataí esteve.
- Devem ter muitos monstros aqui mesmo. – comentou Daniel com Felipe.
- “Ou ié!” – respondeu Felipe sendo engraçado.
Eles enfrentaram mais zumbis, mais zumbis e ainda mais zumbis. Realmente havia muitos zumbis pela cidade. Era incrível e triste, pois eram muitos zumbis mesmo, e cada vez que uma grande quantidade de zumbis se aproximava, todos se lembravam da vez que ficaram cercados por um monte de zumbis no vilarejo em Goiás. Era uma sensação diferente para eles andar assim, tão normalmente ao lado do Capitão André, ainda mais contra a Umbrella, e matando zumbis como se já fizessem aquilo a muito tempo. Quando Felipe e Daniel ficaram em Gravataí tomada pelo vírus, eles sobreviveram por acaso, e quando todos os sete e mais membros tiveram uma falsa missão pela empresa Dados naquele vilarejo, eles caíram em uma emboscada e tiverem que improvisar para sobreviver também, mas desta vez todos eles estavam indo contra o vírus, procurando provas contra a Umbrella, tentando salvar as pessoas daquilo que eles já passaram. Desta vez nada estava sendo por acaso, desta vez todos eles estavam decididamente indo contra a empresa que criou o vírus que infectou grande parte do Brasil.
Algum tempo depois, eles entraram em uma loja de roupas do centro do Rio e se depararam com muita destruição e muito sangue.
- O que é isso?
- Não sei. – respondeu o Capitão André, pegando seu revólver para entrar na loja. – Alguma coisa grande esteve aqui. Acho que são Lyckers. Zumbis não fazem tudo isso.
- Vamos nos espalhar. – disse Andre tomando a frente e agindo como o capitão da equipe.
Todos entraram atrás dele, mirando cuidadosamente para todos os lados. O chinês andava com sua calibre #12 em mãos, e o outro agente usava uma submetralhadora P-90.
- Espalhem-se.
Seguindo a ordem do capitão, cada um seguiu para um lado, observando tudo em meio a corredores de roupas e cabides que estavam puro sangue. Havia roupas e objetos da loja caídos pelo chão, e tudo totalmente ensangüentado. Era até nojento para eles entrar num lugar naquelas condições, ainda mais sabendo que teriam de enfrentar o que causou tudo aquilo.
- Nossa! – falou baixinho Alyssa.
Todos se espalharam pela loja desta forma, seguindo lentamente e observando tudo em volta, exceto o chinês, que ficou na porta, matando os zumbis que se aproximavam pela rua de repente. Os cabides de roupas acabavam confundindo a visão deles, pois eram muitos cabides e armários, além de ser uma grande loja, e o lugar inteiro fedia carniça. Mauro e João andavam lado a lado. Felipe seguia armado com sua pistola, para poupar munição da metralhadora.
A loja era bem grande, e como estavam bem espalhados, todos se sentiam como se estivessem sozinhos, pois não enxergavam nenhum companheiro. E lá dentro era mais difícil ouvir barulhos; mesmo se ouvissem, era difícil saber de onde veio, pois os cabides formavam uma visão muito confusa. Talvez não houvesse nenhum zumbi lá, pois eles não ouviram nenhum gemido.
- Eu vi alguma coisa ali adiante! – gritou Bruno após ver uns cabides a frente se mexerem.
Sem pensar duas vezes ele correu até o lugar onde ele achou que tivesse alguma coisa, e levou um susto quando Daniel saiu do meio de um cabide de roupas, assustando Bruno sem querer.
- Cara! Não faz mais isso, Dani!
- Eu tô tão assustador assim de capacete?
- O quê que houve? – perguntou Felipe que chegou correndo para ver o que tinha acontecido. – Eu te ouvi dizer que viu alguma coisa. O que era?
E antes que Bruno pudesse responder a Felipe, o cabide ao lado foi derrubado violentamente, e de trás dele saiu um grande monstro em carne viva, musculoso e intimidador, e maior que qualquer Lycker: era um Réjis Lycker, igual ao que Felipe e Daniel haviam matado em Gravataí. Os dois nem se lembraram daquele bicho, nunca pensaram que enfrentariam um novamente, ainda mais dentro de uma loja, pois era um grande bicho.
O monstro assustou os três, e antes mesmo que eles apontassem suas armas para o monstro, o desgraçado esticou sua língua e agarrou a perna de Bruno, que caiu e começou a ser puxado pelo bicho. Nisso Andre apareceu do nada e com sua faca arrebentou a ponta da língua do bicho, que nisso soltou Bruno. Daniel começou a metralhar o monstro, que não morria. Felipe atirou com sua pistola mesmo, mas ele era imune.
Alyssa estava na porta da loja junto com o chinês detendo outro grande grupo de zumbis que apareceu. Mauro e João se separaram e começaram a correr de um lado pro outro procurando onde estava o tiroteio, mas quem apareceu para salvar eles do Réjis Lycker foi o Capitão André, que disparou rapidamente seis vezes no cérebro do monstro com sua Magnum 357. O monstro caiu fraco, mas ainda tentava acertar alguém com o que restou de sua língua. Andre, ainda com sua faca, tomou coragem e se aproximou do monstro, levantou sua faca com as duas mãos, e a cravou no cérebro dele. O Réjis Lycker deu um grito mais forte mostrando suas presas, e finalmente morreu caindo deitado. A faca de Andre ficou tão cravada na cabeça daquele monstro que ele nem pode pegá-la de volta.
- Ajudem aqui! – gritava João da porta, pois eles não conseguiam conter a grande quantidade de zumbis.
Todos correram para a porta e começaram a ajudar na guerra contra os zumbis. O chinês tocava vários zumbis longe com seus disparos de calibre #12, e Alyssa com sua espingarda. O capitão continuava atirando com seu revólver, acertando apenas na cabeça, mas mesmo assim, aquilo não acabava nunca. Mauro ainda não havia chegado à porta, mas quem chegou foi o agente chamado Jean, que disse para todos se afastarem e jogou uma granada para a rua, e vários zumbis morreram com a explosão. Os que sobraram pegando fogo foram mortos por Andre e Felipe com tiros na cabeça.
- Tá bem Bruno? – perguntou Felipe, mas Bruno respondeu com a cabeça que sua perna apenas estava dolorida, por causa da língua do Réjis Lycker.
- Quanta emoção pra tão pouco tempo...
- É mesmo. – respondeu Alyssa tirando o capacete. – Quando nós iremos atrás da minha mãe, capitão?
- Nos guie até lá, e nós vamos entrando em todos os lugares que haverem no caminho, ok?
- Vamos lá logo! Por favor! – todos podiam perceber de longe que ela estava realmente preocupada com sua mãe.
- Tudo bem. Você sabe onde é?
- Sim. É naquele prédio lá. – disse ela apontando para um dos grandes prédios da cidade, mas ele estava um pouco longe, talvez alguns quilômetros.
Os sete, mais os dois agentes e o capitão seguiram pela rua em destino ao prédio da mãe de Alyssa, eliminando todos os zumbis pelo caminho. Havia muitos zumbis mesmo. Alyssa parecia estar muito preocupada com sua mãe.
Muitos zumbis foram mortos até a entrada do prédio, mas não foi encontrado nenhum sobrevivente. Ao chegarem lá, Alyssa confirmou que era aquele prédio, e que ele devia ter uns vinte andares. Era um dos maiores naquela parte da cidade. Todos recarregaram suas armas, e nem passaram trabalho para entrar no prédio, pois a porta havia sido arrebentada para trás.
- Tenham cautela. – disse o capitão dizendo para Jean entrar na frente.
Jean estava sem capacete, e todos puderam perceber que ele era negro, muito forte, e por causa do idioma que ele falava, os sete perceberam que ele era africano. O capitão André não usava nunca o seu capacete, e o chinês era um pouco baixinho, mas eles ainda não tinham visto sua cara, pois ele não tirou o capacete nenhum momento. Todos entraram enfileirados nos corredores do prédio, que estava bem sujo, e as luzes piscavam.
- O que será que tem aqui? – perguntou Felipe.
Eles seguiam todos juntos, até que chegaram as escadas e os elevadores, que ficavam ao lado da grande e aberta recepção do prédio, que estava bem suja.
- Os elevadores são perigosos, soldados. Vamos pelas escadas. Em qual andar é o apartamento da sua mãe, senhorita?
- No décimo quinto andar.
- E quantos andares tem esse edifício?
- Acho que são dezoito.
- Ok. Soldado Mauro e soldado João, vocês podem ir checar do segundo ao quinto andar. Soldado Andre e soldado Bruno, vocês podem checar do sexto ao décimo andar. Soldado Jean e soldado Naoshiko podem checar do décimo ao décimo quarto andar. Eu e a soldada Alyssa iremos procurar a mãe dela no 15º, e soldado Daniel e soldado Felipe podem checar os andares acima do décimo quinto e o terraço. Procurem sobreviventes, qualquer prova contra a Umbrella, suprimentos, e matem tudo que verem que for infectado. Nos encontraremos aqui em baixo. Vamos!
Todos obedeceram à ordem do Capitão André, e foram subindo as escadas e ficando pelos andares que lhes foram designados. Bruno e Andre ficaram pelo sexto andar.
- Boa sorte! – disse Felipe, e Andre respondeu arrogante:
- Nós não precisamos.
Enquanto os outros subiam as escadas, alguns zumbis apareceram rastejando, e foram eliminados com tiros de pistola, ou quebrando o pescoço deles. Depois quem saiu das escadas e ficou no décimo primeiro andar foram os outros dois agentes. Depois, Alyssa e o capitão foram procurar a mãe dela no 15º, e ela já estava chorando de nervosa só de ver o estado de destruição que estava o prédio. O que poderia ter acontecido com sua mãe?
Felipe e Daniel subiram mais as escadas, e após matar mais dois zumbis rastejando na escadaria, ficaram no décimo sexto andar. Todos os andares do prédio eram formados por um grande corredor, e os quartos aos lados. As paredes tinham pinturas de flores, e no chão havia vários tapetes estampados espalhados por todo o corredor. Algumas janelas tinham grades, e isso era bom, pois nenhum bicho grande entraria pelas janelas. Enquanto seguiam pelos corredores, que estavam como todos os outros, com as luzes piscando, Daniel falou:
- Mano, tu percebeu como o Andre tá mais sério desde que a gente voltou daquela fazenda dos infernos?
- Ele tá assim desde que a Karla morreu lá na fazenda, cara.
- É. Ele até parou um pouco com as babaquices que ele falava.
- Ele tá falando bem menos agora. Mas ele se acha um pouco.
Enquanto conversavam entravam em todos os apartamentos, mas não encontravam nada, além de ouvirem os tiros dos companheiros nos outros andares.
- Eu acho que esse andar tá vazio. Vamos subir pro próximo.
E foi isso que os dois fizeram após se certificarem de que realmente os andares estavam vazios. Subiram até o décimo sétimo andar, e quando chegaram lá tiveram que parar de conversar, pois se depararam com outro “homem-do-avesso” pendurado no teto, babando e pingando sangue, exatamente como aconteceu com eles à primeira vez que viram o Lycker em Gravataí no mercado Carrefour. Felipe e Daniel se olharam, e juntamente começaram a metralhar o monstro, que pulava de uma parede para outra, mas como os corredores eram apertados, ele não tinha muito pra onde desviar dos tiros das metralhadoras dos dois.
- Poupem munição! – disse o Capitão André pelo comunicador, pois ouviu o tiroteio contra o Lycker.
- Tá meio difícil de poupar, né Felipe?
Enquanto isso, Bruno e Andre, já haviam checado do sexto ao nono andar, e só faltava o décimo, e só tinham encontrado zumbis.
- Que tiroteio é esse? – perguntou Bruno.
- Devem ser o Felipe Selo e o Daniel Gometz. São barulhos de metralhadoras. – mesmo que Bruno não gostasse, e nem Felipe e nem Daniel, Andre continuava os chamando com os apelidos que ele inventava.
Ao chegarem ao décimo, se depararam com uma grande quantidade de zumbis. Aquilo estava começando a se tornar rotina, enfrentar cambadas de zumbis ao mesmo tempo. Os dois correram para um quarto onde uma TV estava ligada e as luzes estavam funcionando bem, e de lá começaram a eliminar os zumbis com tiros na cabeça. Andre estava usando a sua metralhadora, mas Bruno disparava rapidamente com suas duas pistolas de fogo rápido.
Felipe e Daniel puseram o último pente de munição em suas metralhadoras após o Lycker cair morto, e chegaram perto para analisá-lo melhor, pois antes não tiveram essa chance.
- Rí, ríiiiiii... Ele parece um orangotango.
- Vamos pro próximo andar logo, Dani. Isso é horrível!
Eles subiram para o último andar do prédio, e quando olharam para o grande corredor, viram ao fundo um zumbi. Mas ele era diferente. Ele estava totalmente podre, mais do quê o normal, e alguns ossos de seu corpo estavam à mostra, como seus braços. Ele era quase um esqueleto. Era o zumbi mais nojento e fedido que eles já tinham visto.
- O quê é aquilo Felipe?
- Acho que é um Crisonhead. – e após acabar de falar, Felipe mirou sua metralhadora, e como estava longe o fim do corredor, ele mirou com sua mira para distância e atirou na cabeça do zumbi, que somente se virou e começou a correr desesperadamente e desengonçadamente, comprovando que era um Crisonhead.
- Meu deus!
Felipe metralhou ele, e ele agüentou muito mais tiros que um zumbi qualquer.
- Morre desgraçado!
- Merda! Olha isso Felipe!
Começaram a sair mais Crisonheads de todos os quartos, e todos corriam daquele jeito até engraçado para cima dos dois.
Enquanto isso, Bruno e Andre ainda estavam no mesmo quarto de antes, eliminando os últimos zumbis. Andre já estava sem munição para sua M2 Bar, e estava usando a pistola, como Bruno.
- Falta só dois! – exclamou Bruno.
- Deixa pra mim!
Andre partiu para cima de um deles no corredor, e passou a faca no seu pescoço algumas vezes até ele morrer, sem gastar mais munição, e Bruno usou seu bastão de choque no outro e depois torceu seu pescoço.
- Deu, vamos descer Bruno.
Mas Bruno não ouviu Andre, pois uma notícia que estava passando na TV ligada lhe chamou a atenção.
- Escuta isso aqui Andre. Rápido!
-... Várias capitais brasileiras já retornaram a sua rotina cotidiana, após o exército brasileiro e novamente uma equipe dita “anti-Umbrella” resgatar sobreviventes no ataque do T-Vírus as cidades. Muitas pessoas já morreram se tornando mortos-vivos, além dos monstros encontrados em quase todas as cidades atacadas pela Tricell Inc. O governo continua a procura do agente da caçada empresa Tricell, que era o infiltrado da Umbrella que “orquestrava” as ações da Capcom em relação aos jogos Resident Evil. Florianópolis, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e mais cinco capitais já foram salvas do horror causado por esse terrível vírus letal. O exército já informou que após acabar com a infecção em Manaus, na Amazônia, irão a destino a cidade maravilhosa, o Rio de Janeiro, que segundo informações também foi atacada pela empresa Umbrella, ou Tricell. O governo acha que a empresa tem os dois nomes: Tricell e Umbrella, somente para confundir mais as investigações. E além de ir a todas as capitais, o exército terá que ir a todas as cidades nas redondezas das capitais atacadas, pois a infecção do T-Vírus pode ter se espalhado pelas cidades que fazem divisa com as capitais. Esperamos que sejam encontrados mais sobreviventes, e que tudo isso acabe logo, ou isso pode acabar se tornando uma epidemia nacional. Quanto à equipe anti-Umbrella, há informações de que seja a mesma equipe que livrou Gravataí-RS do horror do tal vírus no ano de 2009, mas novamente essa tal equipe continua as escuras, sem dar entrevistas, e até saem da cidade quando a mídia e o exército chegam. Eles começam o trabalho, e deixam o exército acabar. A equipe está começando a ser investigada pelo governo brasileiro, mas acredita-se que se trate realmente de uma equipe anti-Umbrella. Também há a possibilidade de ser alguma equipe da própria Umbrella, tentando conquistar o povo brasileiro e passar por cima de tudo. O que já se tem certeza é que se trata de uma equipe bem grande e bem organizada, pois há pelotões desta mesma equipe em quase todas as cidades infectadas. Se realmente for uma equipe formada por pessoas honestas que querem o bem do mundo, nós pedimos encarecidamente que as pessoas dessa equipe, caso estejam nos assistindo, deixem de fazer justiça com as próprias mãos, e deixem que o exército e o governo brasileiro cuidem dos problemas do país. Nós não queremos que mais pessoas sejam infectadas. Mas a cada minuto a infecção nas cidades aumenta, portanto, o exército terá de agir rapidamente para que mortes parem de ocorrer, e em busca de provas contra a Umbrella e sobre essa equipe dita “anti-Umbrella”, que é intitulada de Forças Especiais anti-Umbrella. Mais informações daqui a pouco, agora vamos aos nossos comerciais com...
- Que bom que dessa vez não cortaram a transmissão da televisão. – disse Bruno, e Andre complementou de um modo um pouco diferente:
- A Umbrella vai tomar n...
Mauro e João já estavam de volta no primeiro andar, pois já haviam checado os cinco primeiros andares.
Daniel e Felipe continuavam sendo atacados pelos Crisonheads, mas já eram poucos. Como eles agüentavam muito mais tiros que os zumbis normais, Daniel já estava sem munição na sua M16 e Felipe sem munição para sua G36C. Os dois usavam suas pistolas, Felipe com sua Target #45 e Daniel com sua Bereta M92F.
Os dois atiravam na cabeça dos Crisonheads desesperadamente, pois nunca tiveram que enfrentar zumbis que não morressem com um tiro na cabeça, mas estes, mesmo assim eles continuavam vivos. Ainda faltavam uns quinze, Daniel puxou uma granada e jogou. Ele e Felipe se jogaram no chão para se proteger da explosão, e quase todos os Crisonheads morreram. O último, Felipe lhe chutou com seus golpes de Taekwondo, e depois matou-o usando sua faca.
- Mando bem, hein Felipe...
- É. Heavy Metal!
- Esses caras tão precisando de um banho, né? Que fedorão!
Pelo menos eles usavam os capacetes com máscaras de gás, que diminuíam bastante o mau cheiro do Crisonheads, que cheiravam pior do que os zumbis normais e os monstros.
- Agora vamos pro terraço.
Ao chegarem ao terraço, alguns urubus zumbis apareceram e começaram a voar em volta dos dois, tentando lhes picar. Estava ficando cada vez mais difícil, pois cada vez mais novos monstros apareciam tentando matar eles. Os dois começaram a correr de um lado para o outro atirando com as pistolas para cima até todos os bichos morrerem. Eles nunca tinham enfrentado aqueles animais infectados, mas eles morriam facilmente com um ou dois tiros de pistola mesmo. Havia apenas mais um zumbi perdido, quase na ponta do prédio.
- Rí, ríiiii... – Daniel rapidamente pegou seu bastão de choque e bateu na cabeça do zumbi, que ficou mais tonto ainda.
Nisso, Felipe correu e deu uma voadeira no peito do zumbi, que caiu no chão, bem na ponta do prédio.
- Derruba ele, Dani!
Daniel empurrou o zumbi com os pés rapidamente antes que ele reagisse, e os dois viram o último zumbi daquele lugar cair do terraço do prédio de dezoito andares. Ele se espatifou como um boneco e ficou imóvel no chão lá em baixo.
Depois disso, os dois aproveitaram um pouco a vista, o sol estava se pondo no Rio de Janeiro. Era lindo. Aquele brilho vermelho no horizonte, dando seus últimos raios de luz nos prédios gigantescos da cidade. Eles podiam ver a favela horrível, o Cristo Redentor, e muitos prédios na beira da praia. A praia era interminável, se estendia muito longe fazendo várias curvas. Eles ouviam o tempo inteiro tiros distantes e também explosões, que deviam ser os outros agentes da FEAU fazendo seu trabalho na cidade. Os dois até conseguiram ver na beira da praia alguns pontinhos pretos, que se movimentavam lentamente sem rumo, eram zumbis na areia.
- Que merda, né Felipe! Tudo isso destruído pela Umbrella.
- É. Que pena... Bom, será que o capitão conseguiu encontrar a mãe da Alyssa?
- Não sei.
- Mal dá pra acreditar, né?
- O quê?
- Como o quê, Dani? Nós, aqui, enfrentando o T-Vírus por própria vontade, junto com a equipe do Capitão André, no Rio de Janeiro? Vai dizer...
- Pior que é. Quem imaginaria que o vírus dos nossos jogos existia e que a Umbrella atacaria o Brasil? Ainda mais a gente enfrentando tudo isso, ríiiii...
- É. Mas a gente tem que admitir Dani. Esse lugar é tri massa.
- Eu sempre quis vir aqui. – disse Daniel.
Nisso o capitão falou a todos pelo comunicador:
- Estamos aqui em baixo esperando todos vocês. Venham rápido.
Obedecendo à ordem do Capitão André, todos retornaram a recepção após terminarem a sua ronda em todos os andares. Chegando lá, todos viram que Alyssa estava sem capacete ao lado do capitão, com lágrimas escorrendo de seus olhos azuis em sua clara e limpa face. E a mãe dela não estava lá. Eles certamente encontraram a mãe dela infectada ou não a encontraram.
- Como foram, soldados? – perguntou o capitão enquanto eles se aproximavam.
- Somente frutas, muita bagunça e alguns zumbis, Senhor. – disse o chinês tirando o capacete e revelando um cabelo parecido com o de Daniel, porém preto e olhos bem puxados, além de uma tatuagem na cara. Era algum tipo de símbolo chinês ou tribal, era um desenho bem legal na cara do homem, que tinha uma cara de brabo.
- Nós não encontramos nada, Capitão. – disse Mauro. – Só vento... E cheiro de podre.
João deu uma risadinha da ruim piada de Mauro, e Felipe falou:
- Nós encontramos Crisonheads no último andar, e alguns urubus no terraço.
- Fora os zumbis e outro Lycker.
- Foram vocês que jogaram aquele zumbi lá de cima? – disse Mauro rindo. – Ele parecia um sanduíche caindo! Há, há...
- Como eram os Crisonheads, meu? – perguntou Bruno curioso, mas o capitão o interrompeu:
- E vocês acharam alguma coisa, soldado Andre?
- Só uma cambada besta de zumbis.
- E Capitão, - começou Bruno. – nós vimos uma reportagem na TV falando que algumas cidades já foram salvas do T-Vírus, mas o exército estará a caminho daqui em poucos dias. E a FEAU vai ser investigada daqui pra frente. Eles até tão suspeitando que a FEAU seja alguma equipe da Umbrella querendo conquistar o povo e passar a mão por cima dos fatos, tá ligado, encobertar tudo.
- É isso aí! – falou Andre. – E nós precisamos de munição, Senhor.
- Logo vamos reagrupar a equipe e veremos isso.
- E a sua mãe, Alyssa? – perguntou Bruno se aproximando.
Ela não respondeu e voltou a chorar.
- Nós só encontramos este arquivo. – disse o capitão estendendo a mão para que todos pudessem ver o que estava escrito no bilhete que eles acharam:
“Os mortos chegaram aqui. Caso alguém apareça no meu apartamento, seja quem for, estarei na casa da Lúcia, na Rua Santa Paixão, na Favela da Graça. Qualquer notícia de minha filha, por favor, me procure. Caso você apareça filha, saiba que eu te amo! Quero muito te ver! E se alguém me achar como uma daquelas coisas, por favor, impeça que eu transforme mais pessoas em mortos-vivos, e que mande notícias a minha filha Isabela, e diga a ela que eu a amo. Ela está em Porto Alegre, no sul. Mas espero que nada disso aconteça. Estarei esperando notícias e ajuda, pois os mortos chegaram aqui, fora àquelas horrendas criaturas! Por favor, alguém venha nos encontrar! Estou com medo! ASS – Márcia Ferrão
Alyssa estava envolta em lágrimas, e todos ficaram alguns segundos em silêncio em respeito à garota. Então ela mesma rompeu o silêncio.
- Nós vamos ir lá, não é?
- Quem é a Lúcia citada no bilhete de sua mãe?
- É uma amiga dela que mora no morro. Mas lá onde ela mora até que não é tão perigoso. É uma das favelas que a policia já pacificou. Mas nós vamos ir lá? – ela chegava a soluçar enquanto falava com a voz tremida.
- Positivo. Mas por favor, recomponha-se, assim você não está em estado de combate. Nós precisamos de você nesta missão. Bom, nós teremos que nos reencontrar com o resto da equipe na beira da praia, pois lá é o ponto mais aberto e de mais fácil acesso para tantos agentes. Nós iremos para lá agora, e lá nós pegaremos mais munição, descansaremos um pouco, e veremos se algum outro batalhão encontrou algum sobrevivente. Teremos de ir logo, já é noite. Mas com certeza encontraremos sua mãe, soldada.
- Capitão. Por acaso a gente não vai dar uma passada lá no Cristo Redentor? – perguntou Daniel sorrindo, e tentando quebrar o clima triste.
- Negativo. O batalhão de Wender esteve lá hoje. Logo saberemos o que eles encontraram naquela área. Pode ser perigoso, pois abrange bastante mata, pode haver muitos animais infectados.
- É que eu sempre quis ir lá!
- Nessas condições! Tá louco! – exclamou Mauro botando seu capacete de volta por cima da cabeleira de Lúis Sera.
Nisso, todos se viraram rapidamente para trás, na direção da garagem do edifício, pois um som de pegadas ecoou no silêncio que estava o Rio de Janeiro, a não ser pelos tiros ouvidos a distância, certamente sendo disparados contra algum zumbi ou monstro.
Aos poucos, a escuridão aumentava, junto com a ansiedade deles de saber que animal estaria caminhando por ali, e com certeza não era nenhum zumbi, pois eram pegadas mais rápidas e pesadas. Todos já estavam com as armas preparadas para qualquer coisa que aparecesse, e estavam mirando na direção do som, mas foram surpreendidos por uma criatura de pele escamosa verde, que caminhava como um ser humano, mas o resto era totalmente diferente. Parecia ter garras no lugar das mãos, parecidas com os Lyckers, mas andavam de pé. Ele era muito horrível, seus olhos claros contrastavam com sua escura pele esverdeada, e ao olhar na sua cara todos podiam perceber que era um sapo ou um lagarto. Ele dava passos grandes e rápidos, e ele era um corcunda, com o corpo bruscamente inclinado para frente.
- É um Hunter! Atirem!
Todos estavam assustados com aquela imagem, a não ser o Capitão e os dois agentes, que haviam enfrentado outro Hunter antes de buscarem os sete em Gramado. Sem pensar duas vezes, todos começaram a atirar com a arma que estavam em mãos, disparando pra cima do bicho verde, que não se intimidou com os tiros e deu um pulo muito grande, caindo velozmente com suas garras apontadas para baixo direto em cima do africano Jean, que caiu no chão na mesma hora, certamente desmaiado.
O Hunter havia acertado a cabeça do africano. Ninguém parou de atirar, e o Hunter deu um grito agudo parecido com um gato quando está encarando o cachorro, e caiu morto.
Alyssa pôs os dedos no pescoço de Jean, mas logo viu que ele estava sem batimentos.
- Droga! Acho que ele morreu! – ao dizer isso, Alyssa olhou para o Capitão André, que estava olhando seriamente para o corpo de Jean, e atrás dele todos os outros estavam em silêncio com as mesmas expressões de medo, tristeza e raiva em seus rostos.
- Ele deve ter acertado a cabeça dele.
- E o que faremos agora capitão? – perguntou Bruno sem tirar os olhos do corpo de Jean aos pés dele, ao lado da criatura verde.
A criatura soltou um sangue esverdeado de todos os buracos feitos pelos tiros, e Jean tinha um pouco de sangue em volta de sua cara que se encostava ao chão. Ele havia tido traumatismo craniano, certamente.
O Capitão André permaneceu alguns segundos em silêncio olhando para o corpo do ex-agente. Depois ele levantou a cabeça olhando diretamente para Bruno.
- Vamos sair daqui antes que ele vire um zumbi.
- Mas nós vamos deixar ele aqui, assim? – exclamou Felipe chegando mais perto do capitão.
- Pelo menos vamos deixar o corpo dele em algum lugar que os zumbis não o devorem. – disse João.
Mas quando o Capitão André abriu a boca para responder, Mauro começou a atirar em um Lycker que caminhava pelas paredes do edifício. Todos voltaram a atirar, contribuindo com Mauro, e o Lycker caiu morto alguns metros à frente.
Depois de acabar mais uma vez a ação, e com a tristeza de saber que Jean morreu, todos ajudaram a carregar o corpo dele até a recepção do prédio. Talvez lá os zumbis e monstros não o achassem.
- Descanse em paz, amigo. – disse o chinês fechando tapando a cara de Jean com o capacete do africano.
- Vamos logo, soldados. A noite é mais perigosa. Precisamos reagrupar com os outros batalhões.
Todos estavam com muito pouca munição, e por isso tiveram que improvisar durante todo o caminho até a beira da praia. As ruas eram ventiladas por um vento agradável, que aliviou um pouco o mau cheiro que a cidade estava. O céu estava estrelado e a lua iluminava a praia ao longe. A maioria dos postes de luz estava funcionando, e isso ajudou na movimentação deles até a praia. No grande caminho que percorreram até lá, enfrentaram alguns urubus zumbis, que eram facilmente eliminados com os bastões de choque, e outra grande remessa de zumbis, onde se esgotou a munição de todos eles.
Ao chegarem à praia iluminada pelo luar, tiveram um tempo para descansar sentados na beira da água, que batia na areia calmamente, com suas pequenas ondas fazendo um barulho ótimo, depois de ouvir tantos tiros e explosões. Após algum tempo, depois que todos os agentes estavam ali, o Capitão ordenou que todos se sentassem para ouvi-lo. Mesmo tendo centenas de agentes ali, todos podiam ouvir bem o que o capitão falava, pois todos ficavam totalmente em silêncio, além do imenso silêncio que se encontrava a cidade.
Após todos se sentarem na areia ao lado de seus equipamentos, todos voltaram seus olhares para o Capitão André, que estava de costas para o oceano e de frente para os agentes. Ao lado dele estava Van Der Wender e uma mulher de cabelos castanhos e cacheados, olhos escuros, pele clara e limpa, da mesma altura de Wender, e um corpo bem definido. Devia ser a capitã do batalhão #3. Ela era bonita, talvez fosse brasileira também.
O Capitão André começou a falar:
- Soldados, nada de sobreviventes?
O silêncio permaneceu e respondeu a resposta do Capitão André: nenhum sobrevivente foi encontrado.
- Mas nós não vamos desistir! – ele continuou sem se entristecer. – Wender, o que você relatou?
- Eu e meu batalhão inteiro estivemos no Cristo Redentor, nas zonas de mata do morro e em todas as partes rurais abaixo do morro. Não encontramos sobreviventes em lugar algum, todas as pessoas que achamos eram zumbis. Houve uma fazenda onde um cavalo zumbi nos deu um pouco de trabalho. Todas as fazendas na pequena zona rural da cidade estavam infestadas de fazendeiros e animais zumbis. Nas zonas de mata fechada no morro, enfrentamos uma infestação de Hunters e Glimers. Perdi muitos homens lá, infelizmente. – todos escutavam o que o holandês dizia atentamente, e podia-se ver no rosto de cada um as esperanças de encontrar sobreviventes diminuindo a cada segundo. – No Cristo Redentor, fomos atacados por uma grande quantidade de Crisonheads, onde muitos agentes meus morreram lá também. Lá perdemos muita munição. E logo depois fomos atacados por muitos urubus zumbis, eu nunca vi tantos daqueles bichos juntos! Os desgraçados acabaram derrubando o helicóptero onde o subchefe de meu batalhão estava. Ele se foi. Eu sinto muito. – Van Der Wender estava de cabeça baixa, segurando as lágrimas.
Muitos de seus amigos haviam morrido, e a raiva que ele estava sentindo pela Umbrella era igual a que todos os outros agentes estavam sentindo. Mas Wender se recuperou e voltou a falar:
- Metade de meu batalhão foi eliminado. Deve haver uns sessenta ou cinqüenta homens ainda. Vários foram infectados pelos Crisonheads e pelos urubus, mas como não havia amostras do antivírus para todos, alguns tiveram de ser eliminados depois de se transformarem, infelizmente. – e baixou a cabeça novamente.
A praia inteira estava envolvida naquele clima de tristeza e também raiva. O único som além das vozes deles, era o barulho suave e agradável da água do oceano.
- E você, Júlia? – disse o capitão André se dirigindo a mulher ao seu lado.
- As amostras que eu trouxe também não foram suficientes. – começou ela com sua voz suave e bonita. – Nós nunca enfrentamos tantos infectados assim! Uns trinta agentes do meu batalhão morreram. Nós passamos a manhã limpando a praia dos zumbis, e até enfrentamos um Aligator. – Aligator eram os crocodilos infectados pelo T-Vírus. – Ele era muito maior do que um crocodilo normal, e acabou matando alguns agentes meus e também meu subchefe, Carlos. – ao dizer isso ela enxugou as lágrimas que estavam prontas para escorrer pelo seu rosto. – Pelo resto do dia passamos fazendo a ronda nos bairros pequenos da cidade, e enfrentamos muitos Lyckers, muitos Cérberos, alguns Réjis Lyckers, e muitos zumbis. Não encontramos nenhum sobrevivente, Capitão. Temo que todos já tenham se infectado.
- Eu pensei que fosse a única mulher aqui. – comentou Alyssa com Bruno.
- Mas você é única... – respondeu ele baixinho.
- Eu dividi o meu batalhão em vários grupos pequenos, - disse o Capitão André sério. – e nós fizemos a ronda pelo centro da cidade. Encontramos um Réjis Lycker, muitos Lyckers, Crisonheads, zumbis, urubus, e um Hunter. O agente Jean Paulo Rutan foi morto por um Hunter. Eu não tenho conhecimento se outros agentes de meu batalhão morreram, mas também não encontramos nenhum sobrevivente. Marcos, eu quero que você faça a contagem dos agentes e depois me passe. Dos três batalhões. Eu quero saber exatamente quantos agentes morreram. Agora poderemos descansar um pouco durante algumas horas. Aproveitem para recarregar suas armas com os subchefes de seus batalhões, e durmam um pouco. Agora é meia-noite. Às cinco horas, antes do sol nascer novamente sairemos para continuar a missão.
- Capitão, - disse Marcos. – Florianópolis, São Paulo, Belo Horizonte, Vitória, Goiânia, Coritiba, Salvador e Fortaleza já foram salvas pelo exército. Os batalhões que estavam nestas cidades já estão de volta às bases, e poucos agentes morreram. Parece que nós estamos na pior mesmo. Além disso, o governo está investigando para saber se nós realmente somos uma equipe clandestina anti-Umbrella. Alguns estão achando que nós somos uma equipe da Umbrella tentando conquistar o povo para encobertar o assunto. O governo ainda está investigando Endo Oono. Querem pegar ele para descobrir tudo por trás da Umbrella. Mas acho que nós devemos pegar ele primeiro.
- Eu também acho. Mas eu já estava ciente disso tudo. O nosso amigo soldado Bruno me informou tudo isso. Obrigado Marcos. Agora descansem soldados – disse o capitão se dirigindo a todos agentes. – daqui algumas horas nós todos voltaremos ao trabalho. Aproveitem para se alimentar, pois este foi só o primeiro dia. E amanhã teremos que ser mais eficientes do que fomos hoje, pois o exército poderá chegar a qualquer momento. Agora... Intervalo.
Quando ele parou de falar, todos agentes se levantaram da areia e se dirigiram diretamente a Marcos, pois como os subchefes dos outros batalhões morreram, todos teriam que recarregar suas munições com Marcos.
Ele carregava várias caixas de madeira, de onde tirava granadas, pentes de metralhadoras e de pistolas, cartuchos de espingardas, todo tipo de munição. A aglomeração de agentes em cima dele diminuiu rapidamente, e então os sete foram recarregar suas armas. Eles se encheram de munição o máximo que puderam, depois todos eles pegaram umas frutas para comer e se sentaram na areia novamente, para descansar.
João sentou-se e começou a limpar e mexer na sua FN-2000 a observando cautelosamente, como se nunca tivesse visto uma arma. Mauro estava ao lado dele, deitado na areia dura tentando tirar um ronco, pois o tempo era curto. Alyssa e Bruno estavam sentados perto de Felipe e Daniel, que ainda comiam suas maçãs. Andre era o que estava mais distante, estava sentado em uma duna de areia, com os braços apoiados nos joelhos e olhando cegamente para o oceano, certamente pensando na missão ou em Karla, ou sabe-se lá no quê... O Capitão André conversava com Wender e a tal Júlia, capitã do batalhão #3. Marcos estava guardando as caixas de madeira com o resto das munições em um dos helicópteros, e as dezenas de agentes estavam espalhados por toda beira da praia, alguns caminhando de um lado para o outro, outros tentando dormir, alguns conversando, e outros mexendo nos seus equipamentos.
- Será que a gente vai encontrar alguém? – perguntou Bruno tirando todo o equipamento.
- Talvez pode ser, mas de repente não... – disse Daniel, que estava deitado para trás, com os joelhos para cima, sua mão direita servindo como travesseiro e a esquerda levando a maçã à boca.
- Mas quando o exército chegar à gente vai ir embora? – perguntou Alyssa, que estava com a cara inchada de tanto que chorou durante todo dia.
- Acho que sim, Alyssa – respondeu Bruno, que estava ao lado dela. – mas a gente vai pegar a sua mãe antes. Não se preocupa. Tá?
- Tá bom.
Nisso Daniel acabou de comer sua maçã, soltou um arroto estrondoso que até fez Alyssa rir, e jogou o caroço longe.
- Bá cara, tá louco. Eu tava pensando – disse Felipe mastigando sua maçã. - como a gente foi burro quando aceitamos a missão que a Dados trouxe pra nós ano passado.
- Pior, Felipe! Só nós mesmos pra acreditar que pagariam meio milhão pra nós, um bando de gurizada. Há, há... – riu-se Bruno.
- Será que aquela desgraçada da Angelina é responsável por tudo isso? – perguntou Daniel. – Sei lá, tipo assim, a presidente da Umbrella...
- Acho que não é ela. – disse Alyssa. – Ela deve ter um cargo importante lá, mas acho que ela não é a poderosa. Talvez ela só fosse responsável pela Dados Corp.
- Também acho. – completou Bruno.
Mauro conseguiu dormir, e João foi até um helicóptero, e pediu que um a agente lhe ensinasse como se pilotava. Ela achava muito interessante o helicóptero, só por ele ter um painel cheio de botões, e ele sabia que era o único ali esperto o bastante entre os sete para pilotar um dos “pássaros”. Andre vinha caminhando lentamente com sua arma na mão, a segurando como se fosse uma sacola de mercado.
- Qual é o papo, aí? – perguntou Andre, chegando e sentando entre Bruno e Alyssa, e os dois se olharam, como quem diz: “... ele não se liga!”.
- Mas vocês lembram o que o capitão disse quando a gente tava vindo pra cá? – perguntou Felipe. – ele disse que a Umbrella avisou um dos agentes da FEAU que atacariam todas as capitais, e que queriam pegar nós sete.
- Mas o que isso significa? – perguntou Alyssa não entendendo o que Felipe quis dizer.
- Quer dizer que eles estão planejando alguma emboscada pra nós. Eles não teriam outro motivo pra avisar a FEAU sobre o mal que eles estavam prontos pra fazer.
- É. – concordou Bruno.
- E eles estavam falando a verdade. Eles infectaram todas as capitais mesmo. Mas por que será que só aqui tem tantas BOWs?
- Talvez por que aqui que está o Capitão André. Pode ser isso que eles querem. Nós sete e o capitão. – argumentou Andre, mais sério do que nunca.
- Mas pra quê? – Alyssa estava confusa.
- Nós já vimos um pouco do que a Umbrella é capaz. – continuou Felipe. – imagine como seria mais fácil pra eles se a FEAU não existisse...
- Sem o Capitão André a FEAU não sai do lugar, eu acho. – falou Daniel se sentando direito.
- É. – Bruno concordou novamente.
- Mas o quê que a Umbrella pretende? Pra que fazer tanto mal assim pras pessoas? – perguntou Alyssa inconformada.
- Se eles estiverem mesmo fazendo tudo como nos jogos do Resident... – explicou Bruno. – Eles devem estar tentando transformar o T-Vírus em algo normal, tipo assim, domesticar os zumbis. Se isso acontecesse, a Umbrella mandaria em tudo. Se o mundo todo estivesse infectado e “domesticado”, a Umbrella teria controle de tudo. Com certeza eles são loucos. Mas é só o que eu acho.
- Se for isso Bruno – falou Felipe jogando fora o caroço de sua mastigada maçã. – a Umbrella tem alguém bem louco no comando, alguém louco o bastante para querer matar toda a população mundial. E acho que não é a desgraçada da Angelina. Ela deve estar lá apenas pela grana que pode receber.
- Ou não, Selo. – começou Andre. – Ela pode ter alguma ligação com o presidente da Umbrella, ou ela também é louca.
- Pois, pois...
A conversa deles durou mais alguns curtos minutos, e logo todos estavam caindo para trás, tentando dormir, mas com toda aquela tensão, era difícil dormir, ainda mais sabendo que a qualquer momento podiam ser atacados por um monstro faminto e destrutivo.
Eram exatamente cinco da manhã, e o Capitão André reuniu os três batalhões novamente, e começou a falar:
- Então... Soldados, aprontem-se logo. Ao momento que forem botando o equipamento, podem ir seguindo a missão. Ainda não iremos à favela, primeiro terminaremos com a ronda na cidade. Como a favela é a parte mais perigosa do Rio, faremos a ronda lá por último. O canto oeste da cidade ainda não foi checado, nem as saídas da cidade. Batalhão #2 e #3, façam a ronda em todos os limites e saídas da cidade, enquanto eu e meu batalhão faremos a ronda em todos os bairros da zona oeste do Rio. Ao final da ronda todos os batalhões venham para cá novamente. Todos estão cheios de munição, não é? Tentem voltar com um pente cheio, pelo menos, pois há somente três caixas de estoque guardadas. Não pensei que precisaríamos de tanta munição assim. Vocês sabem como agir: matem todos infectados que virem, e qualquer pessoa que acharem viva, tragam junto de vocês. A cidade está cheia de BOWs, portanto, sejam cautelosos, pois já perdemos muitos companheiros, e ninguém aqui quer morrer. – o capitão falava virando a cabeça, seu olhar dando a volta no olhar de cada agente. – Os helicópteros ficarão aqui na beira da praia. Acho que ninguém vai roubá-los... Nós vamos utilizá-los somente amanhã, quando formos subir a favela. Agora vão.
Nisso, se iniciou a correria pela praia, e logo, só ficaram os agentes do batalhão #1. O capitão chamou Alyssa e disse a ela que ela teria que esperar mais um dia para ver sua mãe, pois a cidade era grande, e eles tinham que fazer a ronda em toda ela, para somente depois subir a favela. A favela seria muito mais perigosa, mas eles não podiam deixar partes da cidade para trás. Ela teve bom senso e aceitou esperar mais um dia.
Eles e todo o Batalhão #1 seguiram em direção a zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, para checar os bairros daquele lado da cidade. Eles levaram o dia inteiro e algumas horas depois do anoitecer para terminar a ronda. Mas infelizmente o segundo dia foi pior e mais triste que o primeiro dia.
Muitos agentes morreram do batalhão #1 durante a ronda na zona oeste. Um foi atacado de surpresa por um cachorro Pitt Bull infectado, e o cachorro estraçalhou a cara do homem; vários foram pegos por zumbis e até Crisonheads; muitos Lyckers apareceram e pegaram pelo menos quinze agentes que estavam já sem munição; mais dois Hunters apareceram, e mataram uns cinco agentes, um deles era o chinês que no dia anterior esteve junto com os sete no edifício da mãe de Alyssa; um foi atacado por um monte de papagaios infectados em uma casa que parecia ser de algum colecionador de pássaros; pelo menos uns vinte e cinco agentes morreram ao dispararem em zumbis dentro de uma casa de três andares. O gás estava vazando, e quando dispararam a casa explodiu. Os sete e o Capitão André foram atacados por alguns Cérberos em uma casa, mas ninguém se feriu, exceto um momento em que o Capitão André matou o último cachorro no instante em que ele ia morder Alyssa.
O plano inicial era os três batalhões se reencontrarem novamente na beira da praia, mas quando terminou a ronda naqueles bairros assassinos, Marcos informou o capitão que Manaus e a Amazônia já estavam a salvo do T-Vírus, o Capitão se apressou a avisar todos os batalhões pelo comunicador que se encontrariam no centro da cidade, em alguma praça. Eles tinham que se apressar, pois o exército estava a caminho do Rio de Janeiro. E o pior de tudo era que não foi encontrado nenhum sobrevivente mesmo! Restava saber dos outros batalhões se encontraram alguém. Eles tinham que tentar encontrar pelo menos a mãe de Alyssa antes de o exército chegar à cidade, pois eles já estavam a caminho, e todos sabiam perfeitamente que Alyssa não iria sair de lá sem notícias se pelo menos sua mãe estava viva. E o Capitão André sentia que essa era uma grande obrigação dele ali: encontrar a mãe de Alyssa!
As esperanças de todos diminuíam a cada vez que disparavam contra zumbis ou monstros da Umbrella. Será que toda a cidade já estava morta? Será que ninguém se escondeu para esperar ajuda? E onde estavam os agentes da Umbrella? Todas essas perguntas estavam começando a se multiplicar na cabeça de cada um, mas única coisa que restava era a esperança.
Era mais de meia-noite quando todos se encontraram em uma praça ao ar livre da cidade, onde as pessoas costumavam fazer caminhadas e piqueniques com os amigos, mas a Umbrella conseguiu acabar com toda essa felicidade. Tudo estava morto, vazio, silencioso, ninguém caminhando, nenhuma criança brincando, as árvores secando, tudo fedendo a carniça, e um silêncio mortal rondava tudo isso, a não ser pelo leve vento batendo nas folhas das árvores, que já estavam secando.
Mas havia muito poucos agentes ali.
- Wender! Onde estão os agentes do batalhão de Júlia? – perguntou o capitão André um pouco nervoso quando Wender e seus homens voltaram, só estavam alguns agentes do Batalhão #2 junto com Wender, e ainda assim eram muito poucos.
Van Wender ficou em silêncio e tirou o capacete, como todos os seus agentes que ali estavam. Aquilo foi o bastante para o Capitão André perceber o que havia acontecido.
- Eles se foram, capitão, até a Júlia. – começou a explicar o holandês Wender. – Nós estávamos todos juntos fazendo a ronda nos limites da cidade, mas quando estávamos em um dos pedágios da principal estrada que dá saída à cidade, nos deparamos com dois Tyrants. Eles acabaram com tudo, e com todo mundo. Todo o Batalhão #3 foi eliminado, infelizmente. A situação está bem séria desta vez, capitão. Parece que desta vez a Umbrella venceu, capitão. Os agentes que sobreviveram do meu batalhão são estes que estão aqui conosco. Sinto muito. Não foi fácil confrontar dois Tyrants.
Havia apenas doze agentes do Batalhão #2, de Wender. E todos estavam feridos, e com curativos tapando os machucados e mordidas. Mas eles deviam ter usado o antivírus, com certeza. Cortes nos uniformes, sangue escorrendo pelos braços e pernas, um tinha uma ferida no pescoço, uns estavam com a mão sobre a barriga, mancando, cansados, todos já sem muitas forças, alguns já não tinham mais as luvas, outros com as lanternas quebradas, as botas com rasgões feitos por dentes, e muita dor no corpo todo. Estava um inferno!
- Droga! – exclamou o Capitão André dando um soco numa árvore próxima. Ele não sabia o que fazer.
- O que faremos capitão? – perguntou um dos agentes do Batalhão #1, um com sotaque espanhol e o capitão respondeu após olhar para cada um, e ficar alguns segundos pensando.
- Pelo jeito ninguém encontrou nenhum sobrevivente, não é?
- Não. – respondeu Wender. – quem sabe a gente aborta a missão, Capitão André? Muitos de nossos homens já morreram. Isso tem que acabar.
Mas o capitão pareceu não ouvir o que o holandês disse e continuou fazendo perguntas:
- Como estão de munição?
- Nada. Gastamos tudo contra os Tyrants.
- Nós também estamos vazios, capitão. – disse João, se referindo aos sete amigos.
Os sete estavam mais quietos do que nunca, pois como todos os agentes da FEAU, o líder era o Capitão André, e o que ele decidisse todos obedeceriam.
- Quantas amostras do antivírus você ainda tem, Wender?
- Nenhuma. Usei todas em meus agentes. Até eu fui mordido no braço. Eu acho que devemos abortar essa missão, capitão. – e praticamente todos os agentes pareciam concordar com ele.
Todo mundo queria voltar pra casa, fingir que a Umbrella era só a empresa dos jogos Resident Evil, que nada disso aconteceu no Brasil, e tomar chá com biscoitos assistindo um filme de comédia. Mas a realidade era diferente, o Brasil estava sendo devastado pelo T-Vírus. Eles estavam sozinhos naquela cidade, podia-se ver a tristeza, o medo e a vontade de ter uma vida normal no olhar de cada um, mas isso só aconteceria depois que a Umbrella não existisse mais.
Na realidade, Felipe, Daniel, Bruno, João, Mauro e Andre também queriam voltar, mas eles sabiam que Alyssa sofreria muito se não encontrasse sua mãe. Seria muito para ela: primeiro a separação de seus pais; depois à distância para visitá-los, o pai em Gravataí e a mãe no Rio de Janeiro; e terminar com a morte de sua mãe, seria terrível para ela. Todos sabiam que havia muitas chances de encontrarem a mãe dela estraçalhada por um monstro, transformada em um zumbi, ou até mesmo nem a encontrarem, e Alyssa também sabia disso, mas ela tinha que verificar, ou sua consciência lhe incomodaria pelo resto de sua vida. E dependia do Capitão André. Ele teria que escolher entre salvar a vida de seus agentes suspendendo tudo e voltar para casa, ou salvar a felicidade da garota de saber como está sua família, arriscando a vida de mais pessoas.
- Marcos. – começou o Capitão André, decidido após passar um tempo olhando para os amigos e para Alyssa. – Eu quero que entre em contato pelo seu rádio com todas as bases, e reúna todos os batalhões na base principal na Bahia, pois logo sairemos daqui e iremos direto para lá para uma reunião com todos os batalhões. Distribua a munição para todos agentes que aqui estão, pois subiremos a favela agora mesmo. Quantas amostras do antivírus ainda têm?
- Quinze. Mas, senhor... Estou começando a achar que não restou ninguém vivo, ou já teríamos encontrado. – disse Marcos tentando convencer o capitão, pois todos já haviam perdido quase todas as esperanças, menos Alyssa, mas o capitão estava decidido.
- Meus amigos, eu sei que todos aqui querem voltar para casa descansar, ninguém mais quer morrer, e sei que todos vocês estão aqui por vontade própria, porque sabem e acreditam que a Umbrella existe. As coisas estão mais difíceis do que em todas as missões que vocês já passaram, mas nós não podemos desistir! – o capitão dizia olhando na cara de cada um, e todos lhe escutavam com atenção e compreensão. – Acho que devo lhes contar mais sobre o que tive que agüentar em Ostia, quando eu morava lá e a Umbrella dissipou o T-Vírus lá. O estado da cidade ficou pior do que aqui, muito pior. Havia dez vezes mais monstros do que zumbis, e não eram poucos zumbis. Eu vi muita gente ser devorada por monstros ferozmente na minha frente, e eu não tinha ninguém pra me ajudar, e eu resisti! Eu perdi tudo que tinha, minha casa, meu carro, minha família... – ao falar de sua família, os olhos do Capitão André começaram a se encher de lágrimas, mas ele as segurou e continuou falando com um tom de sabedoria. – Eu os vi serem despedaçados por monstros e eu não pude fazer nada, muitas crianças morreram, e tudo ficou totalmente destruído. Foi por ver tudo aquilo que eu decidi montar essa equipe. E agora a Umbrella está atacando o nosso Brasil, nem todos aqui são brasileiros, mas todos somos seres humanos, e a Umbrella tem pagar por isso, um dia pagará! Mas se nós não agirmos e tentarmos impedi-los, quem os impedirá?
Todos permaneceram em silêncio, alguns de cabeça baixa, comovidos com as lágrimas do Capitão André, pensando nas palavras dele. Realmente, as mortes tinham que acabar, e subir a favela com tão pouca munição era loucura, mas eles tinham que fazer alguma coisa mesmo, se não, quem faria?
O Capitão André percebeu que conseguiu convencer um pouco os agentes, então enxugou o rosto e falou:
- Então nós subiremos a favela em busca da mãe da soldada Alyssa, e teremos que ser rápidos, pois o exército está a caminho. Pegaremos a mãe dela e fugiremos. Esqueçam os helicópteros na beira da praia, não temos tempo para buscá-los. Vamos subir a favela de a pé mesmo. Utilizaremos a munição que temos, e vamos encontrar a mãe dela. – ele estava muito decidido, mas ele sabia que com essa decisão ele poderia estar matando os últimos agentes de seu batalhão e do de Wender, e poderia estar matando também os sete...
Em silêncio, todos dividiram as munições e prepararam os equipamentos para subir a favela. Finalmente... Todos eles finalmente iriam conhecer a famosa favela do Rio de Janeiro, que até então eles só tinham visto em filmes ou novelas, mas desta vez eles estariam lá, armados contra a Umbrella – simplesmente uma ironia do destino...
E era difícil acreditar que após tanta coisa, tantos monstros, tanta destruição, tantas mortes, felizmente nenhum dos sete havia sido infectado ou morto... E eles com certeza eram os mais novos e menos experientes ali.
Alguns minutos depois, todos abandonaram os suprimentos e munições nos helicópteros na praia e começaram a subir as lombas que levavam a apertada favela. A Favela da Graça, onde a mãe de Alyssa poderia estar escondida na casa da amiga, ficava a vários quilômetros favela acima. Para chegar lá, eles teriam que atravessar várias outras favelas, e isso com certeza seria perigoso.
- Vai que a gente encontra alguma arma dos traficantes, por aí? – brincou Daniel. – Sei lá, tipo uma bazuca ou uma metralhadora forte. Ué, quem sabe?
 As ruas eram apertadas, talvez dois carros passassem apertadamente lado a lado. Poucas ruas tinham espaços para caminhões passarem, e quanto mais pra cima do morro, mais eram apertadas as ruas. Poucos carros estavam parados pelas ruas ao contrário do centro da cidade, e todos que estavam parados na favela eram carros velhos e descuidados, além dos que estavam pegando fogo, ou destruídos por algum monstro. Havia muitas motos espalhadas pelas ruas, principalmente motos de tele-entrega, muito comuns na favela.
As paredes de quase todas as ruas eram pichadas, com marcas e letras correspondentes as gangues, quadrilhas, bondes e traficantes de cada local. Nem as portas das pequenas lojas escapavam daquele vandalismo. E vandalismo era uma coisa que não faltava naquele lugar. Vidros quebrados, muita pichação, luzes quebradas, todas essas coisas... Havia algumas pequenas lojinhas, com portas de ferro daquelas de enrolar para cima pichadas com spray. Havia muitos bares, botecos, minimercados, as casas eram amontoadas umas sobre as outras, o que dava um visual esquisito ao lugar. Muitas portas e janelas em volta, casas com lajes em vez de telhados, muitas varandas com arames pendurando roupas lavadas, e muitos becos por entre as lojas e casas, com escadarias em curva onde só cabia uma pessoa, e alguns becos com árvores. Havia até mais daqueles becos apertados do que ruas. Tudo parecia um labirinto.
Todas as ruas eram lombas que subiam e desciam, obviamente. Nos becos havia lixeiras esparramando lixo, bueiros abertos, objetos aparentemente quebrados, como televisões e rádios velhos, e tudo parecia feder a mijo. Todas as ruas estavam muito sujas mesmo, com papeis e jornais por todo canto, estilhaços de vidro, baratas andando por todo lado, um fedor muito forte já comum do lugar além do forte cheiro de carniça dos zumbis, simplesmente era um lugar horrível para se morar.
Como ainda era noite, os postes que funcionavam, que não estavam destruídos iluminavam suavemente as apertadas ruas, mas do mesmo jeito era um lugar muito obscuro, apavorante à noite, ainda mais naquele silêncio absoluto. Eles realmente estavam nervosos e assustados com tudo aquilo. A sujeira, o fedor do lugar, a destruição das casinhas e lojinhas, a pichação, e principalmente o forte silêncio era o que tornava aquele lugar num lugar que assustava, pois tudo aquilo representava morte, era um lugar morto. Aquele silêncio era a morte pairando sobre a cidade... Simplesmente assustador. Todo o silêncio junto com tantas portas, corredores e janelas escuras davam a impressão de que eles estavam sendo observados o tempo inteiro, por todos os lados, como se fossem a presa.
Mas será que eles encontrariam algum sobrevivente? Será que se houvesse alguém vivo e não infectado já não teriam encontrado? Nenhum policial ou traficante? Eles podiam ter chances de sobreviver, pois andavam armados... Se alguém estivesse vivo já teria ouvido os tiros deles e teria os procurado... E o pior: será que a mãe de Alyssa estaria até agora a salvo, escondida talvez...
O sol iria nascer em uma meia hora, e eles subiam a favela com as lanternas dos uniformes acesas, sendo guiados por Alyssa, que de longe apontou para cima mostrando onde ficava a Favela da Graça, onde procurariam por sua mãe. Ela até parecia estar mais tranqüila. A equipe tinha sido realmente exterminada, pois havia doze agentes do Batalhão #2, e o Capitão Wender, e do Batalhão#1, o Capitão André, Marcos, os sete e mais dezesseis agentes. Eram muito poucos agentes. Mais de duzentos agentes morreram somente nesta missão, fora os agentes dos outros batalhões que foram as outras capitais. Quantos mais teriam morrido? Sem contar todas as pessoas que morreram infectadas ou talvez mortas por agentes da Umbrella. Uma coisa eles sabiam, um dia a Umbrella iria pagar por todo o mal que estava cometendo.
O Capitão espalhou os seus agentes por diferentes becos, para que subissem a favela por caminhos diferentes. Ele, os agentes do batalhão de Wender, o holandês, Marcos e os sete subiam juntos. A noite estava muito escura ainda, poucos postes de luz ainda funcionavam, todos eles estavam com as lanternas de cintura acesas, e com munição contada. Todos tinham uma granada Frag e apenas um ou dois pentes extras somente, que com certeza seria pouco até o alto da favela se continuassem enfrentando monstros. Como aquele lugar era um labirinto, poderia haver muitos zumbis e monstros perdidos por ali, que devem ter comido todas as pessoas da favela e depois não acharam o caminho para descer à cidade.
Tudo era confuso, e muitos becos eram sem saída, então a única coisa certa que eles sabiam é que tinham que subir. Eles subiam todos juntos pela mesma rua, e em poucos minutos já nem ouviam os tiros dos agentes que pegaram caminhos diferentes, talvez tivessem se perdido. Quando o capitão falava com eles pelo comunicador de ouvido, poucos respondiam, talvez os outros já tivessem morrido naqueles poucos minutos de subida, e os que respondiam diziam que não sabiam qual rua ou beco pegar para chegar ao encontro deles novamente. O lugar realmente era de se perder.
- Entrem nas casas e lojas que conseguirem entrar por aqui e procurem por sobreviventes, enquanto nós subimos. – disse Wender a seus agentes. – Rápido!
Assim, dez dos doze agentes ficaram para trás tentando entrar em todas as casas e encontrar alguém, e os outros dois continuaram subindo junto deles.
O Capitão André e seu subchefe Marcos andavam de revólver na mão, e Wender usava um antigo rifle de assalto Tommy Gun, bem potente. Os dois agentes usavam metralhadoras, e os sete, todos estavam equipados com as primárias.
Eles subiram mais uma apertada rua, uma lomba em curva, e quando já não podiam ver os agentes que ficaram para trás, Bruno viu uma casa de porta aberta, a porta balançando levemente para frente e para trás com o agradável vento que estava se enfraquecendo.
- Vou ver se acho alguma coisa ali, capitão. – ele disse, e o capitão acenou com a cabeça.
- Seja rápido, nós estamos subindo. E cuidado.
Bruno preparou sua M4 apoiada no ombro, e entrou na casa, que estava totalmente escura, e um cheiro horrível. Pela falta de luz ele não pôde ver como a casa era, mas ele não estava sozinho. Ele ouviu um barulho no andar de cima da casa, e subiu rápido. Quando se têm medo de alguma coisa, ou quando não se sabe o que vai acontecer, a melhor coisa a fazer é fazer correndo. E ao chegar ao andar de cima, por onde a luz da lua passava por uma janela, ele pôde ver alguma coisa abaixada, de costas para ele, saboreando um delicioso braço, e ao olhar pelo resto do quarto Bruno viu várias partes de um corpo, aparentemente uma senhora de idade, que foi espedaçada por aquele zumbi que estava abaixado.
Ele virou a cabeça bruscamente para Bruno, com sangue escorrendo por sua boca, e um pedaço de pele pendurada em seu lábio, e rugiu de boca aberta para Bruno, que não se intimidou e mirou na cabeça do morto-vivo. Ele atirou e a cabeça caiu e não levantou mais, mas então Bruno percebeu que lá fora estava tendo um tiroteio, e desceu correndo.
- Droga! Tem mais vindo por ali! – gritou Daniel apontando para um bequinho a direita.
Eles estavam novamente cercados por uma cambada de zumbis. O Capitão André estava recarregando bala por bala em seu revólver, e Marcos lhe dava cobertura.
- Poupem munição! – Gritou o capitão.
Felipe estava atirando nos zumbis que apareciam na sua frente com sua G36C, quando Daniel lhe chamou.
- Felipe! O Bruno vem subindo lá, óh!
Bruno vinha correndo á uns cinqüenta metros lomba abaixo, e vários zumbis estavam lhe seguindo.
- Fica aqui! Eu vou lá ajudar ele! – respondeu Felipe, e deu alguns passos para fora da aglomeração.
 Ele mirou pela sua mira telescópica, e botou a mira na cabeça do zumbi mais próximo de Bruno, e puxou o gatilho, mas só ouviu o click de seu pente vazio, então, sem tempo para recarregar, pelo perigo de Bruno ser pego, Felipe tirou o pino de sua granada e jogou com o máximo de força que conseguiu.
- Bruno!
Bruno se jogou no chão atrás de um carro uns metros perto dele, e atrás dele voaram os pedaços de zumbis após um forte estouro que fez balançar o carro aonde ele se protegeu. Foi por pouco, se Bruno não tivesse se jogado atrás do carro, ele teria se ferido com os fragmentos da granada, que matou quase todos os zumbis atrás dele, somente os que estavam mais longe não morreram.
- Valeu!
Enquanto Felipe recarregava, Daniel também puxou o pino de sua granada e jogou por cima dos zumbis a frente deles, e todos se jogaram no chão rapidamente para não serem feridos pela granada, que derrubou vários zumbis. Mas ainda havia muitos. Antes, nas outras vezes que enfrentavam tantos zumbis assim, ainda não era tão fácil por saber que já foram humanos, e que estavam sendo vítimas da Umbrella, e afinal não é tão fácil puxar o gatilho na cabeça de alguém, ainda mais eles sete que eram jovens, mas àquela altura do campeonato, já era quase normal pra eles, não era tão horrível quanto antes. Muitas vezes eles tiveram que enfrentar cambadas de zumbis famintos, mas já não era tão horrível para eles atirar nos mortos-vivos.
Enquanto se levantavam, muitos zumbis se aproximavam ainda. Andre tirou o pino de sua granada e a jogou em outra cambada que se aproximava por uma rua a esquerda deles. Alyssa jogava longe eles com sua Remington, mas não era o bastante. Eram muitos!
Os fortes disparos da Tommy Gun de Van Der Wender arrebentavam a cabeça dos zumbis. Eles estavam espalhados pelo cruzamento onde eles estavam, e um dos dois agentes que estavam com eles estava encostado à parede de uma das casas, quando um zumbi caiu da laje de cima da casa direto em cima dele, derrubando-o no chão. Como num piscar de olhos mais zumbis pularam em cima dele, e começaram a morder todo o seu corpo. Daniel, que estava mais próximo, não viu sua cara nem de onde era, pois estava de capacete, mas Daniel viu muito bem que o homem estava morrendo.
- Ajudem ele! – gritou Alyssa.
O capitão, Wender e Marcos estavam mais longe cuidando dos outros zumbis, e Mauro e João também. Daniel começou a metralhar os zumbis em cima do pobre homem, e o outro agente passou correndo por ele e foi para cima dos zumbis com seu bastão de choque, obviamente já sem munição, e começou a dar choques nos zumbis deitados em cima de seu amigo.
- Cuidado! – gritou Felipe, mas já era tarde.
Um zumbi se aproximou por trás dele e também o mordeu nas costas. Ele deu um grito e se virou batendo no zumbi.
- Cabrón!
Felipe e Bruno mataram todos os zumbis que estavam em volta dele e de seu amigo no chão. O que estava no chão, já não se mexia, e todo seu corpo sangrava, mas o pior foi sua barriga, aberta mostrando seus órgãos. Enquanto os outros continuavam matando os zumbis, o capitão recarregou novamente seu revólver e gritou:
- Vamos sair daqui, equipe! Corram! – e largou em disparada rua acima passando ao lado de um carro pegando fogo, e os outros o seguiram atirando nos zumbis mais próximos pelo caminho, e não pararam de correr.
Ao chegarem ao alto da lomba, Mauro puxou sua granada gritando:
- Tomem isso, seus degenerados! – Mauro gritou e jogou sua granada nos zumbis lá embaixo na lomba, e todos continuaram correndo lomba acima, a maioria dos zumbis lá em baixo mortos.
- Vamos parar aqui um pouco. – disse o Capitão André. – Marcos, Alexsandro precisa do antivírus, aplique nele enquanto recarregamos.
Alexsandro era o nome do agente que ficou vivo, o que foi mordido nas costas. Ao tirar o capacete, revelou cabelos compridos e cacheados num castanho claro, e um bigode mal feito, e pelo sotaque era espanhol ou argentino. Realmente, a FEAU aceitava qualquer nacionalidade. Ele acabou ficando com um rasgão nas costas, e sangrava, mas Marcos já estava injetando uma das quinze amostras do antivírus no braço do homem.
- Valeu Felipe. – disse Bruno também tirando o capacete.
- É. – respondeu Felipe tirando o pente de sua metralhadora e olhando quantas balas ainda tinha.
- Como tá de munição, mano? – perguntou Daniel também verificando o pente de sua M16.
- Acho que ainda dá. Um pente pela metade – respondeu Felipe. – e alguns reservas. É só poupar que dá.
- Atirem na cabeça. – disse Alyssa se sentando no chão e amarrando os cadarços do coturno.
O cansaço estava começando a tomar conta de todos eles.
- Soldados! Respondam! Aqui é o Capitão André! Por favor! Respondam! Repito! Respondam! – repetia o capitão em seu comunicador tentando chamar os agentes do batalhão #1 que se separaram desde o começo da subida da favela.
Mas eles não respondiam, talvez todos já tivessem morrido.
- Nada? – perguntou Marcos, fazendo um curativo nas costas do agente cabeludo, e as amostras ao seu lado numa caixa aberta.
- Nada. Temo que não tenham conseguido ficar vivos. E o seu batalhão, Wender? – perguntou o capitão olhando para o holandês de cabelo vermelho espetado.
Mas antes mesmo que ele respondesse, uma explosão aconteceu, um estrondo muito forte, com certeza que poderia ser ouvido a quilômetros. Eles estavam em uma esquina onde havia várias motos caídas, e até um orelhão totalmente quebrado, e já estavam bem alto na favela, e podiam ver lá em baixo toda parte da favela que já passaram, e mais em baixo ainda os prédios da cidade, até mesmo o prédio da mãe de Alyssa. Só não conseguiam ver os helicópteros na beira da praia porque um grande prédio no centro da cidade bloqueava a visão dos helicópteros.
Mas quando estourou a explosão, todos ficaram imóveis e olharam para a parte mais baixa da favela, aquela confusa imagem das casas umas em cima das outras, e viram uma grande chama no céu, e a fumaça tomando conta de uma casa talvez uns três quilômetros abaixo deles. Parecia que alguma casa ou loja explodiu.
- O que foi isso? – perguntou Andre com sua M2 Bar já preparada.
- Será que são seus agentes, Wender? – perguntou Marcos ficando de pé com as amostras do antivírus bem seguras em suas mãos.
- Soldados! Respondam! O que aconteceu aí? Alguém responda! Billy! Johnson! Carlos! Alguém responda! – mas ninguém respondeu.
Wender tirou seu capacete e o encostou ao peito baixando a cabeça, triste por perder seus homens, mas então, em alguns segundos ele pôde ouvir uma fraca voz no comunicador de ouvido.
- Capitão Wender! Nós estamos aqui... Sou eu, Rodrigo, houve uma explosão. Os outros morreram...
- Como assim, Rodrigo? Que explosão? O que foi isso? Você está bem? – todos estavam atentos a conversa de Wender com seu agente Rodrigo.
-... É que apareceu um Réjis Lycker, e matou Luís... Então David entrou correndo num bar atrás do bicho, e os outros entraram junto, mas acho que tinha gás vazando, e quando ele atirou explodiu... O Lycker morreu, mas os outros agentes também. Eu me salvei porque eu estava fora do lugar...
- Droga! Só você? Só você está vivo?
- Eu e Luca, o Italiano. Mas ele foi mordido e acho que quebrou a perna na explosão.
- Será que você consegue carregá-lo até nós? Para usar o antivírus nele antes que...
- Vou tentar... Onde vocês estão?
- Onde nós estamos garota? – Wender perguntou a Alyssa.
- Estamos na entrada da Favela da Rocinha.
- Estamos na entrada da Favela da Rocinha. Tente ser rápido e, Rodrigo, se Luca se transformar, sabe o que fazer. Boa sorte. Desligo.
Todos puderam perceber lágrimas nos olhos do holandês, mas ele se segurou e botou seu capacete novamente.
- Já terminou? Gracias! – disse o agente cabeludo enquanto Marcos fechava a maleta com as amostras e o kit médico.
Mas, de repente eles foram surpreendidos por um Caçador, um Hunter, que surgiu de um beco atrás de Marcos e pulou apontando suas garras para Marcos. Marcos tentou correr, mas o monstro caiu direto nas suas costas, e Marcos caiu imóvel. Tudo isso aconteceu tão rápido que eles mal tiveram tempo para mirar suas armas, e Marcos já estava caído. Todos começaram a disparar, mas o monstro verde não se intimidou e se virou batendo com suas garras no braço do agente cabeludo, que caiu com uma mão sobre o ferimento no braço, que sangrava muito.
O desgraçado se mexia muito rápido, era difícil de acertar todos os tiros nele. Então um tiro da Carabina 98K do Capitão André acertou a cabeça do sapo meio-humano e ele caiu morto, seus braços e pernas tremendo e se contorcendo até ficar totalmente imóvel, e o grande furo na sua cabeça começou a liberar um sangue muito escuro, até parecia óleo.
- Nossa! – falou Alyssa botando dois cartuchos em sua Remington.
 O sol começou a brilhar no horizonte sobre o oceano lá longe, e os postes começaram a se apagar, e as lanternas deles também. A favela finalmente começou a se iluminar, diminuindo um pouco aquela escuridão que tornava favela apavorante e nojenta.
- Puta Merda! – exclamou Daniel apontando para Marcos.
As costas dele foram totalmente destruídas, cortes muito profundos, e ele estava de barriga para baixo, os braços esticados, e os olhos abertos, mostrando o terror do T-Vírus. Era tudo culpa da Umbrella! E o pior: a maleta com as amostras do antivírus caída ao lado dele, aberta, e todas as quatorze amostras quebradas ao lado do corpo de Marcos, o liquido verde-claro escorrendo para a poça de sangue em volta de Marcos.
- Pobre Marcos. – disse o Capitão André, se abaixando do lado do corpo do amigo morto, fechando suas pálpebras com dois dedos.
- O que faremos agora capitão? – perguntou João preocupado. – As amostras se foram! E se alguém for mordido?
Enquanto isso Wender estava rasgando o braço do seu uniforme e amarrando em volta dos ferimentos no braço do agente cabeludo.
- Nós vamos subir essa merda de favela, vamos recuperar a mãe da soldada Alyssa, e vamos sair logo dessa porcaria de lugar.
O Capitão André estava mesmo bravo, irritado com a Umbrella. Todo o Batalhão #3 foi eliminado pelo T-Vírus, todos os agentes do Batalhão #1, inclusive Marcos, que era um amigo de muitos anos do capitão, e quase todos os agentes do Batalhão #3 de Wender, somente Wender, o agente cabeludo, e o tal Rodrigo, que estava perdido na favela, tentando achar eles.
O agente que havia sido mordido e que quebrou a perna certamente morreria, e havia poucas chances de Rodrigo achar eles. E havia menos chances ainda de encontrarem a mãe de Alyssa viva e sem ter sido infectada. Alyssa ficou apavorada quando viu as amostras se quebrarem, pois se encontrassem sua mãe mordida, talvez não houvesse tempo de chegar à base antes de ela se transformar... E seus amigos também, todos estavam apavorados. E se algum dos sete fosse mordido? As amostras se foram! Por incrível que pareça eles agüentaram até ali, talvez por sorte, mas e se alguém fosse mordido agora que não havia mais amostras? Agora eles terão que ser mais maduros e mais profissionais do que nunca...
- Consegue caminhar, soldado? – perguntou o Capitão André ao agente cabeludo.
- Si. Acho que sim, Senhor.
O capitão seriamente pegou o revólver do coldre de Marcos e entregou ao cabeludo. Era um pequeno revólver Snub Nosed calibre #38. Nenhum dos sete conseguiu ver o sobrenome no uniforme do cabeludo, porque o braço seu uniforme se esfarrapou todo, mas com certeza era argentino.
- Agora vamos subir logo essa favela e fazer o que devemos fazer, soldados. Senhorita Alyssa, ainda estamos longe?
- É depois da Favela da Rocinha. Depois dessa. Só que essa meio perigosa. Eu conheço uns caminhos mais seguros, mas...
- Não temos tempo, o exército está para chegar, e quando chegarem nós vamos estar todos nos helicópteros junto com sua mãe, Alyssa, e tudo acabará. Vamos por aqui mesmo, temos que ser rápidos. Tudo aqui é perigoso. Vamos. – e ao terminar de falar o capitão tomou a frente.
Todos tinham pouca munição extra, então teriam que evitar mais outra cambada de zumbis. E ter a sorte de não encontrar nenhum monstro. Daniel, Felipe, Mauro e Andre não tinham mais granadas, mas Daniel ainda tinha quatro projéteis para o lança-granadas de sua M16.
Eles continuaram subindo, as lombas cada vez mais apertadas, mais íngremes, mais sujas e destruídas, mas eles começaram a ignorar entrar nas casas. Eles tinham pressa, a situação deles cada vez pior, pois muitos morreram, a munição estava acabando, e não havia mais antivírus, então se houvesse algum sobrevivente escondido em alguma casa ou algum ferido, que gritasse por eles, porque eles não tinham mais tempo para entrar de casa em casa. Eles tinham que ser rápidos, pois o exército estava a caminho, e quanto mais tempo demorassem, menos chances de achar a mãe de Alyssa.
Eles continuaram subindo, de vez em quando aparecia algum zumbi, e eles matavam com tiros na cabeça, mas nada de cambadas, apenas um ou dois zumbis tontos perdidos. Até que eles chegaram a uma lomba onde havia vários carros e motos pegando, tudo parecia ter sido explodido, ou incinerado, qualquer coisa do tipo, pois tinha muito fogo e muita fumaça. Ainda bem que eles tinham máscaras de gás nos capacetes. Mas de qualquer jeito não dava pra passar por ali, eles poderiam se queimar, e não era hora de isso acontecer.
- O quê nós vamos fazer agora, capitão? – perguntou Felipe.
- Vamos contornar. – respondeu rapidamente o Capitão André. – Vamos por aqui.
Ele contornou umas caixas de lixo que tinha a uns dois metros atrás deles, e entrou no beco, todos o seguindo. Eles entraram em uma passagem apertada, passando pelos fundos de várias casas, desviando das roupas penduradas e observando as pichações. Nessa apertada subida João matou um zumbi com sua FN2000.
Eles subiam em silencio, no beco ainda um pouco escuro, até que ouviram uma voz e o som de armas sendo engatilhadas. Eles olharam surpreendidos para cima de uma escada apertada que saia do meio do beco e dava num boteco sujo e todo pichado, e lá em cima havia quatro homens apontando metralhadoras para eles.
- Pode ficar parado aí mesmo, ô careca! – disse o mais da frente se referindo ao Capitão André.
Eram sobreviventes, mas não o tipo certo de sobreviventes que eles queriam encontrar.
O homem que falou parecia ser o líder, e ele estava armado com um fuzil AK-47. Um estava do seu lado esquerdo, e dois do lado direito. O “líder” era negro, um belo rastafári, camisa sem mangas, uma bermuda velha, e chinelos de dedo. O primeiro do lado direito, era bem forte, negro também, com trancinhas coladas na cabeça, estava sem camisa, usava uma velha calça jeans, um tênis bem novo, talvez roubado, e estava armado com uma calibre #12 toda de madeira. O segundo do lado direito era branco, careca, usava uma camisa do Flamengo, uma calça jeans um pouco mais limpa que a do parceiro, um sapato furado, e também tinha uma AK-47. O do lado esquerdo, também era negro, um pouco mais baixo que os outros, com um cabelo Black Power bem antigo, barba e bigode, usava calças pretas caídas mostrando suas cuecas, e estava sem camisa, mostrando tatuagens por todo o seu corpo. Seu corpo era fechado de tatuagens ilegíveis, e ele tinha um fuzil AR-15. Traficantes...
- O quê que voceis pensam que tão fazendo aqui na minha banda? Essa aqui é a minha favela, rapá! – xingava o dá frente segurando a AK-47 com uma mão só.
Os outros todos estavam mirando neles, até mesmo o Capitão André e Wender tiveram que baixar as armas.
- Nós só queremos ajudar... – tentou Wender.
- Ajudar uma pinóia! Aqui quem manda sô eu, tá entendendo?
Eles não faziam idéia de como sair daquela situação. Mas era a última coisa que eles queriam, não é. Depois de tanto esforço, depois de tantas mortes, de tantos monstros e zumbis, eles acabarem de reféns de traficantes. Os sete se perguntavam se o Capitão iria querer salvá-los ou não.
- Nós...
- Cala boca, ô gringo! – disse se referindo a Wender que tinha aberto a boca pra falar. – Foi voceis que mataram toda favela, não é? Voceis vão pagar por isso, malandro! Esse trabalho era nosso! Essa favela é nossa!
O Capitão André estava se esforçando para pensar no que dizer, não era hora de levar um tiro.
- Áh, já sei! Vocês tão junto com os “porco”! Voceis são da policia não é? Se tão pensando que vai tirar nóis daqui pra “pacificar” a nossa favela, voceis tão enganado!
- Há um vírus! – falou Wender rapidamente. – Há um vírus, e todos aqui correm perigo...
- Que baboseira! – e os quatro traficantes começaram a rir.
- É verdade! Tem um vírus, um vírus que transforma as pessoas em zumbis...
- Áh! Tô ligado! Foi voceis que deixaram toda favela assim! Então são voceis os culpados da favela enlouquecer e começa a morder os meus manos, não é?
- Não! Não fomos nós! Mas não é só a favela que tá assim, todo o Rio de Janeiro está assim, todas as capitais bra...
- Cala a boca ô pica-pau! Voceis vão é tomar chumbo!
Nisso um Hunter pulou do telhado do boteco e caiu acertando o cara das tatuagens, e nisso os outros três começaram a disparar no monstro verde, que não se intimidava e tentava desviar dos tiros investindo pra cima dos marginais.
- Vamos sair daqui! – gritou o capitão e todos saíram em disparada até chegarem à outra rua um pouco mais aberta, outra lomba.
Dava pra se ouvir os tiros sem experiência deles contra o Hunter, e os pobres gritos de dor deles...
Mas quando chegaram à rua ouviram um som que odiavam ter que ouvir. Um rosnado intimidador, aliás, dois, três, quatro, cinco rosnados, seis rosnados, muitos rosnados ao mesmo tempo. Eram vários Cérberos, os cachorros infectados pelo T-Vírus. A favela já brilhava amareladamente, o sol forte acertando as velhas paredes das casas no morro, umas sobre as outras, e de repente as ferozes criaturas em carne viva começaram a surgir dos cantos escuros dos becos e esquinas.
- Merda! – exclamou Mauro tentando escolher em qual cachorro atirar.
Eram muitos!
- Mexam-se! Espalhem-se! – gritou o Capitão André.
Todos sabiam que não podiam ficar parados, e que correndo os cachorros sempre ganhariam a corrida. Eles tinham que ficar correndo, desviando e atirando... E acertando.
Felipe começou a disparar sua metralhadora e logo acertou um que estava a sua frente, e sem ele perceber outro cachorro se aproximava correndo por trás dele. Andre jogou longe um cachorro com sua forte metralhadora, e se virou para esquerda, e viu um cachorro correndo atrás de Felipe sem ele perceber. Andre atirou rapidamente e o cachorro caiu morto aos pés de Felipe, que olhou e acenou com a cabeça como agradecimento.
O Capitão André começou a correr e disparou seu revólver em um cachorro, que caiu de primeira. Na mesma direção vinha vindo outro, ele atirou, atirou de novo, e no segundo tiro o cachorro caiu morto ao lado do primeiro. Ele olhou para sua direita e viu Mauro parado em um canto disparando com a metralhadora em dois cachorros que se aproximavam dele bem rápido.
Mauro estava em um canto, disparando em dois cachorros, um ele conseguiu matar, mas eles eram muito rápidos! Quando ele viu que não tinha acertado o segundo e ouviu o click do pente vazio ele fechou os olhos e recuou, mas só sentiu o corpo morto e nojento do cachorro bater nas suas pernas, e viu que atrás do ex-cachorro estava o Capitão André. Mauro recarregou e começou a correr de novo, agradecendo o capitão por ter o salvado.
Daniel corria atirando para trás, um cachorro lhe perseguia, mas por estar correndo e pela velocidade do cachorro, ele não acertou quase nenhuma bala, e então ele sentiu que o cachorro pulou atrás dele, e reflexivamente Daniel se jogou no chão de barriga, e o cachorro passou dando um pulo por cima dele, e ainda no chão, Daniel levantou a cabeça e viu o cachorro se virando o procurando, mas um tiro certeiro de Alyssa alcançou o cachorro pelas costas e ele caiu morto a centímetros da cara de Daniel.
Alyssa estava em cima de um caminhão daqueles que carregavam sacos de cimento ou de areia, com a parte de trás aberta e de madeira. De lá ela acertou pelo menos três cachorros, e quando começou a enfiar mais cartuchos na sua espingarda, viu Bruno subir no caminhão e se juntar a ela. Bruno já tinha matado dois cachorros, mas perdeu um pente inteiro assim. Se continuasse assim, a munição deles acabaria ali! Era difícil acertar os cães correndo!
O Capitão André era o que mais eliminava os cachorros, já tinha matado oito, e Wender fazia como ele. Wender ficava correndo de um lado para o outro atirando direto nos zumbis, indo e voltando entre os cachorros. Wender parou, não agüentando correr mais, e um cachorro parou na sua frente rugindo, mas Wender não se desencorajou e não perdeu a chance de acertar o maldito cachorro.
Andre parou para recarregar, e um cachorro veio pelo seu lado direito e pulou. Ele rapidamente se curvou para trás e o cachorro passou num pulo raspando sua cara e fazendo Andre não se esquecer mais do terrível cheiro de podre que até mesmo com máscara dava pra sentir. Ele se virou, destravou a M2 Bar e atirou direto na cabeça do cachorro.
Felipe estava correndo em círculos, até parecia que ele que perseguia os cachorros, pois ele estava correndo no mesmo sentido que os cachorros, e atirava neles antes mesmo que eles se virassem. Até que uma hora um cachorro correu no sentido contrário dos outros e pulou de frente com Felipe, lhe derrubando. Felipe ficou deitado no chão, usando todas as suas forças para segurar o cachorro que tentava enraivecidamente morder a sua cara. Segurando o cachorro, e através do capacete ele viu que o cachorro era realmente podre, todos eles. Ele nunca tinha observado um Cérbero vivo tão de perto, e assim pode ver o quanto horrível era o T-Vírus, até mesmo com os animais... Mas ele não podia se desconcentrar, ou poderia ser fatal. E ele estava fazendo muita força para segurar o cachorro! Era muita tensão!
Felipe olhou para os lados e viu Wender, o Capitão André e Mauro correndo, e João parado atirando. Bruno estava em cima de um caminhão junto com Alyssa, e ele não conseguiu enxergar o agente cabeludo, nem Daniel. Ele não tinha o que fazer! Ele tinha que ganhar na força!
João começou a recuar, pois ele tinha derrubado somente um dos quatro cachorros que corriam de frente pra ele, então para sua desgraça a munição acabou, e ele sentiu o peso de um dos cachorros lhe derrubando no chão. Ele se apavorou e tentou pegar a pistola antes de chegar ao chão, mas foi tudo muito rápido. Ao bater as costas no chão, ele segurou um dos cachorros, e enquanto ele segurava o cachorro, ele ouviu outra pessoa tombar, e ao olhar para o lado esquerdo, a uns cinco metros dele estava o agente cabeludo sendo devorado por uma dúzia de cachorros. Era terrível! Os cachorros já haviam até arrancado seu equipamento e seu capacete. E João não queria o mesmo destino para ele. Então o cachorro em cima dele morreu com um tiro disparado de cima de um caminhão. Foi um alívio! O cachorro ficou dois segundos em cima dele, mas foi o bastante para apavorá-lo, e antes que pudesse se levantar, Wender e o Capitão André acertaram os outros três cachorros que antes estavam se aproximando de João. Tudo realmente muito rápido! Um susto e tanto!
Felipe brigava com o cachorro ferozmente, era difícil saber qual dos dois estava mais decidido a matar o outro. Então Felipe jogou o cachorro para o lado e ao mesmo tempo levantou metade do seu corpo, e o cachorro mordeu seu braço. Com o reflexo, Felipe deu um puxão e o cachorro soltou os dentes do braço de Felipe, com a manga do uniforme dele na boca.
Mauro viu Felipe brigando com o cachorro no chão, e disparou pela mira telescópica, com cuidado para não acertar Felipe. A mira laser também ajudou. Quando ele viu o cachorro morder o braço de Felipe, ele atirou e o cachorro caiu morto.
- Te pegou?
- Só pegou a roupa! Sorte! – respondeu Felipe se levantando, sem a manga do uniforme.
Realmente foi muita sorte! Arrancou a roupa e não encostou os dentes em Felipe! Por pouco Felipe não se infectou.
João se levantou e recarregou, mas ele acabou se descuidando e não viu um cachorro vindo e o desgraçado do bicho mordeu a perna de João. A mordida foi muito forte, muito mais forte que a mordida dos zumbis que ele já tinha tomado. A dor era insuportável! Ele caiu no chão com a mão no ferimento, quando percebeu o cachorro já estava morto, com um tiro de Wender.
- Levante-se e continue! Depois nós damos um jeito nisso, garoto! – ele disse com seus cabelos vermelhos pingando suor.
Bruno e Alyssa estavam em cima do caminhão, e vários cachorros se aglomeraram em baixo, pulando, tentando subir na carga do caminhão, onde eles estavam. Bruno já tinha jogado sua granada em outro grupo de cachorros, então puxou a granada de Alyssa e jogou para baixo. Uma grande força balançou o caminhão, e ao se levantarem viram que restavam poucos. E estavam todos comendo o corpo do agente cabeludo, que já fazia uns vinte segundos que tinha soltado um aguado grito e silenciou.
Daniel, o que tinha mais munição, chegou mais perto e metralhou um pouco os cachorros, e quando eles se viraram para correr para ele, ele usou o M203 da sua metralhadora e lançou uma granada no bando de cachorros sangrentos. Foi uma forte explosão, e só um, ficou vivo, mas antes mesmo que se levantasse levou dois headshots de Felipe.
- É nóis!
- João, como está sua perna? – perguntou o Capitão André preocupado.
- Uma porcaria! Tá doendo! Mas...
- Não se preocupe com isso, João! – disse Wender tentando acalmar o negrinho enquanto Bruno e Alyssa desciam do caminhão. – Nós voltaremos à base e usaremos o antivírus em você. Nós já vamos terminar esta missão.
- Vai ficar tudo bem cara! – disse Mauro, que com certeza era o melhor amigo de João.
O agente cabeludo estava morto, totalmente devorado. Os sete evitaram olhar, principalmente Alyssa. O Capitão André chegou perto dele e verificou se ainda tinha alguma munição na Snub Nosed de Marcos que estava com o cabeludo, mas estava vazia. Mas enquanto checava isso, o capitão pôde perceber até que o coitado perdeu até uma mão.
- Descanse em paz, Júlio. – ele disse baixinho, e depois aumentou o tom, a raiva e tristeza em seus olhos cada vez maior. – Pessoal, o Júlio morreu.
O nome dele era Júlio Alexsandro, mais um agente da FEAU que morreu pela Umbrella. Felipe começou a pensar que eles só chegaram até ali vivos por sorte mesmo, porque homens treinados e maduros estavam morrendo de várias formas. Mas o pior de tudo era saber que João estava infectado. Talvez em horas ou minutos ele se transformasse, e quem mais estava sentindo isso era Mauro, seu melhor amigo. Muitos amigos tinham morrido no vilarejo em Goiás, já era o limite. E os outros perceberam o quanto perigoso realmente estava aquele lugar. Depois de ver João ser mordido, e a horrível morte do cabeludo Alexsandro, fora todos os outros agentes que morreram nos outros dois dias que estiveram ali, a vontade de voltar para casa crescia a cada momento, principalmente João.
Quando eles encontraram os marginais traficantes, até foi bom por saberem que alguém estava vivo naquele inferno de lugar, mas as esperanças baixaram para baixo de zero novamente depois do ataque dos cachorros. E o Capitão André estava se sentindo culpado por tudo. Todos podiam ver isso nos olhos dele. Todos aqueles homens que morreram estavam na mão dele, e agora que João foi mordido, se eles não encontrassem a mãe de Alyssa a tempo de voltar para a base, ele nunca se perdoaria...
E só depois que acabou a batalha contra os Cérberos, quando eles pararam no meio da rua ensangüentada e dezenas de cachorros mortos em volta deles, foi aí que perceberam que os tiros e os gritos dos quatro traficantes já tinham parado há algum tempo, significava que o Hunter estava por ali. Foi aí que ouviram passos no beco, passos rápidos e pesados, e um grito agudo e ensurdecedor, certamente o Hunter.
- Vamos sair logo daqui, capitão! – disse João, com muito medo.
Daniel tomou a frente e quando o Hunter que havia matado os traficantes saiu do escuro do beco se arrastando rapidamente, (obviamente se arrastava por estar ferido pelos tiros dos traficantes) Daniel usou novamente o lança-granadas e fez pedaços do que um dia foi um Hunter.
Logo todos começaram a caminhar a subida, todos exaustos, loucos para chegarem logo a casa da amiga da mãe de Alyssa. Todos deixaram os capacetes para trás, estava muito calor, e já não era tão preciso os capacetes. João andava mancando, com sua pistola em mãos. Enquanto eles caminhavam o capitão perguntou:
- Como estão de munição?
- Tenho seis tiros pra dar ainda, só. – respondeu Alyssa. – E um pente cheio na pistola e um pela metade.
- Eu tô com a pistola cheia e mais um pente extra cheio, vinte balas na M16 e duas granadas pro M203. – respondeu Daniel.
- Não tenho mais munição da FN2000. – disse João tossindo, tentando parecer tão bem quanto os amigos. – A pistola tá cheia, mas nenhum pente extra.
- Tô com vinte e poucas balas na FN2000, e um pente só na pistola. – falou Mauro.
- Tenho quatorze balas na metralhadora, – disse Felipe – e a pistola tá cheia, mas não tenho pentes reservas.
- Tenho uma bala na agulha e a pistola tá cheia. E dois pentes extras cheios e um quase vazio. – Andre disse.
- Um pente quase cheio pra Carabina – disse Bruno. – e um pente em cada pistola, só.
- E você Wender?
- Meia caixa de balas primárias pra Tommy Gun, umas trinta balas, e uma granada de fragmentação M67.
- Bom, acho que teremos que agüentar assim. Eu tenho doze tiros pro revólver, uma granada e quinze para o meu rifle. Continuaremos subindo, e se tivermos sorte Rodrigo nos encontrará.
Nisso Alyssa caiu de joelhos e começou a chorar.
- O que houve? – perguntou Bruno se abaixando ao lado dela.
- Será que a minha mãe está viva? – disse ela soluçando entre as palavras, e se debulhou em lágrimas com a cara enterrada nas mãos.
- Ela está sim. Se acalma. Estamos perto, não estamos? Vamos lá e você mesma será a primeira a vê-la.
- Capitão! – Wender apontou para a próxima esquina, uma cambada de zumbis completamente podres se aproximavam rapidamente. Eram Crisonheads. E eles não tinham tempo nem munição pra enfrentar tantos Crisonheads, eles eram muito mais fortes e perigosos que os zumbis normais.
- Droga!
E então, enquanto Wender levantava Alyssa do chão, todos ouviram o motor de algum carro subindo a lomba aparentemente bem rápido. Foi quando apareceu um Fusca subindo a toda velocidade na direção deles. Todos se jogaram para os lados para evitar serem atropelados, e o carro foi reto nos Crisonheads, que saltaram longe a maioria com pernas quebradas, e já não podiam mais caminhar. Então uma metralhadora começou a disparar de dentro do carro direto nos zumbis podres, até todos estarem mortos.
Caídos no chão, só assistiram os zumbis evoluídos serem exterminados por alguma metralhadora grande. Eles se aproximaram cautelosamente do carro, tentando descobrir quem era, e para o bem de todos era um agente.
Ele estava todo machucado, sem o colete a prova de balas e sem capacete. Sua cabeça sangrava, talvez algum corte no impacto quando atropelou os Crisonheads, mas sua cara era clara, ele parecia ser bem musculoso, tinha um cabelo preto bagunçado, e no seu braço do uniforme estava escrito seu nome: Rodrigo.
- Que bom que achei vocês! Tive que pegar esse carro, de a pé eu não conseguiria. – ele falava bem rápido, e não tirava a mão do gatilho da sua AK-47. – também achei essa arma em uma casa, há, há, talvez fosse de algum traficante... Bom, Luca se transformou, e tentou me morder, mas eu não deixei. – ele parecia extrovertido, talvez feliz por ter sobrevivido. – Eu tinha que encontrar vocês. Acho que quebrei meu pulso esquerdo. Se vocês soubessem como é dirigir um carro com uma mão só... É, não é fácil... Há, há, há... Bom, agora me ajudem a sair deste carro, eu preciso mijar.
Algumas pessoas acabavam surtando depois de passar por coisas do tipo, como por exemplo, soldados que sobreviviam à guerras, a maioria deles acabava com distúrbios psicológicos, ficavam traumatizados, e também corria o risco de enlouquecer; e Rodrigo estava quase surtando.
- André, - disse Wender enquanto ajudavam o homem a sair do carro – acho que ele não está em condições para ir conosco.
- Também acho.
- Eu posso ficar aqui, e prometo que ninguém fará nada ao carro! – ele falava enquanto era tirado do carro como se fosse um boneco.
Daniel e Bruno começaram a rir, eles sabiam que não era o momento, mas o agente parecia que estava bêbado. Van Der Wender e o Capitão André colocaram o agente do Batalhão #3 sentado com as costas numa parede pichada perto da esquina. De lá ele poderia ter vários ângulos caso aparecesse algo.
- Ãh, Senhor, eu preciso de uma arma. Acabou minha munição.
- Pegue a minha. – disse rapidamente o Capitão André entregando seu revólver ao homem e seis balas soltas. – Cuide-se soldado.
- Quando descermos a favela nós passaremos aqui para pegá-lo, Rodrigo. Agüenta aí! – disse Wender encorajando o coitado.
Ele tinha poucas chances ficando ali, ainda mais no estado em que estava, mas eles tinham que seguir, ainda mais depois da crise de choro de Alyssa. E João estava piorando, todos viam ele se coçando o tempo inteiro. E ninguém ali queria vê-lo sem alma, tentando morder um deles...
Bom, eles continuaram subindo, sem olhar para trás e ver Rodrigo totalmente machucado, sentado com as costas na parede mirando o revólver do Capitão André para todos os lados, simultaneamente. Com certeza era um agente muito experiente, mas todos percebiam que ele estava no seu limite, e todos eles ali estavam.
Eles passaram por uma quadra de futebol velha que era um atalho que Alyssa conhecia até a Favela da Graça. Só tiveram que eliminar uns cinco zumbis durante o caminho até a Favela da Graça, e na quadra de futebol um Crisonhead. A Favela da Graça era um pouco mais agradável que todas as outras que eles passaram desde o inicio da subida. Tinha menos lugares pichados, porque desde que o BOPE pacificou essa favela ela começou a ser reformada, os lugares pichados começaram ser pintados, tudo começou a ser renovado. Ela pelo menos era menos assustadora que as outras, mas ainda assim não era o lugar perfeito.
Desde que deixaram Rodrigo devia ter passado uns quarenta minutos, o sol estava bem mais forte e o calor estava aumentando rapidamente. Todos eles suavam como porcos, e João já estava bem pior. Ele suava demais, muito mais que os outros, e seu suor era gelado. Todos sabiam que seu suor não era de calor, era o vírus se espalhando. Mauro estava carregando ele, pois ele estava muito fraco e disse que a dor na perna piorou, por causa da mordida. Ele parecia que tinha entrado numa banheira de pulgas e carrapatos, pois não parava de se coçar. E o ferimento na sua perna escorria sangue toda vez que ele tentava caminhar sem se apoiar em Mauro.
Eles tinham que ser rápidos. Mas mesmo sendo muito poucas chances de João sobreviver e de acharem a mãe de Alyssa, ainda haviam esperanças de que encontrariam a mãe dela e voltariam à base a tempo de curar João. Mas tinham que bem rápidos!
Pelo menos eles já estavam na Favela da Graça. Alyssa puxou de um bolso no colete o bilhete que sua mãe escreveu, e leu todo ele novamente duas vezes, apertando os olhos para não deixar as lágrimas caírem de novo.
- Vamos lá Alyssa, - disse Bruno – rápido, lembra aonde é?
- Ela escreveu que é na Rua Santa Paixão, mas...
- Mas você não sabe onde é? – perguntou Andre encarando Alyssa nos olhos azuis e lacrimejados dela.
- Eu sei qual é a rua, mas eu não sei qual é a casa, eu fui com a minha mãe na casa da Lúcia uma vez só quando eu tinha uns cinco anos, eu não me lembro qual é a casa.
- Que ótimo! – respondeu Andre bravo, pegando sua pistola, porque só uma bala na metralhadora não adiantaria muito.
- Pois, pois...
- Não se alterem soldados. Onde é essa rua, Alyssa? – perguntou o Capitão André olhando para João que começou a tossir e não parava.
- É a próxima à esquerda.
Eles seguiram caminhando e quando chegaram à rua, eles puderam ver a plaquinha torta na esquina, e nela estava escrito |RUA SANTA PAIXÃO|.
A rua era comprida, com calçadas um pouco mais largas que as outras ruas, nenhuma loja, nenhum cachorro, somente uma moto caída no meio da rua e um velho Escort estacionado, e muitas casas. Era uma rua grande rua, mais larga e comprida, e uma lomba muito íngreme. E já estavam bem alto no morro, mais uma meia hora caminhando e estariam bem no topo do morro.
- Não se lembra mesmo qual é a casa? – perguntou João tossindo, sua voz trêmula e cansada.
- Não, mas tenho certeza que é desse lado. – e mostrou com a cabeça o lado esquerdo da rua.
- Então entrem nas casas deste lado da rua, agora! – disse Wender sem perder a postura de combatente.
- Espalhem-se! – disse o Capitão André.
Wender ficou na rua com Mauro e João, para cuidar de qualquer coisa que aparecesse, e os outros entraram cada um em uma casa.
Alyssa não lembrava mesmo qual era a casa, pois fazia anos que ela não ia ali, agora haviam mais casas, não tinha como ela lembrar. Ela e Bruno entraram na primeira casa, a maior, com dois andares e uma laje.
- Procura em baixo que eu vejo lá em cima. – disse Bruno equipado com sua Carabina M4.
Daniel entrou sozinho na terceira casa na ordem que eles entraram, era uma casa bem pequena e bagunçada. Móveis velhos revirados, roupas sujas, vidros quebrados, e o que não tinha de grande tinha de suja. Muita poeira em sangue escorrido pelo chão. Ele seguiu o rastro de sangue torcendo para não encontrar nada demais. O rastro passou pela cozinha, saiu pela segunda porta da cozinha, e entrou no único quarto da casa, e lá estava a explicação de tanto sangue no chão. Era horrível!
Enquanto isso, Andre entrou na casa entre a que Daniel, e Bruno e Alyssa entraram, uma casa de porte médio. Bem arrumada, por sinal, e não muito suja, mas ele acabou se assustando quando viu a parede de um quarto quebrada, o buraco dava nos fundos apertados da casa. Um espaço de dois a três metros quadrados de terra com algumas roupas no varal e um velho tanque de lavar roupa, mas não havia só roupas, havia um maldito Hunter.
Wender e Mauro estavam na rua, e João apoiado cada vez mais em Mauro. Alguns zumbis apareceram nos dois lados da rua, e Mauro e o holandês Wender prepararam suas armas. João segurava sua Glock, mas ele não parecia estar com vontade nem forças de apertar o gatilho. Enquanto Wender e seu amigo Mauro atiravam nos zumbis, João tentava ignorar a coceira em todo o corpo, mas era quase impossível.
Coçava muito! E a tosse estava piorando. João estava sentindo dores horríveis na barriga agora, e seus olhos ardiam.
- Eu não quero morrer, cara... – ele disse baixinho, a voz fraca, e tossiu bem forte, saltando um espirro de sangue de sua boca.
- Não fala isso cara! – gritou Mauro enquanto atirava nos zumbis que se aproximavam com as últimas balas de sua FN2000. – Falta pouco! Já vai acabar.
Mas Mauro estava triste, ele já estava vendo que João não conseguiria. Já fazia uma hora que João havia sido mordido, e ele estava cada vez mais pesado no ombro de Mauro. Mauro pôde perceber enquanto atirava que João estava de cabeça baixa, e estava tossindo sangue. Era triste.
- Não se distraiam! – disse Wender sem parar de atirar com sua forte e barulhenta metralhadora Tommy Gun.
Daniel viu a pior cena de sua vida! Um zumbi partido ao meio! Ele ficou pelo menos um minuto observando o meio zumbi e tentando imaginar o que fez aquilo com ele, talvez um Tyrant, ou algum monstro pior que eles ainda não conheciam... Mas era muito horrível, o zumbi sem o quadril e sem as pernas gemia fraco e se arrastava mais devagar que uma tartaruga no chão, esticando o braço que ainda tinha e tentando agarrar Daniel a todo custo. Mas não havia tempo para pensar tanto. Daniel sabia que nunca mais esqueceria aquela horrível cena de uma pessoa partida ao meio, e saber que estava correndo o mesmo perigo, era amedrontador, mas ele tinha que acabar com o zumbi.
- Nossa! Que nojo! Essa vida é uma coisa de louco... Então, me desculpa! – ele botou o olho na mira telescópica de sua M16 e atirou.
Felipe entrou em uma casa e não encontrou nada, nada mesmo, nem uma fruta, porque ele estava com fome, todos estavam. Então ele viu que a casa tinha um porão, uma coisa extremamente inimaginável em ema casa da favela, mas sem se preocupar ele desceu a escada com a G36C em mãos. Estava escuro, e sua lanterna havia quebrado na briga com os cachorros. Por um instante ele hesitou em descer, mas e se a mãe de Alyssa estivesse ali? Ele se encorajou e desceu as escadas rapidamente, mas sentiu fios tocarem seu rosto, e se arrependeu de ter abandonado o capacete.
Ele seguiu tocando a parede até encontrar o interruptor da luz. Ele apertou o botão e uma fraca luz piscando acendeu, revelando uma coisa que assustou Felipe. Ele estava envolto por teias de aranhas, e olhou em volta e viu três delas, uma em um canto escuro atrás de um balcão, uma no teto e uma caminhando na direção dele com suas várias pernas batendo levemente no chão. Sem pensar duas vezes ele começou a metralhar as aranhas. A que correu até ele morreu com poucos tiros, mas ela era bem menor que as outras duas, talvez uma filhote. As outras agüentaram mais tiros. Elas eram do tamanho de um porco, só que mais assustadoras. Felipe derrubou a do teto, e quando só faltava a do canto torcer as pernas e morrer de barriga pra cima, ele percebeu que a munição de sua metralhadora acabou.
Mauro já usava sua pistola nos zumbis, e Wender as últimas balas da metralhadora, mas João estava pior. João já tinha até vomitado em cima de Mauro. Seus olhos estavam escuros e mais fechados, parecia João não tinha força para abri-los, e João sentia isso.
João estava começando a se sentir distante... Ele se lembrou de tudo que passou, o ataque das ovelhas zumbis no meio do mato perto de Goiânia, depois uma fazenda onde uma vaca zumbi matou Karla e uma velha... Depois ele se separou dos outros, eles foram para o vilarejo São Miguel, e ele foi atrás de um rádio para se comunicar com Dados Corp... Depois se lembrou que em vez do rádio encontrou o batalhão de Wender, e Wender se apresentou para ele como um agente de uma equipe anti-Umbrella... Eles explicaram a ele que a Dados era uma farsa, e que seus amigos estavam numa enrascada... E quando ele chegou ao vilarejo junto com o holandês no helicóptero, eles estavam enfrentando muitos zumbis, e ele os metralhou de dentro do helicóptero... Eles foram salvos pela FEAU... Tudo acabou, ele foi para a casa de Mauro em Florianópolis... Depois era aniversário de Bruno, e o shopping estava cheio dos fedorentos zumbis... Ele usava um facão... Depois teve um treinamento e mais zumbis no meio do mato em Gramado... Depois o Rio de Janeiro... Muitos Lyckers... Um prédio muito grande... Loja de roupas... Praia... A favela... Cachorros... E já estava não se lembrando de muita coisa.
Alyssa e Bruno não encontraram sua mãe na casa de dois andares que entraram, a não serem dois Crisonheads, que Bruno matou com sua M4, mas ele ficou sem munição. Os dois saíram e foram para outra casa. Ela estava muito nervosa, ele tinha que encontrar sua mãe logo e eles saírem daquele lugar horrível. Talvez na próxima casa ela encontrasse sua mãe e a amiga dela tomando café com bolo de chocolate. Seria ótimo!
Andre não encontrou nada na casa em que matou o Hunter, mas teve que gastar a última bala de sua M2 Bar e um pente inteiro de pistola para matar o monstro verde. Então ele saiu para a rua junto de Wender, Mauro, e o pobre João. Não paravam de vir zumbis, mas eles estavam agüentando. Depois Daniel chegou e parou do lado dele disparando as últimas balas da M16. Wender até jogou a granada que tinha para evitar que dois Cérberos se aproximassem, e adiantou, mas os zumbis não acabavam nunca.
O Capitão André entrou em quatro casas e só encontrou zumbis e Crisonheads, e para seu azar na quinta casa havia outro Hunter. Ele gastou mais três balas de seu forte rifle para matar o desgraçado, e viu que só tinha cinco balas para a Carabina 98K e a granada. Ele estava ouvindo um tiroteio interminável lá fora, e resolveu ir ajudar, talvez estivessem enfrentando algum monstro ou muitos zumbis. Ele correu e torceu para não ser nada demais.
Felipe gastou meio pente de sua Target calibre #45 para matar a última aranha, e saiu logo pra rua ajudar os outros. Mas ele estava pensando no que fazer, porque teria que usar a faca, afinal, ele tinha apenas sete balas na pistola e nenhuma granada. Quando chegou à rua, todos estavam lá, menos Bruno e Alyssa, mas com certeza estavam bem. Alguns zumbis estavam vindo contra eles, mas Felipe pôde ver outra coisa se aproximando. Era sapos, mas não os Hunters, eles eram do tamanho de uma galinha gorda.
- Espalhem-se! Fiquem correndo! – gritou o Capitão André apressado.
- Cuidado com os Glimers! – disse Wender disparando num dos sapos que Felipe viu até a munição da metralhadora de Wender acabar.
Agora Wender estava sem munição. Mauro ficou sem munição na pistola, e puxou a pistola de João.
- Empresta um pouco cara! – ele disse. – É rapidinho!
Mas João nem o ouviu falar nada. João não estava ouvindo direito. Havia tiros em volta dele, mas ele não conseguia enxergar direito, sua visão estava escura. A coceira parecia ter passado, mas sua cabeça doía. Ele não sabia onde estava ou quem era. Ele não se lembrava de nada. Ele percebeu estar sendo segurado por alguém da mesma altura dele, uma pessoa de cabelo comprido até os ombros, talvez uma mulher... A única coisa que ele tinha certeza que estava sentindo era que tudo cheirava bem. O ar, a rua, as casas, as pessoas estavam cheirando bem, e isso estava lhe dando fome...
Mauro continuou segurando João, que estava pálido e quase que desmaiando em cima dele. Ele ficou em um canto, e o Capitão André e Wender ficaram em volta dele, para impedir que alguém o acertasse, porque ele não conseguiria correr segurando o amigo João. Wender não tinha mais munição nenhuma, apenas um bastão de choque. O Capitão André ainda tinha três tiros para dar com sua Carabina, mas ele estava segurando uma faca. Os outros corriam de um lado para o outro, Andre já sem munição, se arriscando chutando os Glimers. Felipe tentava mirar e não errar as últimas balas de sua pistola, e Daniel, que só tinha duas granadas no lançador da M16, estava usando a pistola nos Glimers.
- Eu acho que é essa casa, Bruno! – disse Alyssa empunhando sua Remington.
- Que bom! Quem sabe chama por ela?
- É. Mãe! Mãe! Sou eu, Isabela! Mãe! – ela começou a gritar começando a ficar nervosa de novo.
Bruno sabia que devia tentar acalmá-la, mas primeiro ele tinha que se acalmar também. Ele não queria ver a mãe dela morta nem transformada, como ele diria a ela? E o tiroteio na rua não parava nunca. Será que eles estavam todos bem? E será que João ainda era o João? Bruno queria sair para rua e ajudá-los, mas ele não podia deixá-la sozinha.
- Alyssa, checa lá nos quartos que eu vou ver na cozinha e lá nos fundos.
- Ok. Mãe! – ela gritava enquanto subia a escada para o andar de cima, onde certamente ficavam os quartos.
Ao chegar lá, ela viu que na realidade tinha apenas um quarto. Ela cuidadosamente empurrou a porta com uma mão enquanto a outra apertava suadamente o cabo da Glock dela. Ela se deparou com uma mulher zumbi, de vestido e cabelo preto, e totalmente ensangüentada e cortada, com marcas de dentes. Não era sua mãe, era a amiga dela, Lúcia! Mas e a sua mãe! Ela poderia ter sido mordida pela amiga! Ou ela transformou a amiga Lúcia!
Alyssa começou a sentir as lágrimas escorrendo pelo seu rosto e deu vários tiros desesperados com a pistola na mulher zumbi em sua frente. Bruno apareceu correndo atrás dela, e viu o que ela não tinha visto, havia um Lycker no teto babando como um bebê bêbado, e caiu no chão abrindo a boca e mostrando as presas com sangue, e do meio desses grandes dentes saiu uma comprida língua que bateu no colete de Alyssa e a derrubou no chão.
Já não havia mais zumbis na rua, apenas alguns Glimers. Andre pediu a faca de Felipe e como um terrorista kamicase começou a chutar os Glimers e esfaqueá-los. Felipe estava sem munição, e estava cuidando para nada acertar Andre sem ele ver. O Capitão André também ficou sem munição depois de matar três Glimers com as três balas que tinha na Carabina. E Daniel já não tinha munição na Bereta, apenas as duas granadas na M16. Ele se juntou a Felipe e Andre e lá ficaram impedindo os Glimers de se aproximarem. A cabeça dos Glimers brilhava como uma lâmpada florescente vermelha bem forte, e dava pra ver os dentes desproporcionalmente grandes para o tamanho do corpo dos Glimers.
Um dos pequenos sapos tentou uma hora pular em cima do Capitão André ou em Van Der Wender e Wender o fez morder seu bastão de choque.
Enquanto isso, Alyssa estava caída no chão, com medo, recuando no chão, e Bruno pegou a Remington das costas dela para atirar no monstro que caminhava pelo quarto, quando de repente o roupeiro atrás do monstro se abriu e uma mulher loira de blusa vermelha apareceu e derrubou um cabide de roupas em cima do Lycker.
- Mãe! – gritou Alyssa ainda no chão, desesperada.
O monstro teve a visão bloqueada pelas roupas que a mulher derrubou na cara sem olhos dele, e Bruno não perdeu a chance e começou a disparar uma bala atrás da outra no monstro, o forte estouro da espingarda na pele em carne viva do bicho, enquanto Alyssa pegou sua pistola e começou a atirar também. O monstro deu um pulo para o lado tão rápido quanto o pulo de um grilo. A mãe de Alyssa caiu para trás assustada com o salto do monstro.
João não sentia mais nada, nem coceira, nem dor, nem cansaço, não sentia seu corpo, não pensava em nada, não sentia medo, só sentia cheiro de carne e fome.
Mauro ainda tinha duas balas na Glock de João, mas ele não conseguia mirar em nenhum dos Glimers. Eles se mexiam rápido, e tentavam pular em Andre, Felipe e Daniel, e eles os chutavam de volta. Wender e o Capitão André estavam na frente de Mauro, lhe protegendo, mas então João pareceu desmaiar, pois seu peso dobrou e Mauro caiu no chão, e quando olhou para João só viu o amigo negrinho abrindo a boca e baixando a cabeça na direção do braço de Mauro. Van Der Wender empurrou o zumbi João para um lado, e o Capitão André puxou Mauro para o outro lado. Os dentes sedentos de João passaram perto do braço de Mauro. Por pouco João não infectou Mauro.
- Atire garoto!
Mauro era o único com munição ali, mas Mauro hesitou, João era seu amigo, ele se lembrou de tudo que fizeram juntos, mas era a vida de Mauro em jogo, então Mauro mirou a Glock, fechou os olhos e atirou.
O Lycker se grudou numa das quatro paredes do quarto. Os estouros da Glock de Alyssa estourando perto dele, alguns lhe acertando sem causar danos. Bruno disparou pela quarta vez, e o monstro desviou pulando para a parede do outro lado e virando a cabeça para Bruno lhe mostrando a língua gigante. Bruno deu o quinto tiro acertando em cheio o monstro que caiu de barriga para cima do outro lado da cama. Bruno pulou reflexivamente em cima da cama e deu o último tiro da espingarda na cabeça do monstro, que ficou caído se contraindo por alguns segundos até ficar imóvel.
Quando Bruno olhou para o lado viu Alyssa abraçada em sua mãe chorando, e a sua mãe tendo os mesmos atos. Mas Bruno precisava ir a rua ajudar os amigos. Ele largou a M4 e a espingarda de Alyssa no chão e saiu com suas duas pistolas Blacktail nas mãos. Antes de sair do quarto, Alyssa o chamou e sem soltar sua mãe loira disse:
- Bruno! Tome isso! – e jogou sua Glock para Bruno. – Vai precisar! Eu vou ficar aqui um pouco! Cuidado!
Bruno não hesitou e botou a Glock na cintura e saiu empunhando as duas pistolas Blacktail.
Daniel, Andre e Felipe se separaram, tentando atrair os quatro Glimers que ainda estavam vivos para um lado só. Andre correu para um lado e Felipe para outro, e dois Glimers seguiram cada um.
- Corram até aqui! – gritou Daniel nervoso.
Felipe e Andre correram de frente para Daniel e quando chegaram perto se abaixaram e Daniel lançou uma das granadas com o M203 nos quatro Glimers, que se tornaram apenas pedaços e mais sujeira na rua.
Acabou. Foi o que todos pensaram, e ficaram tristes quando viram o corpo de João caído ao lado de Mauro com um buraco na testa, mas então tudo começou de novo.
De repente alguma granada de luz foi jogada de algum lugar, e ninguém enxergou mais nada, apenas um infinito branco, e aos poucos enquanto voltava a visão, as imagens se misturando para qualquer lado que olhassem, além de um zumbido no ouvido de cada um. Seria o exército?
Bruno chegou à rua e viu todos com as mãos sobre os olhos, vários zumbis e vários sapos do tamanho de galinhas mortos entre eles, e viu em uma sacada um homem de preto com uma metralhadora e uma mira laser passou perto da cara de Bruno, e ele só sentiu um estilhaço da parede explodir e acertar seu ombro. Eram os agentes da Umbrella!
Felipe ainda não enxergava muito bem, e começou a ouvir tiros? Quem seria, se eles estavam sem munição? Só havia uma explicação: os agentes da Umbrella! Quem mais jogaria uma granada de luz contra eles! Somente os agentes da Umbrella!
Ele tentou se levantar, mas caiu, uma grande dor em seu peito de repente o derrubou, e ele ficou no chão.
Andre percebeu que foram os agentes da Umbrella chegando, e ainda cego pela forte luz correu para qualquer lado, até se bater em alguma coisa e cair. Daniel permaneceu no chão até poder enxergar de novo, e só viu os amigos caídos no chão e Bruno atrás do velho Escort atirando em alguém. Eram os agentes da Umbrella!
Ele correu para o Escort junto de Bruno com a M16 em mãos. Ele ainda tinha uma granada para lançar.
Quando Mauro voltou a enxergar, já estava dentro da casa na qual esteve na frente até João se transformar, talvez Van Wender ou o Capitão André o carregou para dentro. Ele olhou pela janela e se abaixou quando viu passar na sua cara uma mira laser vermelha e depois um tiro. Ele estavam cercados por agentes da Umbrella! Mas como eles os enfrentariam sem munição nenhuma. Ele ainda tinha uma bala, ele tinha que acertar. Ele botou a cabeça na janela novamente, e de novo estourou um tiro de metralhadora perto de sua cara.
Wender e o Capitão André carregaram Felipe para trás de uma lata de lixo na esquina. Os agentes estavam na outra esquina.
- Wender cuide dele!
Felipe estava quase acordando, ele havia levado um tiro no peito, mas por sorte, todos eles estavam de colete a prova de balas. Mas os agentes estavam armados com metralhadoras STG-77, uma metralhadora potente. A bala parou no colete, mas mesmo assim era um grande impacto.
Bruno viu do outro lado da rua em uma sacada um agente atirando na sacada atrás dele, e Mauro estava lá dentro. Bruno disparou duas vezes com as Blacktail e o agente caiu. Daniel viu chegar um camburão na esquina, e usou a última munição do Lança-granadas, fazendo o camburão balançar e parar com os pneus furados e o vidro da frente totalmente destruído. Com certeza o motorista morreu com a explosão. Vários agentes saíram do lado de trás do camburão metralhando com metralhadoras STG-77 o Escort onde Daniel e Bruno estavam se defendendo. Daniel viu Mauro atirar da janela atrás deles e acertar outro agente.
O Capitão André pegou sua granada e puxou o pino, e ficou atrás da porta aberta de uma casa, esperando, calculando. A Frag M67 leva seis segundos para explodir depois de o pino ser retirado. Ele esperou, e quando ele jogou na direção do camburão ela explodiu antes mesmo de tocar o chão, mas explodiu bem na cara de alguns agentes. Pelo menos cinco agentes da Umbrella morreram.
Felipe acordou e viu os amigos no tiroteio e se levantou para correr, mas Wender o segurou. Andre também estava ali, desmaiado, talvez ele bateu a cabeça em alguma coisa enquanto ainda estava cego.
- Cuidado! Vamos ficar aqui! Assim você vai levar outro tiro, e o próximo pode ultrapassar o colete! – Wender disse.
Felipe ignorou o holandês de cabelo vermelho e saiu correndo com o braço sobre a cara até parar atrás do Escort junto com Bruno e Daniel.
- Onde tá a Alyssa? – perguntou Daniel.
- Tá lá dentro! – respondeu Bruno entregando a Glock de Alyssa a Daniel e uma de suas Blacktail a Felipe.
Foi bom ele vir com mais de uma pistola.
- Valeu!
Wender tentou correr até os garotos e levou três balas seguidas no peito, e caiu. Ele estava de colete, mas três balas de STG-77 eram demais para aqueles coletes. Era uma dor horrível no seu peito, como uma batida muito forte, além de uma ardência forte no peito e falta de ar. O Capitão André saiu correndo no meio do fogo aberto para ajudar Van Der Wender, e também levou um tiro, que acertou seu braço de raspão, rasgando o uniforme e cortando seriamente seu braço. Com o braço sangrando e ardendo muito ele correu até Wender e Andre e o capitão começou a puxar eles para dentro da casa junto com Mauro. Enquanto puxava os dois, outra bala acertou suas costas, mas ele tinha que agüentar a dor do impacto da bala com o colete e continuar para salvar a equipe. Ninguém mais poderia morrer.
Os agentes estavam todos atrás do camburão da Umbrella, e o camburão, igual ao que Felipe e Daniel viram em Gravataí, estava com fogo sobre o capô, por causa de tantas explosões, mas não estava a ponto de explodir.
- Vamos atirar no tanque pra ele explodir! – gritou Daniel.
Felipe riu. Foi a mesma coisa que eles fizeram para acabar com o Réjis Lycker em Gravataí em 2009.
- Não tá louco! – protestou Bruno. – Vai acabar a munição e não vai explodir merda nenhuma! Tenta acertar eles!
Os tiros de metralhadoras estouravam fortemente do outro lado do Escort. Felipe se abaixou espertamente e sorrateiramente por baixo do Escort e começou a atirar, derrubou um agente, o segundo apareceu no mesmo lugar e Felipe também o derrubou.
O Capitão André e Mauro tentavam acordar Wender e Andre dentro da casa, pois os dois estavam desmaiados. Na outra casa Alyssa e sua mãe e ainda estavam abaixadas juntas e abraçadas no quarto, ao lado do cadáver do Lycker, chorando e ouvindo os tiros lá fora. Alyssa decidiu que era hora de ir ajudar os amigos e puxou sua mãe pelo braço. Ela espiou pela janela e viu na sua frente um camburão preto com o logotipo da Umbrella ao lado, e vários homens de preto com capacetes e uniformes parecidos com os da FEAU, mas eles com certeza eram agentes da Umbrella. No braço deles havia o mesmo símbolo que havia no camburão. O inconfundível guarda-chuva vermelho e branco.
Daniel se arriscou de pé e disparou duas vezes contra o camburão, sem sucesso. Felipe tinha derrubado mais dois, e Bruno três, ainda tinham só três lá atrás.
- Acabou minha munição! – falou Bruno.
Um dos agentes apareceu e Daniel atirou a última bala, acertando a perna do agente que caiu e se arrastou para trás, em direção de uma das casas, fora da visão dos três.
Alyssa olhava pelo canto da janela, quando viu um dos três agentes levar um tiro na perna e cair. Ele começou a se arrastar na direção da casa.
- Mãe! Fica quieta! – ela cochichou e preparou seu bastão de choque.
A porta se abriu e o agente entrou se arrastando e gemendo, uma mão sobre a perna baleada e a outra segurando uma metralhadora. Antes que ele olhasse para o lado dela, ela bateu com toda sua força o bastão de choque na cabeça do homem e ele silenciou. Ela cuidadosamente pegou a metralhadora dele e se preparou para sair. A mãe de Alyssa fez uma cara de espanto por ver a filha atacar o agente da Umbrella, mas preferiu ficar em silêncio, pois Alyssa parecia saber o quê estava fazendo.
Wender acordou, Mauro correu para o carro junto dos garotos, Felipe ainda atirava contra o camburão, e o Capitão André procurava algo pra usar como arma, mas só viu Alyssa sair numa das portas com uma STG-77 em mãos e disparar todo o pente contra os dois agentes que ainda restavam. Terminou!
Durante alguns longos e ótimos segundos todos caíram no chão exaustos, feridos, felizes por terem conseguido sobreviver, e quase que desarmados, venceram os agentes da Umbrella.
Andre acordou confuso, olhando para todos os lados, e enxergou Mauro em cima dele.
- Mauro, eu acho que eu bati a cabeça quando tava tudo branco, e aí...
- Tá tudo bem Andre! Acabou!
Andre até ficou bravo por não ter participado da ação contra a Umbrella, mas ruim não foi. Todos chegaram perto de Alyssa, e ao lado dela estava uma mulher loira, alta, bonita, e com os olhos de Alyssa.
- Essa é minha mãe, Márcia. – Alyssa apresentava sua mãe aos amigos enquanto Wender e o Capitão André checavam o camburão quase explodido e o corpo dos agentes.
- Nenhuma identificação nos corpos, Wender. – disse o capitão enquanto os garotos conversavam.
Ele checou todos os corpos, e nenhum tinha nenhuma informação da Umbrella. Ele até olhou a cara de alguns por baixo dos capacetes, mas nenhum rosto era conhecido ou suspeito.
- Nada, nada mesmo, nenhum rádio, nenhum telefone, nenhum nome. E aí?
Wender estava dentro do camburão parado em frente a um computador. Capitão André entrou atrás dele. Na parte de trás não havia nada, apenas bancos e o computador. Na parte da frente o piloto e outro agente estavam mortos. O Capitão olhou por cima do ombro do holandês e viu ele tentando acessar o computador, mas era necessário uma senha, que infelizmente eles não tinham.
- Agora vamos logo embora daqui! – disse a mãe de Alyssa agarrada na filha.
- Coitado do João! – disse Mauro olhando de longe para o corpo do jovem João Marcos da Souza caído imóvel, com um tiro de Glock calibre #17 no meio da testa, os olhos abertos e arregalados, e uma aparência horrível de zumbi.
- É... Pois, pois... – disse Bruno sem saber bem o que dizer também triste pela perda do amigo.
- Parabéns! – disse Daniel sorrindo.
- Pra quem? – perguntou Andre sério.
- Pra todos nós, por sobrevivermos, principalmente a mãe de Alyssa.
- Pois é, - falou a mulher abraçada na filha. – quando tudo começou, eu vim pra cá, a minha amiga Lúcia morava aqui. Eu vim pra cá por que ela era a única pessoa que eu conhecia na cidade. A Isabela estava lá em Porto Alegre com vocês, e o meu ex-marido mora em Gravataí, então vim para cá. – e voltou a chorar. – mas a Lúcia me disse que o vizinho dela também ficou como todos na cidade, e mordeu a mão dela. Ela começou a... A se coçar toda e ficar meio estranha, até que ela tentou me morder! Eu corri pro andar de cima e entrei no roupeiro, e fiquei lá até vocês aparecerem. Ainda mais com aquelas criaturas andando por aí.
- Heavy Metal!
- Mas como vocês me acharam?
Alyssa simplesmente tirou o bilhete do bolso, o bilhete que mãe dela tinha deixado no apartamento, e entregou a sua mãe.
- Graças a Deus! Agora, vamos embora, por favor! Eu estou com fome e com sede, e acho que vocês também, aliás, vocês precisam de um bom banho e um médico.
- É... – respondeu Mauro franzindo a testa e apontando para a outra esquina. – Por que vem vindo mais zumbis ali...
- Capitão! Vamos! – gritou Bruno.
Wender já tinha tentado várias coisas, RESIDENT EVIL, CAPCOM, T-VÍRUS, DADOS, ENDO OONO, ANGELINA POOL, mas nada funcionava, até que alguém gritou do lado de fora:
- Capitão! Vamos!
E nesta mesma hora o computador mostrou uma mensagem que fez os dois saírem correndo de dentro do camburão: |DENTRO DE 15 SEGUNDOS ESSE VEÍCULO SE AUTODESTRUIRÁ|15|14|13...
Eles saíram correndo e o Capitão André pegou duas metralhadoras no chão.
- Vamos! Rápido!
Eles correram, e da esquina puderam ver uma bola de fogo envolver toda a rua, um forte estrondo balançando os postes de luz, e uma série de curtos circuitos acontecendo em volta deles. Eram os fios de energia da rua entrando em curto por causa da explosão do camburão da Umbrella.
A auto-explosão do camburão provou que a Umbrella é bem preparada contra intrusos no sistema, pois após várias tentativas de senha de Van Der Wender, o camburão explodiu para não dar chances à ninguém de conseguir entrar no sistema. E isso significa que a Umbrella esconde algo.
Eles tinham que ser rápidos até a beira da praia, pois o exército já devia estar na cidade, e se tivessem sorte, iam achar o agente Rodrigo vivo onde o deixaram, e voltar à base.
Mas a descida até a praia levaria pelo menos duas horas e meia se eles conseguissem correr. Enquanto desciam o mais rápido que podiam, e não era muito, o Capitão André lhes lembrou que antes de subirem a favela, Marcos, o coitado do Marcos se comunicou pelo rádio com os outros batalhões para uma reunião em uma sede da FEAU na Bahia, e eles teriam que ir para lá.
Era incrível pensar que eles foram os únicos sobreviventes à missão no Rio de Janeiro. Todo o Batalhão #3 foi eliminado, do Batalhão #2, só sobrou Wender e o agente Rodrigo, que a essa hora com certeza já estava morto também, e do Batalhão #1 foram somente eles seis e o Capitão André. E João, que acabou virando zumbi foi um bom guerreiro, desde a missão pela falsa Dados Corp. Desde aquela falsa missão ele era um bom soldado, ele cuidava da comunicação de rádio da equipe que eles formaram para aquela falsa missão, e no Rio de Janeiro ele agüentou muito mais que muitos agentes da FEAU. E o Capitão André estava se culpando pela morte de João mais do que qualquer um, todos podiam ver isso no rosto dele.
Eles começaram a descer o mais rápido que podiam a favela, o capitão guiando a descida, todos desviando o máximo que dava dos zumbis, o Capitão André e Van Der Wender com as STG-77 dos inimigos em mãos, mas nenhum deles estava em boas condições.
Estavam todos sujos, machucados, com dores por todo corpo, Wender tinha falta de ar, talvez alguma das balas tivesse perfurado seu pulmão ou alguma coisa assim, Bruno novamente tinha quebrado os óculos e nem sabia quando e como foi, o peito de Felipe doía por causa do tiro que tomou no colete, Andre sentia uma forte dor de cabeça, fora o sangue que escorria na sua testa, realmente todos eles estavam ferrados. Quem estava em melhor aparência era a mãe de Alyssa, que estava apenas suja, e com olheiras bem fortes, mas uma cara de fome que dava pra perceber de longe.
Eles tiraram os coldres das armas, os coletes, as lanternas quebradas, as luvas rasgadas, tudo, para poderem andar mais rápido. Eles estavam somente com as calças, as botas, e a camisa do uniforme da FEAU.
Mas eles foram surpreendidos. Antes mesmo que chegassem ao local onde deixaram o agente Rodrigo, viram várias tropas do exército brasileiro chegando por todos os lados. Não que o exército fosse alguma coisa ruim, mas eles precisavam ir para a base na Bahia e participar da reunião! E eles estavam cercados, o exército vinha por todos os lados, verdadeiros soldados com uniformes e capacetes camuflados e armados com as originais metralhadoras FAL do exército do Brasil. Enquanto ainda estavam longe, Wender começou a abrir uma tampa de bueiro com a metralhadora, e o Capitão André disse:
- Vão com eles! Vocês vão ficar bem. A gente vai pegar outro caminho, mas vamos chegar à praia, pegar os helicópteros e ir à base na Bahia, para uma reunião geral – ele falava rápido, os soldados se aproximavam rapidamente, e Wender tentava deixar as STG-77 fora da visão do exército. – depois nós encontraremos vocês. Boa sorte soldados!
E essa foi à última coisa que eles ouviram antes de ver o careca de barbicha e o de cabelo vermelho espetado sumirem no buraco no chão e a tampa fechar. Talvez eles tivessem conseguido sobreviver tudo aquilo não por sorte, mas sim porque o Capitão André estava ao lado deles o tempo todo...
Eles olharam em volta, e estavam salvos! Finalmente tudo acabou, e eles esperavam não ter mais que passar por coisas como as coisas que passaram ali no Rio de Janeiro.
Bruno foi o primeiro a deixar as forças se irem, ele limpou o suor da sua testa cheia de espinhas com as costas da mão, e se jogou no chão. Alyssa, ou Isabela, ficou abraçada na sua mãe enquanto os outros se jogavam no chão como Bruno, todos acabados. Enquanto os soldados iam chegando perto deles eles fecharam os olhos e descansaram, porque a única coisa que tinham a fazer agora era esperar, e tudo ficaria bem, e logo eles estariam em casa olhando televisão, apesar de que eles queriam muito ir junto com os dois para a reunião com todos os batalhões na Bahia.
N N N
A HISTÓRIA NÃO TERMINA AQUI...
LEIA A PARTE 2.

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